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Não durou nem 10 minutos a promessa do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, feita aos senadores da Comissão de Constituição e Justiça de que seria um defensor do Estado Laico e não um militante evangélico.
A frase “Na vida, a Bíblia; no STF, a Constituição” ficou na fluidez dos pixels imediatistas dos sites e aparecerá vagamente nas retículas dos jornais impressos do dia seguinte como uma notícia ainda mais velha e sem relevância.
Terrivelmente evangélico em seu primeiro discurso/pregação após a nomeação para a Corte Suprema, logo na saída da Comissão de Constituição e Justiça, Mendonça debutou de mãos dadas com parlamentares da Frente Evangélica em caminhada efusiva até o púlpito onde os parlamentares concedem entrevistas.
Postura religiosa mil, postura de magistrado zero.
Antes de começar seu discurso/pregação, o ministro que agora integra a Corte que é a guardiã dos Direitos Humanos do Brasil, disse na CCJ que “a democracia no Brasil veio sem derramamento de sangue” e foi imediatamente contestado pelo senador Fabiano Contarato (REDE-ES). Mantendo a “coerência bolsonarista”, o novo ministro do STF se desculpou dizendo que sua frase fora mal interpretada, que respeitava as famílias dos assassinados pela ditadura militar com um ar tão artificial quanto seu novo visual que revelava um implante capilar.
Mendonça também fez um malabarismo retórico quando questionado pelo mesmo Contarato sobre se era favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e novamente a artificialidade se sobressaiu embora tenha tentado passar convicção.
Em seu discurso propriamente dito André, o Terrível, citou Deus 7 vezes, evangélico 6 e bíblia apenas uma. Estado Laico, democracia e Constituição naturalmente não fizeram parte da sua fala porque não fazem parte do ideário de uma pessoa que extrapola suas convicções religiosas para todas as esferas da vida como ele próprio já deixou claro quando afirmou ver o Brasil como um "celeiro do povo evangélico no mundo" e entende que o país está em "um processo de conversão" no qual essa corrente religiosa será majoritária em dez anos.
Postura religiosa mil, postura de magistrado zero.
Além de ser o segundo ministro nomeado pelo presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro para a Suprema Corte, Mendonça tem em comum com Kassio Nunes Marques a artificialidade do implante capilar e a extrema dificuldade de ser independente do controle do ‘mito’, que é igualmente artificial, mesmo ocupando um cargo vitalício.
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