Em mais um inquérito, Gabriel Monteiro diz que assessores mentiram sobre vídeo forjado

Em mais um inquérito, Gabriel Monteiro diz que assessores mentiram sobre vídeo forjado

Durou cerca de duas horas o depoimento do vereador do Rio, youtuber e ex-PM Gabriel Monteiro (PL) no inquérito da 29ª DP (Madureira) que apura uma suspeita de fraude processual. Na saída, o político afirmou que futuramente o Ministério Público e a Polícia Civil vão mostrar que os assessores que o acusam de forjar um confronto mentiram. O parlamentar se recusou a comentar a nova denúncia do Ministério Público do estado sobre um vídeo em que ele aparece acariciando uma menina de 10 anos.

— Fica evidenciado através do meu depoimento e das provas que nós trouxemos aqui a clara confusão e mentira dessas pessoas que alegaram que o atentado que eu sofri e que várias outras pessoas sofreram foi algo 'fake' e mentiroso. A própria PM trocou tiros, diversos policiais do 9º BPM. Também é bem claro que o veículo que foi atingido não foi na minha casa, não foi posteriormente ao fato — disse Monteiro, que em seguida foi embora cercado de seguranças.
 

— Aqui, as provas já estão com o delegado e vocês vão poder ver futuramente o resultado disso — finalizou o político, que em seguida foi para a Câmara de Vereadores do Rio, no Centro.
Após a saída do político, um ex-assessor do vereador chegou ao local. O prestador de serviços Renato Nascimento, de 28 anos, disse que estava em uma outra parte da comunidade e que “só houve tiroteio quando a polícia chegou”. Nascimento afirmou que não estava no carro que foi alvejado.

 

— Todos nós estávamos indo embora quando o tiroteio começou. A Polícia Militar chegou cerca de 40 minutos. Na hora de ir embora que fomos surpreendidos por meliantes armados. No entanto, por parte da nossa equipe não teve disparo nenhum — disse o ex-assessor, que prestou depoimento ao lado do advogado de Gabriel Monteiro.
Na última semana, dois assessores do parlamentar foram a distrital e afirmaram que o político forjou um atentado contra ele e sua equipe, em Quintino, na Zona Norte da cidade, no ano passado. No inquérito inicial, a polícia apurava as tentativas de homicídio contra Monteiro e sua equipe.

 

Além de Monteiro, outras cinco pessoas, todas assessoras do vereador, foram intimadas a prestar depoimento. Entre elas, seu chefe de gabinete, Rick Dantas.
 

— Falo com vocês na saída — disse Monteiro.
Segundo a 29ª DP, mais de 25 pessoas já foram ouvidas no inquérito que apura a tentativa de homicídio contra Monteiro e sua equipe. A investigação foi para o Ministério Público do Rio, mas voltou porque os investigadores pediram mais prazo. O caso está sob a responsabilidade da promotora Renata Pereira de Souza da Graça Mello, da 1ª Promotoria de Justiça e Investigação Penal Territorial da Área de Madureira e Jacarepaguá. Assessores de Monteiro já haviam falado, na semana passada, sobre o atentado.

 

Segundo Coutinho, Gabriel Monteiro teria lhe dito que era para “deixar quieto”, que ele “iria resolver tudo”.
— Prestei depoimento e fui embora. Deixei o carro com ele e, no dia seguinte, o carro foi para uma perícia na Abolição. Não sei o que ele fez. O meu carro, logo em seguida, apareceu com a perfuração — relata. — Não era um tiro de fuzil. Só denuncio agora porque a gente tinha receio de sair daquela bolha e ser prejudicado. Eu temia que ele fizesse algo contra mim e minha família.


Além de Robson Coutinho, o ex-assessor Heitor Monteiro também foi à 29ª DP para mudar a versão apresentada no dia do fato.
 

— Não tinha tiro. Eu posso afirmar. Ele pediu para a gente falar que teve tiros — disse o ex-assessor que também acusa Monteiro de assédio sexual.
 

Com base no depoimento dos dois, a polícia vai investigar se a versão é compatível e se o vereador mentiu. Como as duas testemunhas voltaram à delegacia para mudar a versão, elas não serão indiciadas. O vereador deverá ser chamado a depor mais uma vez. Além de prestar esclarecimentos novamente, o carro do assessor de Gabriel poderá passar por uma nova perícia.
 

Um laudo pericial no carro feito no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), com assinatura do perito criminal Filipe Guimarães Teixeira, datado do dia 2 de agosto de 2021, a que EXTRA teve acesso, afirma que foram constatados “dois impactos de projétil de arma de fogo (IPAFs) no setor lateral direito do veículo, mais especificamente na porta de passageiros, tangenciais, sem apresentar penetração do anteparo”.
 

Sandro Figueiredo, advogado do vereador, nega as acusações e afirma que seu cliente "jamais utilizou de conduta ilícita e que todas suas atitudes são pautadas na mais extrema legalidade”.
 

Por Jornal da República em 12/04/2022
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