Eleita vereadora mais jovem do país, filha de deputado estadual Thiago Rangel alvo de operação da PF, declara em rádio de Campos que já é candidata a presidente da Câmara Municipal

Afirmação não caiu bem e viralizou entre Campistas

Eleita vereadora mais jovem do país, filha de deputado estadual Thiago Rangel alvo de operação da PF, declara em rádio de Campos que já é candidata a presidente da Câmara Municipal

Experiencia de vida e profissional são fundamentais para certas funções, mas ainda públicas, pois interferem diretamente na vida dos cidadãos. Ao permitir a legislação eleitoral que pessoas jovens demais se candidatem a cargos eletivos, traz como consequência no mínimo esse episódio. 

Totalmente desconhecida até a pouco tempo pelos campistas, sem ter terminado o ensino médio e só completando 18 anos de vida próximo a sua diplomação, a vereadora eleita mais jovem do país com votação expressiva Thamires Rangel já mostra suposta incapacidade em exercer o cargo, conforme demostrou no mínimo consistente despreparo em entrevista concedida à rádio Band FM.

Com frases genéricas prontas e de efeito aparentando serem artificiais, utilizando-se repetidamente do pronome “eu” de forma nada humilde e se esquecendo que é representante eleita pelo povo, acabou gerando revolta em muitos cidadãos que tornaram a situação o assunto do dia em conversas informais, e também de internautas em redes sociais, aos quais teceram duras críticas a menina, ainda uma adolescente, e ainda muitos levantaram suspeitas de forma explicita de compra de votos, conforme comentários publicados nos canais.

Questionamentos tais como “será que ela sabe a função de um presidente da Câmara” e “Será que ela seguirá os passos do pai”, foram alguns dos postados. Dúvidas sobre a sua capacidade de legislar também não foram esquecidas. Arrogante foi um dos adjetivos endereçados para a jovem por alguns.

A função de um vereador não é simples; além de legislar, deve fiscalizar efetivamente o executivo, e para tanto, deve-se também conhecer o funcionamento do sistema, bem como ter noção bem relativa de conhecimentos gerais. E a experiência de vida é necessária para entendimento das situações complexas que serão apresentadas.

Um presidente de Câmara, mesmo com assessores experientes, deve ter amplo conhecimento do regimento interno para poder conduzir sessões e atuar corretamente em todos os aspectos exigidos, que, além disso, o cargo possui muito mais responsabilidades do que qualquer outro na casa. 

Sem qualquer experiência no legislativo e no executivo, desconhece-se até se a vereadora eleita acompanhou diretamente e anteriormente a sua candidatura a atuação de seu pai no legislativo - não havendo nenhum registro disso. Também ele praticamente novato em cargos eletivos, tendo sido eleito em 2020 para vereador em Campos, e posteriormente em 2022 para deputado estadual, embora antes havia assumido cargos na administração pública por indicação política, mesmo sem qualificação necessária, até 10 anos atrás era motorista profissional conforme registros. 

Somando-se a isso tudo, seu pai e deputado estadual Thiago Rangel é agora o principal alvo da operação “Poços de Midas” da Polícia e Receita Federal, também do MPRJ encabeçada pelo GAECO, devido a inúmeros indícios de corrupção em desvios de dinheiro público enquanto vereador em Campos dos Goytacazes, tornando-se milionário nos últimos anos logo após assumir o cargo de vereador, transformando-se em dono de mais de 30 empresa tempos após ser empossado deputado, sendo 18 postos de gasolina onde é também acusado de lavagem de dinheiro. 

Buscas e apreensões ocorreram em suas empresas e em endereços ligados ao deputado, como também no seu gabinete na Alerj. Mandados similares foram cumpridos também contra pessoas ligadas ao mesmo. Tal operação foi amplamente divulgada pela imprensa nacional, estampando a foto de Thiago em todas as matérias, que algumas delas não se esqueceram de Thamires, correlacionando os fatos. 

Além disso, Rangel propôs recentemente conceder a maior horaria do legislativo estadual – a Medalha Tiradentes, para o controverso candidato derrotado a prefeito de SP e ex-coach Pablo Marçal, que além de ter sido condenado por fraudar velhinhos, acusado de homicídio culposo e colocar a vida de pessoas em risco, é investigado também por lavagem de dinheiro, e agora enfrenta acusações de faiscações de laudos médicos.

O mais estranho nessa indicação é que Thiago seria o presidente do diretório estadual do PRTB em acordo feito com o atual presidente nacional Leonardo Avalanche e encabeçado pela ex-primeira vice-presidente Rachel de Carvalho, motivo pelo qual ingressou no partido em outubro de 2023; no entanto, Avalanche logo que empossado descumpriu com Rachel, que não pode então cumprir com Thiago, que por fim acabou saindo do partido e indo para o PMB em março deste ano. Avalanche é o maior fiador de Marçal e enfrenta acusações que vão desde parceria com o PCC, estelionato até ameaças de morte, tendo nesta data a PF de SP aberto novo inquérito contra o mesmo.

Se não bastasse isso tudo, hoje, a inexperiente Thamires, mesmo mal esfriadas as urnas, resolve publicamente se candidatar a presidente da Câmara. Começou muito, muito mal; certos degraus não podem ser pulados. E ainda muitas águas poderão rolar, visto que houve pedido de prisão requerido pelo MP - mas não deferido pelo judiciário contra o pai deputado, porém, com a grande busca e apreensão realizada, muitas novas situações poderão vir à tona, principalmente pelo agora enfraquecimento político do deputado.

Com todas essas situações, não há como não criticar a legislação eleitoral nesse quesito, necessitando urgentemente de modificações para que situações como essa não se repitam. Um vereador é um legítimo representante do povo, entretanto, deve ter o mínimo de qualificação para tanto e para corresponder ao cargo. Senão, quem perde e muito é a população.

Por Atila Meyers

 

 

 

Por Jornal da República em 16/10/2024
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