Entrevista com :Pablo Marçal "Sou a única via para destravar o Brasil"

Entrevista com :Pablo Marçal

Morador de Alphaville, multiempresário afirmou que terceira via foi abortada e destacou modelo de desenvolvimento de cidades como Barueri e Osasco

Por Vanessa Dainesi Fonte: Giro S/A
Pablo Marçal será candidato a presidente pelo Pros (Marcelo Collim/Giro S/A)

O morador de Alphaville e multiempresário, Pablo Marçal (Pros), oficializou no domingo, 1º de maio, sua pré-candidatura a presidente da República, na eleição de outubro. O anúncio ocorreu durante o evento "Destravar da Nação", que reuniu 20 mil pessoas no estádio Arena de Barueri.

Em entrevista coletiva, Pablo Marçal foi enfático em dizer que não representa a terceira via. "Sei que não vou agradar muita gente, e que vamos apanhar bastante, mas não somos a terceira via.

Ela [terceira via] mandou um recado de que não existe. É muito difícil em um cenário político os partidos terem unidade. Se alguém está na esperança, quero dizer que ela foi abortada, naufragou", destacou completando que não existe outra via alternativa para governar o País. "Sou a única via que pode destravar o Brasil", garante.

Ao ser questionado sobre os investimentos em Educação, o empresário garantiu que o problema é estrutural, mas que tem solução. "Hoje uma criança custa mais de mil reais para os cofres públicos e existem boas escolas que você paga R$ 500 na educação infantil. Então, a gente gasta muito em um sistema que é inepto.

Precisamos mudar muita coisa, mas será aos poucos, pois é como se fosse uma casa, não dá para reformar tudo com a gente dentro, tem que ser aos poucos, primeiro faz o telhado, depois segue para um cômodo. Mas, o problema da educação é estrutural, a gente tem que parar de educar as pessoas para serem apenas trabalhadores, mas tem educar para serem investidoras, empreendedoras, trabalhadoras ou o que elas quiserem inclusive.

Sobre os investimentos em Saúde, o empresário ressaltou que pretende criar um verdadeiro Ministério da Saúde, pois o atual gasta para cuidar de doenças. "Quando for eleito vou criar o verdadeiro Ministério da Saúde. Hoje, gastam muito para cuidar apenas da doença. Nós precisamos incentivar as pessoas a prática de atividades físicas, as pessoas vão liberar endorfina, precisamos fazer as pessoas cuidarem da saúde e não só da doença", disse.

Marçal frisou que é preciso atacar a causa dos problemas do mau atendimento nos hospitais públicos. "A gente pode fazer um levantamento e tenho certeza que mais de 70% do dinheiro da Saúde é roubado. Então, se tentarmos estancar essa questão, já vai melhorar muito", completou.

Pablo Marçal também falou sobre o uso de fake news (notícias falsas) que foram muito utilizadas nas eleições de 2018 e 2020 e pretende tornar público os candidatos que utilizarem dessas ferramentas para prejudicar o processo eleitoral.

"Sou do mundo empresarial e sei que existem ferramentas que podem ser utilizadas para interferir em um lançamento tanto para ajudar como para prejudicar um produto. É chato dizer isso, neste momento, mas a Rússia dispõe disso e sabemos qual candidato pode tentar se favorecer desse tipo de ação. Mas já digo, sempre fica algum rastro e se eu souber que algum candidato está utilizando, vou até o eleitor com provas para denunciar", finalizou. (Leia abaixo a entrevista)

Pablo Marçal afirma que política de atração de empresas da região pode ser usada em todo o Brasil. "Aqui é um oásis"

O senhor mora na região Oeste da Grande SP, responsável por, aproximadamente, 3% do PIB nacional. Algumas dessas cidades, como Osasco e Barueri, têm atraído grandes empresas. O senhor acredita que o modelo de desenvolvimento existente na região pode ser levado para outras regiões Brasil?

Plabo Marçal - Esse modelo de gestão foi embasado há 20 anos, onde você abaixa o imposto para atrair grandes empresas. No começo parece uma perda e chegou a ser criticado duramente, inclusive, o prefeito de Barueri, Rubens Furlan, um dos idealizadores dessa propositura, contribuiu para que a cidade pudesse receber muitas multinacionais e gerar empregos.

Aqui é o lugar que tem mais CEOs por metro quadrado da América Latina, pois conseguiu criar um sistema que tem indústria, comércio e residência.

Então, eu não ganho no começo, com uma tática de abaixar os impostos para atrair e nutrir com renda, pois são as empresas que produzem.

Então, essa região virou um oásis. Aqui em Alphaville, com essa junção de Barueri e Santana de Parnaíba é sim um modelo. E aqui é uma das poucas cidades que se parece com Orlando, nem parece uma cidade brasileira. E está aí o grande jogo para mudarmos o país.

O senhor é um multiempresário. Por que sair, teoricamente, zona de conforto para ser candidato em uma eleição polarizada?

Plabo Marçal - Exatamente pela segunda parte da sua pergunta, por causa da polarização. Vejo que essa polarização, da forma como está caminhando, o Brasil vai ter uma rachadura institucional. Vejo vários candidatos de boa fé querendo resolver, mas um monte de gente não deixa.

Então, parece que é interessante, no modelo atual, essa polarização continuar. Só que de um lado terá ruptura e de outro a gente vai ter um período mais obscuro da história do país. A gente sabe os desvios de trilhões que tiveram e o Brasil não aguenta mais duas gestões assim não.

O Brasil é tão rico que suportou 13 anos de desgoverno e não falo nem contra e nem a favor. Mas um desgoverno onde o país só tinha despesa. Agora, está gerando uma ruptura. Não estou na zona de conforto, não estou ingressando na política para salvar o país, mas estou entrando em uma esfera em que fui covarde e tem muitas hienas governado o país.

E como muitas pessoas têm nojo da política, são governadas por pessoas nojentas. É quase uma loucura deixar a vida que tenho para ingressar na política.

O senhor revelou que tem como grande desafio tornar o Brasil a principal economia mundial até 2032. Como fazer isso?

Plabo Marçal - Primeira coisa: mudar a mentalidade. Tinha muita gente que estava esperando que eu fizesse um comício aqui hoje, mas vim aqui para dar aula, pois sou um professor nato. Por isso, falo muitas vezes para todos, repete, repete, pois é uma mudança de mente.

Aí algumas pessoas vão falar: onde estão os projetos? Primeiro escutem o que a pessoa tem a dizer, pois projeto é só pagar para um bom técnico fazer. A primeira mudança é de mentalidade.

Depois precisamos digitalizar o Brasil que não é digitalizado. Os Estados Unidos gastam R$ 5 bilhões com defesa cibernética, o Brasil gasta R$ 19 milhões. Além disso, precisamos fazer o brasileiro ser criativo e construir marcas. Onde estão as marcas brasileiras? A gente não prestigia as nossas marcas.

Por exemplo, a Ford comprou a Troller marca brasileira e muita gente comemorou. Mas, a Ford comprou foi a isenção fiscal que a Troller usou, fechou e foi embora. Temos que parar só exportar máquina e comida, vamos também exportar cinco milhões de famílias empreendedoras brasileiras.

O Brasil se tornar a primeira economia do mundo é uma coisa óbvia. Não estou falando de outros países menores. Só precisamos desenterrar coisa da cabeça do brasileiro, e aí, nós que hoje temos 19 milhões de empresas, vamos poder criar mais 10 milhões em quatro anos.

O governo pode ajudar essas empresas a criar um e-commerce. Além disso, as pessoas precisam entender e abrir a mente que algumas profissões vão desaparecer, pois serão engolidas pelo algoritmo.

O Brasil é roubado todos os dias. Para se ter uma ideia, temos diversos tipos de minérios, mas o país tem um subfaturamento, tendo a maior reserva da terra, então, isso não faz sentido. Mas, posso dizer uma coisa, para chegar lá é fácil. A China disse que vai chegar, e vai conseguir em breve.

Os Estados Unidos quando não tinha nada disse que se tornaria a maior economia e, de fato, aconteceu. E nós também vamos ser. 

Fonte: Giro S/A

Por Jornal da República em 30/05/2022
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