Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que rola na sua região.
Na manhã de hoje, 25 de outubro, agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão no apartamento dele em Brasília. O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) está sendo investigado por desvio de dinheiro público.
A operação foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes. São investigados os crimes de formação de quadrilha, falsificação de documentos e desvio de dinheiro público.
Durante a revista foram encontrados R$72 mil em dinheiro vivo.
De acordo com o inquérito, o deputado e outras pessoas teriam tentado criar um esquema para desviar dinheiro da cota parlamentar.
O plano seria adquirir uma entidade antiga, com pelo menos uma década de funcionamento, e convertê-la em uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP).
Esse tipo de fundação é autorizada a receber verbas governamentais.
Como não conseguiram, os investigados teriam usado documentos falsos para simular o funcionamento de uma instituição desde 2003.
A possível fraude veio à tona quando investigadores da Polícia Federal analisaram a documentação e identificaram que vários dos sócios eram apenas crianças na época.
A PF mandou cerca de 60 policiais para fazer buscas em 19 endereços diferentes, incluindo:
A operação foi chamada de "Discalculia" (nome dado ao problema que algumas pessoas têm para entender números).
De acordo com a sentença, “a Polícia Federal colheu elementos informativos do desvio de recursos públicos para a prática dos atos antidemocráticos, prática levada a efeito conjuntamente com o Deputado Federal Gustavo Gayer Machado de Araújo”.
A investigação atual contra Gayer teria começado por acaso. Ao analisar o celular de João Paulo Cavalcante, preso pelos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília, a polícia encontrou mensagens que indicavam um esquema de desvio de dinheiro público envolvendo o deputado.
Moraes solicitou a busca e apreensão de “armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, bem como de quaisquer outros materiais relacionados”.
Também foi autorizada a busca em todos os cômodos, “incluindo lugares escondidos ou secretos”. Os agentes também obtiveram autorização para revistar carros que estivessem no local, mesmo que não sejam registrados no nome dos investigados.
Além disso, a PF recebeu ordens de registrar todo dinheiro em espécie e objetos de valor encontrados durante as buscas, guardando tudo em um lugar seguro.
Dinheiro teria sido usado em loja do filho de Gayer
Ainda de acordo com a sentença de Moraes, a Polícia Federal descobriu que Gayer teria alugado um espaço na Rua T-38, no Setor Bueno, Brasília, usando dinheiro da Câmara dos Deputados (a chamada cota parlamentar).
Mas, em vez de usar o local apenas para trabalho político, ele teria instalado uma escola de inglês (Gayer Language Institute) e uma loja de roupas chamada Desfazueli, que pertence ao seu filho.
Os funcionários seriam registrados como assessores do deputado, mas estariam atendendo clientes dos dois estabelecimentos.
Associação criminosa suspeita de desviar cota parlamentar
A Polícia Federal divulgou uma nota explicando que o foco da operação seria investigar o desvio de cota parlamentar. De acordo com o texto, o objetivo era “desarticular associação criminosa voltada para desvio de recursos públicos (cota parlamentar), além de falsificação de documentos para criação de Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)”.
O nome “Discalculia” foi escolhido porque se trata de um transtorno de aprendizagem relacionado a números.
Seria uma forma de ironizar o fato de que na Ata de Assembleia da constituição da OSCIP, havia uma data retroativa (ano de 2003). Porém, o quadro social à época seria formado por crianças de 1 a 9 anos.
Gustavo Gayer diz que é inocente
Ainda na manhã de hoje, o deputado afirmou que a operação aconteceu por ordens do ministro Alexandre de Moraes e é sigilosa.
Na publicação, ele mostrou um documento que lhe foi entregue durante a busca.
“Não consigo saber o por que recebi busca e apreensão. Vieram na minha casa, levaram meu celular, meu HD, meu SD”.
O parlamentar alega que o objetivo é prejudicar o segundo turno das eleições municipais, marcadas para domingo, 27 de outubro. Para ele, trata-se de uma tentativa de prejudicar Fred Rodrigues, candidato à prefeitura de Goiânia apoiado pelo deputado.
“Esse é o Brasil que a gente tá vivendo agora, é surreal o que estamos vivendo. Onde isso vai parar? Vieram à minha casa, levaram meu celular, HD. Essa democracia relativa está custando caro para o nosso país. Eu não sei por que estou sofrendo busca e apreensão, numa sexta-feira, dois dias antes das eleições, claramente tentando prejudicar o meu candidato Fred Rodrigues”, reclamou Gayer, no vídeo.
Ele também criticou a ação dos agentes, se dizendo decepcionado com a corporação.
“Eu falei para a PF que estava aqui: ‘Não estou acreditando que essa corporação que a gente tanto admirou, que a gente tanto tentou proteger, hoje viraram jagunços de um ditador’. Sinceramente, esse é o momento que a gente começa a perder a esperança mesmo”, completou.
Veja o vídeo.
Qual a diferença entre ONG e OSCIP
OSCIP é uma espécie de "selo especial" que o governo dá para Organizações Não Governamentais (ONGs).
Com ele, a organização pode receber dinheiro público e fazer parcerias com o governo. É como se fosse um certificado de confiança que permite à organização trabalhar junto com prefeituras, estados e governo federal.
Empresas que doam dinheiro para OSCIPs também ganham um desconto nos impostos que precisam pagar.
A principal diferença entre elas e uma ONG tradicional é bem simples:
A investigação continua em andamento e a Polícia Federal ainda analisa os documentos e equipamentos apreendidos.
O deputado Gustavo Gayer pode responder pelos crimes de formação de quadrilha, falsificação de documentos e desvio de dinheiro público, caso as suspeitas sejam confirmadas.
No entanto, o parlamentar nega as acusações e afirma que se trata de perseguição do ministro Alexandre de Moraes.
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!