Eleição de 2024 leva partidos da base do governo a se colocarem em campos opostos

Eleição de 2024 leva partidos da base do governo a se colocarem em campos opostos

Disputa por filiações para concorrer à eleição de 2024 leva partidos da base do governo a se colocarem em campos opostos

 

Além das disputas entre candidatos da base do governo Lula, a articulação para as eleições municipais de 2024 opõe lideranças partidárias aliadas ao Palácio do Planalto que concorrem pela filiação de prefeitos e possíveis candidatos. A briga para abrigar nomes vistos com potencial eleitoral é mais um foco de tensão na coalizão de 13 siglas que apoiam o governo.

Especialistas consideram que o PT, ao tentar ampliar sua base de prefeitos a reboque da volta do partido à Presidência da República, pode ter conflitos com interesses locais de aliados, com risco de eventuais fissuras na base governista. As divergências arrastam lideranças do Congresso Nacional e titulares da Esplanada dos Ministérios.

Em Cuiabá há uma queda de braço entre o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e a cúpula local do PT, que deseja lançar um petista à sucessão municipal. Pinheiro mostra preferência pelo seu vice, José Roberto Stopa (PV), que depende de um aval do PT para concorrer, já que ambos os partidos formam uma federação. Para driblar a situação, Pinheiro avalia filiar Stopa ao MDB.

A rixa na capital de Mato Grosso também envolve o PSD, do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e o PP, do secretário de Política Agrícola, Neri Geller. As duas siglas trabalham pela filiação do presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, que hoje integra outro partido da base, o União Brasil. Botelho deve se lançar à prefeitura e também pode atrair o apoio de Pinheiro, rival do governador Mauro Mendes (União).

As filiações de candidatos a prefeituras podem ocorrer até abril do ano que vem, o que prolonga a briga entre partidos.

Fora das capitais, em cidades com mais de 200 mil eleitores, legendas da base de Lula também lutam por potenciais candidatos e cabos eleitorais de peso. Por estarem aptos a realizar segundo turno, o que traz maior visibilidade às disputas, esses municípios também são cobiçados pelos partidos.

Em Paulista, na região metropolitana do Recife, o atual prefeito Yves Ribeiro deixou o MDB e se filiou na semana passada ao PT. Um dos articuladores da filiação, o deputado federal Carlos Veras (PT) afirma que a associação direta a Lula foi um dos argumentos levados ao prefeito, em cuja cidade o atual presidente teve quase 60% dos votos em 2022.

— Sem dúvida o PT traz solidez à candidatura do prefeito Yves à reeleição. Também é importante porque há uma disputa na base, já que nosso possível adversário é o ex-prefeito Júnior Matuto, hoje no PSB — avaliou Veras.

Em Olinda, outro município no entorno do Recife, a queda de braço na base opõe o Solidariedade, da ex-deputada federal Marília Arraes, e o PSD, partido do titular do Ministério da Pesca, André de Paula. A sigla do ministro filiou em setembro o atual prefeito Lupércio Rodrigues, que deixou o Solidariedade. Marília, por sua vez, agora avalia disputar a prefeitura contra o candidato do PSD.

As disputas por filiações também opõem outras siglas da coalizão do presidente Lula, como o União Brasil, que aumentaram sua base de prefeitos em 2020 e buscam manter o ritmo de adesões. Em Campina Grande, segundo maior município da Paraíba, o União filiou o prefeito Bruno Cunha Lima, ex-PSD. A ação foi articulada pelo senador Efraim Filho (União), que rivaliza com a também senadora Daniela Ribeiro (PSD).

— Seremos um porto seguro para Bruno disputar as eleições, dando mais tranquilidade a ele do ponto de vista político — disse Efraim.

Com informações de O Globo.

Por Jornal da República em 25/12/2023
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