Deputado bolsonarista é escolhido relator na CCJ da PEC que impede participação de militares na política

Indicação foi feita por Caroline de Toni (PL-SC), também ligada ao bolsonarismo, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados

Deputado bolsonarista é escolhido relator na CCJ da PEC que impede participação de militares na política

O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), integrante da base bolsonarista, foi designado como relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe a participação de militares na política. A indicação foi feita por Caroline de Toni (PL-SC), também ligada ao bolsonarismo, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. A escolha ocorre poucos dias após a Polícia Federal indiciar 24 militares da ativa e da reserva, incluindo Jair Bolsonaro (PL), no inquérito que investiga a trama golpista culminada nos atos de 8 de janeiro.

A PEC, de autoria da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), foi apresentada em 2021 como reação ao grande número de militares ocupando cargos de destaque durante o governo Bolsonaro. A proposta determina que militares da ativa não poderão ocupar cargos civis na administração pública em qualquer esfera. Para assumirem tais postos, seria necessário o afastamento definitivo da atividade militar.

Enquanto isso, Jair Bolsonaro expressou descontentamento com um ponto específico do relatório da investigação: os depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas que confirmaram ter sido abordados pelo ex-presidente para aderirem a um plano de ruptura institucional. O receio de Bolsonaro é que esses depoimentos prejudiquem sua imagem junto aos militares, uma base importante de apoio para ele, e intensifiquem o distanciamento entre ele e as Forças Armadas.

Nos bastidores, Bolsonaro continua negando envolvimento em negociações golpistas, mas enfrenta dificuldades em sustentar a narrativa de “perseguição política”.

O impacto dos depoimentos de ex-comandantes como Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica) é significativo. Ambos relataram encontros no Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro e Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, discutiram a possibilidade de instaurar um Estado de Defesa ou de Sítio. Esses relatos mencionam a apresentação de uma minuta que detalhava os passos iniciais para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, como a execução de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

A investigação, conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), reforça a tese de articulação golpista e pressiona Bolsonaro, cuja relação com os militares, segundo interlocutores, pode sofrer danos irreversíveis.

Nesta semana, Bolsonaro disse nunca ter tocado no tema com aliados, se disse perseguido por levantar a bandeira conservadora e admitiu a possibilidade de prisão, com base no discurso de “perseguição”.

— Nunca debati golpe com ninguém. Se alguém viesse falar de golpe comigo, eu perguntaria: “E o day after? Como a gente fica perante o mundo?”. A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário. Jamais faria algo fora das quatro linhas da Constituição. Dá pra resolver tudo nas quatro linhas — afirmou ao desembarcar em Brasília após uma temporada em Alagoas.

Com informações de O Globo.  

 

Por Jornal da República em 28/11/2024
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