Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que rola na sua região.
Está na pauta da CPI da Covid, uma instigante linha investigatória para saber por que o governo federal recusou, em agosto de 2020, a oferta da Pfizer para compra de um lote de 70 milhões de doses, que seriam entregues em dezembro de 2020. O argumento do governo foi o de que não concordava com as condições estabelecidas pelo laboratório e que a empresa não se responsabilizava por eventuais efeitos colaterais da vacina.
A primeira reunião da comissão está marcada para terça-feira (27/04) e, segundo acordo entre os partidos, Aziz será eleito como presidente do colegiado e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) será o indicado para relator.
Este é um dos temas que devem sob o aspecto da moralidade ser debatido pela CPI que vai investigar "ações e omissões" do governo federal diante da pandemia do coronavírus. Entre os principais temas, estão a aquisição de vacinas, a falta de oxigênio em Manaus, o estímulo a um suposto tratamento precoce sem eficácia comprovada e a interrupção do pagamento do auxílio emergencial no início de 2021.
Mas o que será profundamente investigado (e assim a sociedade espera) é se haverá fatos comprovados de desvio da verba destinada ao combate da crise sanitária, no governo federal e principalmente as que foram destinadas para governadores e prefeitos. E assim colocando no banco dos rés, todos que cometeram crime de corrupção. “Não poderá existir blindagem deste ou aquele político ou dirigente público, com afago de quem quer que seja” - comentou um parlamentar.
Comissão sem senadoras
Causou surpresa o fato de que os grupos partidários não terem indicado senadoras mulheres para as 11 vagas titulares e 7 suplentes da comissão que vai apurar as "ações e omissões" do governo federal diante da pandemia. A ausência de mulheres resulta em dois principais efeitos, segundo as cientistas políticas ouvidas pela BBC News Brasil.
Segundo a ONU, apesar de a taxa de mortalidade da covid-19 ser maior entre os homens, o impacto socioeconômico da pandemia é devastador para as mulheres e para a população negra. As mulheres são maioria na área da saúde (mais de 70% dos trabalhadores desse setor saúde no mundo são mulheres, segundo a OMS), são as mais afetadas pelo aumento da violência doméstica e têm taxas de desemprego mais altas que as dos homens.
Leia também: CPI da covid: o risco do relator Renan Calheiros se tornar uma ameaça à credibilidade das decisões
Pandemia: quem investigará quem em uma CPI acima de qualquer suspeita?
A pandemia também aumentou o abismo na divisão de tarefas não remuneradas no Brasil e em pelo menos outros 16 países. Uma das recomendações feitas pela ONU no ano passado foi à inclusão de mulheres e organizações de mulheres no centro da resposta à covid-19.
Mulheres se destacam no combate a pandemia em seus países
Um artigo recente da colunista Avivah Wittenberg-Cox na revista Forbes as considerou "exemplos de verdadeira liderança". "As mulheres estão se colocando à frente para mostrar ao mundo como gerenciar um caminho confuso para a nossa família humana", escreveu.
Vale registrar lideranças femininas a frente de nações. A primeira-ministra da Islândia, Katrín Jakobsdóttir, iniciou cedo com testes massivamente sua população. Apesar da pequena população, de 360 mil habitantes, a Islândia evitou a complacência: medidas contra a covid-19, como a proibição de reuniões de 20 pessoas ou mais, foram tomadas no final de janeiro, antes mesmo do registro do primeiro caso da doença. Até 20 de abril, nove pessoas haviam morrido da infecção pelo novo coronavírus na Islândia.
Já em Taiwan, que oficialmente faz parte da China, mas, na prática, funciona (ainda) como um país soberano, a presidente Tsai Ing-wen criou imediatamente um centro de controle de epidemias e tomou medidas para rastrear infecções. Taiwan também aumentou a produção de equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras. Até agora, registrou apenas seis mortes entre seus 24 milhões de habitantes.
Enquanto isso, na Nova Zelândia, a primeira-ministra, Jacinda Ardern, adotou uma posição difícil diante da covid-19. Em vez de "achatar a curva" dos casos, como muitos países estavam buscando fazer, a abordagem de Ardern foi mais contundente, para eliminar a curva. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel está sendo apontada na Europa como 'campeã' entre líderes do continente no combate ao coronavírus
Inicialmente, segundo analistas políticos, se a CPI é composta por senadores, essa não é a questão central, no plenário do senado a representação feminina será atuante e a estratégia para reduzir as chances da CPI ser produtiva, com certeza será barrada. Ao discutir os efeitos da pandemia e da ação do governo federal, para as mulheres senadoras, essas em nome das que foram atingidas de forma específica, nas mais diversas esferas saberão responder em prol da sociedade.
Por: Roberto Monteiro Pinho/ONU/BBC News/Senado/Forbes/Imagens:
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!