Desigualdade Social e Política de Benefícios no Brasil

Por Carlos Arouck

Desigualdade Social e Política de Benefícios no Brasil

A desigualdade social no Brasil é uma questão enraizada em nossa história, e tem se intensificado nas últimas décadas, principalmente nos últimos dois anos.

As decisões políticas que privilegiam uma minoria em detrimento da vasta maioria da população têm contribuído para esse cenário alarmante. Recentemente, uma onda de austeridade fiscal imposta pelo governo resultou em cortes drásticos nos benefícios sociais, que são cruciais para os trabalhadores de baixa renda e aqueles que dependem dos auxílios sociais. Por outro lado, os privilégios da elite do funcionalismo público permanecem intactos, o que ressalta uma injustiça  que apenas aprofunda as disparidades sociais e mina a confiança da população no governo.

No atual contexto político, o Congresso Nacional tem promovido uma série de políticas de austeridade que afetam diretamente os mais vulneráveis. A redução do auxílio emergencial e a diminuição de subsídios para necessidades básicas são exemplos claros dessa abordagem que ignora o clamor da população em situação de vulnerabilidade. 

Tais medidas de austeridade não são aplicadas aos altos salários do funcionalismo público, que em alguns casos ultrapassam os R$ 100 mil mensais. Essa disparidade no tratamento dado a diferentes classes sociais expõe um desequilíbrio na alocação dos recursos públicos, revelando a influência desproporcional que as elites exercem no processo decisório. Inclusive contra a reforma administrativa necessária para o ajuste fiscal, discutida há tempos, mas que não é posta em prática. 

As consequências dessas políticas são devastadoras. O corte nos benefícios sociais não apenas exacerba a desigualdade, mas também diminui o poder de compra das classes menos favorecidas, ao mesmo tempo em que intensifica a concentração de renda em uma minoria. Atualmente, milhões de brasileiros enfrentam a pobreza extrema, sem acesso a alimentação básica, moradia digna ou cuidados com a saúde. O descontentamento popular aumenta na medida em que decisões que protegem os privilégios de poucos reforçam a percepção de um sistema político que é, em essência, injusto e desconectado das necessidades da maioria.

Do ponto de vista econômico, as escolhas políticas que estão sendo adotadas geram consequências negativas para o futuro do país. A exclusão de uma parte significativa da população do mercado de consumo básico impede um crescimento sustentável, estabelecendo um ciclo vicioso de estagnação econômica aliado ao aumento da carga tributária. A má distribuição de renda limita os investimentos em setores estratégicos, como educação e infraestrutura, que são fundamentais na luta contra a desigualdade e para a promoção de um desenvolvimento mais equitativo.

É que imperativo que movimentos por mudanças estruturais sejam priorizados, a fim de promover maior justiça social e eficiência econômica. A reavaliação dos altos salários do funcionalismo público deve ser uma das medidas centrais nesta agenda, visando a construção de um Brasil mais justo para todos.

 

Por Jornal da República em 21/12/2024
Aguarde..