CPI da Covid no Senado foi alem após Mandetta citar a China e o nazismo

Mandetta foi habilidoso e usou boa parte do seu tempo na CPI para desferir severas críticas contra o presidente da República Jair Messias Bolsonaro. 

CPI da Covid no Senado foi alem após Mandetta citar a China e o nazismo

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta primeiro convocado a depor ontem (4/05), foi habilidoso e usou boa parte do seu tempo na CPI da Covid do Senado, como se era esperado, para desferir severas críticas, até certo ponto válidas, contra o presidente da República Jair Messias Bolsonaro. 

Ao revelar que deixou registrado na correspondência entre ele e o presidente, de que as orientações e recomendações do Ministério de Saúde, pasta que comandava à época, embora embasadas em especialistas e autoridades da saúde, não foram seguidas nem receberam apoio do governo, soou como alerta do que poderá vir na seqüência da CPI. O documento é uma espécie de salvo-conduto do ex-ministro da Saúde para evitar que o Bolsonaro venha colocá-lo na posição de “cúmplice” ou co-partícipe da estratégia inicial de condução da pandemia. 
 
A oposição está bem orquestrada, isso ficou claro, porém quer demonstrar que Bolsonaro incentivou as pessoas a se expor ao vírus, sob a falsa segurança de que disporiam de uma espécie de “kit milagroso” – o chamado tratamento precoce, à base de tão anunciada cloroquina.  

O ex-ministro citou seu livro, China e fez alusão a reemergência do nazismo  
 
O mais grave é o fato de Mandetta reiterar o que já havia abordado (repicado por várias vezes durante seu depoimento). Em seu livro cita que foi-lhe apresentada, em reunião no Palácio do Planalto, uma proposta de decreto presidencial para alterar a bula da hidroxicloroquina a fim de que o medicamento pudesse ser receitado para tratar a COVID-19.  

No logo depoimento que iniciou por volta do meio-dia e terminou as sete da noite, Mandetta citou que Bolsonaro mantinha um assessoramento paralelo sobre a pandemia.  E foi contundente quando disse que a mesma ideologia de grupos internacionais que patrocinam mundo afora a reemergência do neonazismo e de outros grupos de extrema direita – que propõem a ruptura da ordem democrática institucional e o desmanche do multilateralismo – fundamenta parte do governo de Jair Bolsonaro.  

Chamou atenção quando o ex-ministro acusou o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e os três filhos mais velhos do presidente por terem dificultado as negociações de insumos com a China, dos quais o Brasil era dependente. 

Carlos Bolsonaro foi citado por Mandetta 

O nome do filho ‘02’ do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e vereador do Rio de Janeiro, Caros Bolsonaro (Republicanos), foi citado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. O que pode levar o senador Humberto Costa (PT-PE) que é o único membro titular do PT no colegiado, avaliar um requerimento para convocar o vereador a depor na comissão. A informação foi publicada pela revista Veja.

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Em dado momento o relator da CPI, senador Renan Calheiros, questionou Mandetta sobre uma matéria do El País, de agosto de 2020, que ele fala sobre “um grupo de pessoas que fomentou essa fase da ira, do combate à realidade”. O parlamentar quis saber quais eram as pessoas referidas na reportagem. 

O ministro da Economia Paulo Guedes foi fritado 

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta a não esqueceu de atacar o ministro da Economia, Paulo Guedes. Mandetta disse que Guedes é um "homem pequeno, desonesto intelectualmente" e que não merece estar no cargo. A declaração foi feita após o ex-ministro ser questionado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) sobre uma fala de Guedes de que Mandetta saiu com "R$ 5 bilhões no bolso" e que deveria ter aplicado em vacinas. 

"Quando eu estive na Câmara, o recurso que a Câmara falou 'olha, nós temos aqui que, se for votado, que seria usado pelos parlamentares, nós vamos debater como fazer', e ele falou saiu com 5 bi e não comprou vacina", disse Mandetta. "Esse ministro não soube nem olhar o calendário para falar 'puxa, enquanto ele tava aqui nem vacina sendo comercializada no mundo havia'", completou. 

Madetta foi questionado sobre os hospitais de campanha desativados 

Nem tudo foram flores, é que após o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmar em depoimento na CPI da Covid que recebeu por engano uma mensagem do ministro das Comunicações, Fábio Faria, com um questionamento que acabou sendo feito pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado do Palácio do Planalto, o ministro publicou um vídeo no Twitter em que questionou as orientações de Mandetta enquanto chefe da Saúde. 

Faria citou o mesmo questionamento feito por Nogueira na CPI, sobre a recomendação de que pessoas com sintomas leves da Covid-19 não procurassem hospitais, mas se isolassem em casa. Segundo ele, hospitais de campanha que foram desmontados poderiam ter salvado vidas de pessoas que morreram sem atendimento, e provocou: 'Não vi uma palavra quando desmontaram hospitais de campanha'. 

Por: Roberto Monteiro Pinho/Veja/EBC/em.com/Folha Press/ Imagem: Internet.

Por Jornal da República em 05/05/2021
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