Crise na UERJ após chegada do Secretário Anderson Moraes pode prejudicar a campanha do Delegado Alexandre Ramagem

Crise na UERJ após chegada do Secretário Anderson Moraes pode prejudicar a campanha do Delegado Alexandre Ramagem

A UERJ - Universidade do Estado do RJ, vem passando por momentos de crise ocasionada por recentes mudanças administrativas que afetaram a concessão de bolsas de estudo.

A Universidade implementou um Ato Executivo de Decisão Administrativa (AEDA), que reduziu o número de beneficiários e o teto de renda para elegibilidade, além de cortar auxílios refeição em campi sem restaurantes universitários e acabou virando um estopim para acender as chamas de um eleitorado jovem de grande concentração da esquerda. 

A revolta dos estudantes nesta quinta-feira (14) teve o ápice da criticidade devido a interrupção do acesso à Universidade com bancos de madeira e outros materiais de bloqueio.

Em junho/2024, o Deputado Bolsonarista Anderson Moraes (PL), foi nomeado Secretário de Ciência e Tecnologia e passa ser "nocivo para o sistema", por ter defendido o fechamento da UERJ.

Por ocasião da posse do Deputado Anderson Moraes como SECTI - Secretário de Estado de Ciência Tecnologia e Inovação, houve indignação de parlamentares e a preocupação de servidores e estudantes da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Em 2021, Anderson Moraes foi autor do Projeto de Lei 4.673/2021, que pedia a extinção da instituição de ensino e a transferência do seu patrimônio e dos alunos para a iniciativa privada: "A Uerj é um dos órgãos estaduais que causa maior impacto no orçamento estadual, concentrando milhões de reais do pagador de imposto numa estrutura pesada e com resultados contestáveis, no qual a proposta em tela, que visa a transferência do Campis à iniciativa privada, com manutenção e/ou expansão da oferta de vagas do ensino superior e garantia de bolsas de estudos para alunos carentes, objetiva trazer maior eficiência ao ensino superior do Estado com redução de despesa, aumento da receita estadual e libertação ideológica de nossos estudantes de nível superior", diz trecho da justificativa do Projeto de Lei do Deputado Anderson Moraes engavetado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Alunos se manifestam em comentários nas redes sociais em repúdio ao Secretário Bolsonarista Anderson Moraes, o que pode prejudicar a campanha do candidato a prefeito Delegado Alexandre Ramagem (PL).

O Jornal pediu ao Ex Reitor da UERJ - Ricardo Lodi, para comentar sobre a crise:

1 - Ultima Hora: Qual sua avaliação sobre a crise na UERJ?

Ricardo Lodi: "Vejo com muita tristeza que a política de permanência estudantil que foi conquistada após anos de luta pela comunidade universitária esteja sendo desmontada pela atual gestão da UERJ. As bolsas e auxílios estudantis são essenciais para a manutenção do estudante em vulnerabilidade social na universidade. A Universidade pública não pode mais ser vista como um lugar pra elite, mas como forma de ascensão social. Vejo que alguns tem uma visão meritocrática para as bolsas estudantis, o que não faz sentido em uma sociedade em que o ponto de partida de cada um é tão diverso".

2 - Ultima Hora: Qual sua avaliação do atual momento da UERJ, com relação a entrada do Secretário Anderson Moraes na SECTI?

Ricardo Lodi: "Estou um pouco mais afastado das questões administrativas da UERJ e sua relação com o Estado, mas, mesmo a distância, não vejo na chegada do novo secretário um indicativo de mudança dessa relação, uma vez que pertence ao mesmo grupo político dos secretários anteriores".

Finalizou, Lodi:
"Na gestão anterior, que assumiu depois da crise financeira de 2016-2019, fizemos um esforço diuturno, com base no diálogo com as várias forças políticas do Estado, seja no executivo, seja no legislativo, para, durante a pandemia, ampliar os recursos disponibilizados para a UERJ, a fim de financiar as justas aspirações da nossa comunidade. Com isso conseguimos mudar a vida de muitas pessoas. Uma pena que o isolamento político mais uma vez esteja levando ao esvaziamento orçamentário da universidade. Mas vejo com esperança a luta dos estudantes para a recuperadora dos direitos perdidos. É isso que pode fazer com que as coisas voltem ao normal".

@fernandoannibolete

Por Jornal da República em 17/08/2024
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