Derrota na bola, vitória do vírus

Análises do Instituto Adolfo Lutz indicam que ao menos uma nova variante do coronavírus chegou ao Brasil durante a Copa América

Derrota na bola, vitória do vírus

DA REDAÇÃO - Contestada desde o anúncio que seria disputada no Brasil, a Copa América se tornou mais um elemento de disputa política e conflitos do presidente da República Jair Bolsonaro (Sem Partido). O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, garantiu que não haveria riscos de disseminação e contágio porque não teria público nos estádios e todas as medidas preventivas seriam tomadas. No entanto, não foi o que o Instituto Adolfo Lutz constatou.

Criado em 1940 e referência nas áreas de Bromatologia e Química, Biologia Médica e Patologia, além de produzir conhecimentos relevantes para a saúde coletiva, a entidade colheu amostras analisadas de equatorianos e colombianos, e indicam resultado positivo para a variante B. 1.216, até então inédita em território brasileiro. As informações são do Estado de S. Paulo.

As amostras foram colhidas no estado do Mato Grosso, onde as seleções de Equador e Colômbia estiveram hospedadas durante a competição. As duas seleções se enfrentaram na Arena Pantanal em 13 de junho, no jogo de abertura da Copa América. No último relatório divulgado pela Conmebol, em 24 de junho, 166 pessoas relacionadas à Copa América estavam com coronavírus.

A variante B. 1.216 é originária da Colômbia, mas já foi detectada em países como Estados Unidos e Caribe. Diferente da variante Delta, os estudos sobre a B. 1.216 ainda não indicam que essa seja uma variante mais contagiosa ou mais letal que as demais. Após confirmar a identificação da nova variante, o instituto Adolfo Lutz enviou alertas para o governo do Mato Grosso e ao Ministério da Saúde. Durante os jogos, além do Mato Grosso, a seleção da Colômbia teve partidas contra Venezuela, Peru, Brasil, Argentina e Uruguai, disputadas em Goiás, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Já o Equador só saiu do Mato Grosso para enfrentar o Brasil, no Rio. Os equatorianos também jogaram contra Venezuela, Peru e Argentina.

A preocupação com a introdução de mutações do coronavírus foi um dos principais motivos de críticas contra a realização da Copa América no Brasil. Quando a Conmebol oficializou o torneio em solo brasileiro, o país registrava 462.966 mortes por covid-19. Hoje (12), dois dias após o fim da competição, o número de óbitos ultrapassa os 533 mil.

A seleção brasileira terminou a competição sem registrar nenhum caso de covid-19. A final da Copa América entre Brasil e Argentina, no entanto, foi marcada por aglomerações nos portões do estádio do Maracanã e fraudes nos testes PCR apresentados pelos torcedores convidados. Segundo relatório da Conmebol, entre os mais de 4 mil torcedores, foi apresentada uma quantidade considerável de testes com falsos negativos. (Com agências)

Por Jornal da República em 12/07/2021
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