É possível entrosar esse meio de campo?

Luiz Fux, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), é o anfitrião do encontro desta quarta-feira com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Jair Bolsonaro (sem partido) que tenta ajustar os poderes em eterno conflito desde a eleição de 2018

DA REDAÇÃO - O encontro nesta quarta-feira pela manhã entre os chefes dos Três Poderes, resultado da reunião entre Fux e Bolsonaro na véspera, promete disputar os holofotes com o início do depoimento da diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, remarcado para quarta-feira após um dia conturbado na CPI.

Entre os quatro jogadores desse ‘meio de campo’, Bolsonaro e Lira são os que vivem momentos mais desfavoráveis. Já Rodrigo Pacheco, após a coletiva onde rebateu com firmeza, mas sem perder a ternura a nota ameaçadora e golpista do Ministério da Defesa contra a CPI, já está alçado à condição de presidenciável na velocidade que caracteriza os ‘tempos líquidos’ que vivemos.
E Fux? Fux é Fux, ‘You Trust?’ Ora ele se reúne com os militares para afinar o discurso conspirador de que a eleição do ex-presidente Lula causaria instabilidade ao país; ora chama Jair Bolsonaro para conter sua eterna sanha autoritária e também golpista.
A diferença é de forma e timing.

Enquanto Lira foi “delatado” no Roda Viva pela própria apresentadora, Vera Magalhães, que para pressionar Luis Miranda a falar qual parlamentar do Centrão tinha ameaçado Pazuello e acabou revelando que os próprios senadores da CPI confidenciaram a ela que era Arthur Lira, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez demonstra que de bobo não tem nada.

A repentina mudança de postura do chefe do executivo, que vinha demonstrando cada vez mais descolamento dos protocolos e liturgia do cargo, está sendo encarada por analistas como uma 'mudança' apenas para viabilizar André Mendonça, 'seu ministro terrivelmente evangélico' para a vaga de Marco Aurélio de Mello no STF.

Como essa tática de se fazer de ‘enquadrado’ para retornar com mais voracidade ao belicismo tradicional já é conhecida, ninguém no meio político está acreditando numa mudança de postura de Jair Bolsonaro, cada vez mais rejeitado pela população.

Nem analistas ou políticos, principalmente os de posição acreditam, mas Fux, ao sair da reunião de ontem acreditou.

“O presidente entendeu... e ao final nós combinamos uma reunião entre os três Poderes para nós fixarmos balizas sólidas para a democracia brasileira tendo em vista a estabilidade do nosso regime político", revelou o cabeça-de-área do time esperançoso que o ‘ponta-de-lança’ desse meio-campo vá se entrosar e passar a jogar para o time.

Há controvérsias ou, para permanecer na seara do futebol, ‘falta combinar com os Russos’, mas no caso em questão, com o ‘Cavalão’.