Cultura e suas influências no Consumo ( E eu com isso?)

Por Silvia Blumberg

Cultura e suas influências no Consumo ( E eu com isso?)

Todos os dias assistimos nos noticiários enchentes, mortes, deslizamentos, poluição, doenças …

São muitas notícias sobre o clima e catástrofes provocadas pelo aquecimento global.

Como nos sentimos diante destes eventos? Quem são os responsáveis por tudo isto? 

Para iniciarmos nossa reflexão, vamos precisar revisitar a história, recordar as fases de nossa evolução e observar as transformações culturais através do tempo.

De artesãos, caçadores e produtores de todas as nossas necessidades passamos para fase de agricultores e pouco a pouco fomos fragmentando nossas capacidades de sobreviver e passamos pelas revoluções industriais. 

Segundo os estudos e análises  do professor Norton Paratela  da Escola de Negócios da USO: 

De 1760/1840, começamos a substituir o trabalho agrícola e artesanal pelo assalariado , sendo  necessário incluir máquinas para atender as demandas.

Em 1840 / 1945, tivemos a Segunda Revolução Industrial que  é a base das indústrias atuais. Com a entrada de uma nova era para as empresas.

Durante este período, surgiram as siderurgias, e o aço foi amplamente utilizado, além da utilização dos combustíveis derivados do petróleo.
Também surgiram o motor à explosão, e máquinas elétricas que substituíram as máquinas à base de água e vapor.
Por conseguinte, navios de aço tomaram o lugar de embarcações construídas em madeira. E o mesmo ocorreu com as ponte e viadutos.
Vale destacar, que a malha ferroviária se expandiu e ramificou em diversos países, principalmente nos Estados Unidos.

O avião, a refrigeração mecânica e o telefone também foram inventados nesta época, bem como a produção em massa (linha de produção), a energia elétrica e o acondicionamento de alimentos em latas.

No início do século XX surgiram as linhas de montagem, que se tornaram uma prática padrão até os dias atuais. Técnicas de gerenciamento produtivo foram refinadas. Muitos denominam a  Segunda Revolução a partir de 1860 como a “Revolução Tecnológica”, porém sem sustentabilidade.

Os automóveis dominam em centros urbanos, no transporte particular de pessoas, usado também para transporte de cargas (caminhões), e com isso, a malha rodoviária se expandiu em todo o mundo.

De 1950 /2010, a temos  terceira Revolução Conhecida como a era da eletrônica, essa época foi essencial pela substituição gradual da mecânica analógica pela digital, por microcomputadores e a criação da internet (1969), além do crescimento vertiginoso da digitalização de arquivos e a invenção da robótica.

O século XX foi marcado, entretanto, pela Guerra Fria (conflito entre EUA e URSS), época em que houve avanços na ciência, a partir da viagem do homem à Lua (1969), e na indústria bélica. O capitalismo se consolida como o sistema econômico, com o fim da URSS (1991).

Além da introdução de novas fontes de energia, tais como a energia nuclear, solar, eólica, termal, e desenvolvimento da engenharia genética e biotecnologia. 

Por conseguinte, novos métodos de agricultura foram criados, por meio da produção informatizada.

Os primeiros computadores e o surgimento de dispositivos eletrônicos, como transistores, circuitos integrados, e o controlador lógico programável (PLC) construído pela primeira vez na década de 1960 resultaram na década seguinte numa nova era de automatização.

As inovações da era digital incluíram computadores, fax, celulares e a própria Internet. Era a tecnologia a serviço da automação dos trabalhos individuais e dos processos de fabricação, mas ainda dependente de intervenções humanas.

O conceito  da Quarta Revolução Industrial iniciada em 2011 , está ligado ao modelo empresarial que já tinha como objetivo utilizar todas as tecnologias atualmente disponíveis para gerar conhecimento e produtividade, tendo a ver com a confluência de praticamente todas as tecnologias hoje existentes e que efetivamente estão transformando o mundo de uma forma geral.

A integração de inovações tecnológicas atuais e disruptivas, desenvolvida para um projeto de estratégias do governo alemão foi  lançada  na Feira de Hannover em 2011, contendo a documentação definitiva somente em abril de 2013”.

Nesta viagem no tempo observamos a busca  incessante da sociedade por desenvolvimento tecnológico, as transformações do estilo de vida do homem e nos perguntamos sobre as consequências no consumo de materiais primas e ainda sobre a consciência ambiental da humanidade.

A Com a passagem da produção agrícola e artesanal para assalariada iniciamos a trajetória dos desastres ambientais nos dias de hoje. Para manter as produções industriais as famílias começam a se dispersar , mulheres já haviam iniciado sua saida fora da casa para o trabalho desde os inícios da primeira guerra mundial e todo arranjo familiar começa a se modificar.

As máquinas substituem os trabalhos braçais domésticos e sem preocupação ecológica usufruíam das modernidades provocando poluição, lixo industrial, descartes incorretos e ainda se desenvolve a questão das desigualdades e todas as dificuldades sociais e econômicas que estão se agravando na medida que a  revolução disruptiva acontece e provoca ainda mais problemas no consumo.

Importante ressaltar a Educação vem tentando acompanhar todas as mudanças e que as políticas públicas sentem enormes dificuldades de se igualarem com entidades privadas o que compromete a inclusão e as baixíssimas rendas vão repercutir no consumo e nos descartes.

As pessoas de classes privilegiadas são bombardeadas com propagandas de produtos que se tornam obsoletos em curtos prazos, com alimentos que deterioram a saúde sem nutrir o corpo e ainda com pouquíssima educação ambiental vamos todos na direção de causadores dos desastres ambientais.
Enquanto os animais consomem o estritamente necessário  sem acumular bens os humanos utilizam seus 5 sentidos desenvolvendo novas necessidades, novos interesses e novos produtos que facilitem suas vidas sem considerar os custos ambientais e as diferenças econômicas e sociais.

No começo pelas informações que pudemos coletar éramos  caçadores, mas cada continente tinha suas peculiaridades relacionadas com suas geografias. Os povos com menos recursos naturais se destacaram em invenções se comparados com os demais comtemplados com diversidade de produtos produzidos pela natureza.

Um exemplo é a invenção de embarcações atribuídas aos egípcios.
Pouco a pouco os acumuladores de poderes se interessavam em conquistar mais e mais mesmo que tivessem que invadir, matar e escravizar em nome do “desenvolvimento” e da necessidade de ampliar seus modos de vida e suas culturas.

Para satisfazer os sentidos humanos chegamos nas revoluções  industriais  que prometiam  acesso aos produtos que melhoravam o conforto da sociedade pagando o preço de criar as primeiras grandes concentrações de recursos nas mãos de poucos precarizando o mundo do trabalho, as condições de habitação  , saneamento e ainda democratizando a poluição, a emissão de gases indesejáveis, ampliando a produção de lixo e criando o problema de seus descartes.

Enquanto o mundo animal segue seus ciclos de vidas de forma sustentável a humanidade trilha por opções que ameaçam o planeta. 

A população se  concentra em grandes centros urbanos, onde na maioria não há infraestrutura adequada para oferecer condições mínimas de saúde, saneamento , transporte, segurança … 

Cada um de nós tem seu poder de escolha como consumidor!  Do alimento ao vestuário, calçados, acessórios, móveis , eletrodomésticos… e estas escolhas fazem toda diferença para a saúde ambiental.

Você consome comidas que não nutrem? refrigerantes com concentração altíssima de sódio? Tem consciência de quanto de água potável as  grandes marcas de refrigerantes consomem?

Observa as embalagens dos produtos e repara os materiais reusáveis ou não? E os eletrodomésticos? Escolhe os que consomem menos energia? Os de maior durabilidade? Seus celulares? 

Você tem ideia de quanto de lixo sua família produz?  Você separa resíduos orgânicos dos demais? Consome na praia? Observa embalagens plásticas nas orlas de rios e mares? Suas roupas sabem  sobre suas matérias primas?  quem as produzem? quais são as fibras? Se são duráveis? Recicláveis? Seus acessórios? O metal pode ter poluído rios? São recicláveis? 

Quando escolho alimentos naturais estou beneficiando minha saúde, quando dou preferência de comprar de indústrias com responsabilidade social estou minimizando desigualdades, quando minha opção de deslocamentos uso  transportes públicos ou  bicicletas estou economizando emissão de gases, quando compreendo a catástrofe de plásticos nos oceanos, minimizo seu uso  e/ ou descarto o plástico corretamente  estou contribuindo com a qualidade do ar e com a vida marinha.

Ser cidadão consumidor consciente nos dias de hoje exige muito conhecimento! A Educação Ambiental é estratégica! Deve ser missão de todas as políticas públicas e privadas! 

Temos a chance de votar em representantes que estejam preocupados com as questões climáticas, adquirir produtos e serviços de empresas preocupadas com ambiente: desde a água, tipo de energia, matéria prima  e tudo que envolve as questões ambientais.

O poder de cada um de nós é enorme! Podemos mudar a jornada do nosso planeta! 

Temos tudo haver com isso!

Precisamos pensar nas próximas gerações!

Por Jornal da República em 26/09/2023
Aguarde..