Cultura: Quem importa?

Por Silvia Blumberg

Cultura: Quem importa?

Em cada lugar de acordo  com os recursos naturais, crenças, facilidades ou dificuldades de deslocamento existe um modo de ser, de se comportar, de interagir e de viver.

Por razões que ainda desafiam a ciência encontramos humanos de diferentes cores de pele, de texturas de pelos, de diferentes cores de olhos …

Segundo historiadores, em especial o israelense Hirari a abundância ou a carência de recursos naturais afetaram a cultura comportamental dos povos.
Os que nasceram rodeados de florestas, água, frutas, animais tiveram menos interesse e necessidades de buscar deslocamentos e ou criar mecanismos mais sofisticados de sobrevivência.

Estes dados explicam as culturas mais ou menos coloridas, crenças, danças…

Europeus conseguiram se desenvolver no transporte marítimo e disputaram novas terras através de suas expedições, e assim nos tornamos colônia de Portugal.

Os povos indígenas sofreram inúmeras influências europeias com a invasão de suas terras.

Conquistas e ambição de expandir territórios e absorver riquezas sempre foram pautas dos conquistadores, os quais tiveram oportunidade de desenvolver armas para ampliar suas forças e resistências.

No caso brasileiro, decidiram ampliar a mão de obra para explorar as terras, minérios e todas as preciosidades do país através da captura e escravização de africanos.

Neste contexto histórico de diversidade entram refugiados do holocausto e até os dias hoje recebemos refugiados latinos e africanos, os quais fogem da miséria e opressão.

Somos um caldeirão de diversidade cultural e há décadas temos a missão de minimizar a desigualdade e de modificar todas as injustiças que foram aplicadas nas populações originais e nos descendentes escravizados.
A abolição da escravidão foi cercada de omissões e total falta de planejamento: os escravizados saíram sem rumo ou com quaisquer tipos de reparação.

Os negros e seus descendentes ocuparam   todos os tipos de regiões, em especial as periferias,  onde pudessem recomeçar suas vidas apenas com o que aprenderam nos anos de prisão e trabalhos forçados.
São eles quem nos trouxeram a feijoada, o samba, os batuques e seus rituais fantásticos.

Após anos de crises econômicas, sanitárias, políticas, de saúde e tantas outras o país ainda tem muito a fazer para atender todos os grupos  de diferentes origens e de práticas tão distintas.

As políticas públicas são as ferramentas mais eficazes para combater e oferecer alternativas que minimizem as sequelas de nossa história!
A verdade é que todos e todas importam!

Com os desafios das questões ambientais os desafios se tornam ainda mais complexos.

Precisamos compreender como chegamos até aqui com tanta desigualdade, falta de oportunidades universais e na escalada da violência que é uma pandemia. 

Mais uma vez a Cultura surge como um vetor de transformação, protagonizando as possibilidades de mudanças.

O cuidado dos investimentos públicos precisa passar por critérios científicos de integrar, convergir com demais áreas e apresentar todos os indicadores quantitativos e qualitativos para compensar o esforço da sociedade e facilitar as mudanças tão necessárias para alcançarmos paz e prosperidade.

Toda sociedade precisa participar destes movimentos, quanto mais agilidade em políticas públicas associadas aos apoios das entidades privadas mais ágil e potente serão os resultados.

Por Jornal da República em 30/08/2023
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