Entrevista com Paulo Sérgio - Presidente da TUBARÃO DE MESQUITA

Entrevista com Paulo Sérgio - Presidente da TUBARÃO DE MESQUITA

 

Tribuna da Imprensa - Presidente Paulo Sérgio, sobre o Carnaval da Intendente Magalhães não se fala em outra coisa que não seja o TUBARÃO DE MESQUITA. O que aconteceu? Qual a fórmula para uma Escola que não existia ano passado, chegar no Grupo de Avaliação, incendiar a multidão e capturar o coração da Avenida, fazendo isso sem patronos, e ficando a um décimo do campeonato?

Presidente Paulo Sérgio - Comunidade. Essa é a principal razão do que aconteceu e do que vai acontecer. Não há nada sem paixão, e essa é a principal energia do Tubarão de Mesquita. Mas é a comunidade que tem a paixão e o poder. É ela que tem história, esperança, solidariedade, amor, procura e criatividade. Seu poder é infinito.

Tribuna da Imprensa - Porque o enredo de estreia foi o Mesquita Futebol Clube e sua importância pra comunidade?

Presidente Paulo Sérgio - A resposta está na sua pergunta. Foi pelo papel que o Mesquita tem na construção da identidade e do orgulho dos mesquitenses. Quando eu tive a Ideia da criar a Escola de Samba estava numa conversa dentro do Mesquita Futebol Clube com o Ângelo Benachio, que é o atual presidente do clube e meu primo, e o Dibinho, que é dono de um centro educacional na cidade, apaixonado por cultura, e que está nos ajudando a restaurar o clube. O Mesquita tem uma estrutura que muitas cidades grandes não têm, e está ligado à comunidade à história da cidade desde o seu nascimento.

Naquela conversa também nasceu a ideia do enredo, pois *o Mesquita nasceu das peladas dos operários das olarias nas tardes de sábado após o expediente.

As Olarias, dominaram a economia da cidade após o fim da escravidão e o declínio da citricultura, dando lugar ao loteamento urbano. Com o fim do ciclo do barro ficou o legado do Clube campeão em várias divisões erguendo a alma do povo de Mesquita até brilhar na primeira divisão.* Tínhamos que contar essa história.

Os olhos deles brilharam e o Angelo colocou imediatamente o clube a disposição da Escola que nasceria. Mas ainda não dava pra decidir. Saí dali pra conferir o poder da ideia. Fui conversar com a comunidade, com parceiros estratégicos, e com as escolas coirmãs da Baixada. Os olhos de todos brilharam. E da legendária Beija-flor, numa conversa franca com com o seu querido Presidente Almir Reis, veio a certeza de que estávamos no caminho certo. Daí, foi juntar todo mundo, olhar pro sonho, transformar o grupo em equipe e família, e invadir a Avenida.

Tribuna da Imprensa - E o Carnavalesco? Além da qualidade absurda da bateria, rainha, comissão de frente, baianas, cantores, carro alegórico, adereços com os mesquitenses ilustres ligados ao samba, portas-bandeiras, muita beleza e samba no pé, aquilo foi uma verdadeira loucura visual criativa que nos entregava o enredo com beleza e clareza. Nos fale do Sidinho, esse carnavalesco genial da Tubarão.

Presidente Paulo Sérgio - Ah... esse aí nem dá pra falar. *É um gênio*. Escolado nas terras de Realengo e Padre Miguel e nas veias latentes da Vila Vintém e de suas escolas, a Mocidade e a Unidos. Pra resumir, sem o Sidinho, sua experiência, sua paixão e sua criatividade, nada disso teria acontecido. Provavelmente o Tubarão ficaria por mais algum tempo nas águas da Fazenda da Cachoeira antes de partir rumo aos Sete Mares.

Tribuna da Imprensa - Sabemos que é muito difícil agradecer* quando a autoria é construção do sucesso é tão coletiva. *Mas você poderia nos destacar alguns agradecimentos?

Presidente Paulo Sérgio - Sim. É muito difícil destacar agradecimentos sem se cometer injustiças, mas eu preciso agradecer especialmente à comunidade que abraçou a Escola como sua e assumiu o carnaval, so nosso carnavalesco Sidinho, ao nosso Diretor de Logística Binha Matos, à nossa professora Graça, ao querido Almir Reis, Presidente da Beija-flor, ao querido Dibinho, nosso Presidente de Honra, e ao querido Angelo Benachio, nosso Presidente do Mesquita Futebol Clube.

Tribuna da Imprensa - Presidente Paulo Sérgio, uma pergunta final. Como vocês estão se sentindo com esse feito inspirador e com esse resultado surpreendente da apuração à um décimo da Flamanguaça? Qual a principal lição que pode nos deixar?

Presidente Paulo Sérgio - Nos sentimos CAMPEÕES porque ganhamos de nós mesmos. Foi superação sobre superação. Em tudo que o ser humano se propuser a fazer aparecerão problemas, dificuldades, barreiras que nos parecem intransponíveis. É nessa hora que muitos de nós desistimos.

Desistir dos sonhos é fácil, e não dói muito porque estamos perdendo o que não tínhamos. Mas o que estamos aprendendo é que não há vitória sem os erros, tropeços e fracassos temporários do caminho. Eles são uma maneira de aprender e se fortalecer para seguir adiante.

Nos sentimos campeões com todas as outras escolas que desfilaram na avenida porque imaginamos os desafios que tiveram que superar para que o grande vencedor no fim das contas fosse a cultura popular e o povo que lota a avenida para assistir, para desfilar e para trabalhar. É grande a nossa gratidão e maior ainda a nossa responsabilidade.

Visitem a nossa escola, sejam bem-vindos, e preparem-se para navegar nas barbatanas da felicidade e da igualdade.

Ralph Lichotti é advogado e jornalista, diretor do Tribuna da Imprensa

 

 

 

Leia ainda:Entrevista com Fábio Queiróz, Presidente da Associação de Supermercados Estado do Rio de Janeiro

Entrevista com José Bonifácio prefeito de Cabo Frio

Entrevista com George Teixeira Pinheiro, Presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB)

Entrevista com o prefeito de Campos Wladimir Garotinho

Entrevista com o Promotor JOSE MARINHO PAULO JUNIOR (Especialista em Fundações)

 

Por Jornal da República em 04/05/2022
Aguarde..