Entrevista com André Ceciliano: “Temos que buscar o que nos une e não o que nos separa. O Rio nos une”

Presidente da Alerj se apresentará pela primeira vez como pré-candidato ao Senado em evento que o PT fará neste sábado

Entrevista com André Ceciliano: “Temos que buscar o que nos une e não o que nos separa. O Rio nos une”

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"Com Lula Presidente e André Ceciliano Senador, dia 30 de abril é o momento de estarmos juntos na Via Show para mostramos nossa força"
 

Reconhecido por sua capacidade de diálogo com todas as correntes políticas do Estado, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), deputado André Ceciliano, 54 anos, se apresentará pela primeira vez como pré-candidato ao Senado no evento que o PT fará neste sábado, dia 30, batizado como “Defesa do Rio”, numa casa de festas em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

A festa promete reunir uma grande quantidade de prefeitos, vereadores, deputados federais e estaduais, de diferentes linhas ideológicas.

Nessa entrevista, André lamenta o que chamou de “extremismo que vivemos hoje na política”, que dificulta o diálogo, mas defende que os interesses do Estado devem estar acima de ideologias. “Se a gente não se unir pelo Rio, ninguém fará isso por nós”, diz.

O senhor é considerado moderado demais por parte da esquerda e esquerdista demais por parte da direita. Como pensa, afinal, André Ceciliano?
Sou uma pessoa que dialoga com todos, mas que não abre mão das convicções democráticas. Como presidente, dou espaço a todos, mas jamais vou pautar um projeto que prevê a extinção da UERJ ou das cotas, por exemplo.

A Alerj avançou em temas importantes, como a Escola Sem Mordaça, mesmo tendo uma extrema direita barulhenta e numerosa. Eu dialogo com o governador e todos os poderes porquê dessa harmonia depende a governabilidade. Quando os poderes brigam, quem sofre é o povo.

É possível dialogar em uma era de radicalismos como a que vivemos?
Há questões inegociáveis: o estado democrático de direito, a defesa das minorias, o meio ambiente, a proteção aos mais vulneráveis. Essa “uberização”, por exemplo, me preocupa. São trabalhadores sem qualquer direito, que não podem adoecer, tirar férias, nada. É a escravidão moderna.

O presidente Lula tem um olhar sensível à essa situação e eu espero poder ajudar. Tenho quatro mandatos como deputado estadual, fui duas vezes prefeito e estou há cinco anos presidente da Alerj, uma experiência que me credencia a ser senador.

O senhor assumiu uma Alerj conflagrada em 2016, em meio à maior crise política e econômica da história do Rio de Janeiro. Qual balanço daquele período?

Foi como pegar o leme de um barco desgovernado em plena tempestade. Eu era o segundo vice-presidente da mesa diretora da Alerj e quando assumi, como interino, a presidência, em 2017, o Rio estava falido, com salários de servidores e aposentados atrasados; a polícia sem dinheiro nem para colocar gasolina nas viaturas; o Palácio Tiradentes protegido por grades e nós votando medidas duras, enquanto ouvia barulho de bombas de efeito moral vindo do lado de fora. Conduzi votações difíceis, às vezes votando contra a orientação do meu próprio partido, mas sem aquelas medidas o Rio não teria ingressado no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e o caos teria se instalado de vez. Fui um timoneiro na crise que conseguiu atracar o barco em segurança.

O Rio saiu da crise?

Não podemos nos iludir em relação a isso. O fato de estar com o pagamento das suas dívidas suspensas pela RRF, a arrecadação de royalties estar em alta por causa do valor do barril do petróleo e ter entrado um bom dinheiro resultante da concessão da Cedae não significa que está tudo bem, e sim que temos que planejar o futuro para que a gente não viva de novo 2016, quando o barril de petróleo caiu de U$ 100 para U$ 26 e o Rio mergulhou na crise. Temos que aproveitar essa janela de oportunidade para planejar o Rio que queremos. Daí eu ter proposto a criação do Fundo Soberano, que já nasce com R$ 2.1bi:para que o Estado possa co-financiar projetos âncoras, que sejam um passaporte para o futuro, como o gasoduto da Rota 4B, por exemplo.

O que é a rota 4B ?

Hoje por falta de gasodutos, as petroleiras reinjetam no fundo mar 53% de todo o gás que produzem. Olha que desperdício! A Rota 4B, cujo projeto está pronto há anos, vai pegar o gás da Bacia de Santos, e o levar pra terra, passando por Itaguaí, toda a Baixada. Isso vai atrair novas indústrias, porque onde tem gás, tem indústria, e onde tem indústria tem emprego e arrecadação. O Rio precisa diversificar a sua base produtiva porque somos muito dependentes do petróleo. O Porto do Açu, por exemplo, será estratégico quando criarmos no Rio uma base industrial de fertilizantes hidrogenados, que têm o gás como principal matéria prima e é um insumo que temos de sobra no Norte Fluminense.

O Estado não é rico?

Temos um problema crônico de receita. Embora sejamos o 2º PIB, estamos em 13º em arrecadação de ICMS per capta. Somos o maior produtor de petróleo, mas não podemos cobrar ICMS na produção porque a Constituição determinou que essa exceção: petróleo e derivados são cobrados no estado consumidor, não no produtor. Nos sobraram os royalties, mas desde 2012 estamos sob a ameaça de dividi-los com 5.550 municípios, desde que o Congresso aprovou uma lei nesse sentido. Mas temos como reverter isso.

Como?

Com união. Rediscutindo o pacto federativo. O Brasil todo acha que o Rio é um playboy gastador. Ignoram que, em 2020, o Rio gerou R$146 bilhões de impostos federais e recebeu de volta menos de um quarto disso, R$ 36 bilhões. Temos que nos unir pelo Rio. Ninguém fará isso por nós.

Fonte: jornalterceiravia.com.br

Por Jornal da República em 27/04/2022
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