Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que rola na sua região.
A cada início de ano, economistas, especialistas e analistas de mercado se debruçavam sobre os números e projeções da economia brasileira. As previsões sobre o câmbio, a inflação, a taxa de juros e o desempenho do Ibovespa ganham destaque, mas, como mostra a experiência recente, acertar esses números tem se marcado uma tarefa desafiadora. O levantamento feito pelo UOL a partir dos boletins Focus, do Banco Central, e a pesquisa "LatAm Fund Manager Survey", do Bank of America, mostram que, apesar da expertise e das ferramentas de análise, os erros são frequentes.
Projeções para 2025
Para o ano de 2025, as expectativas do mercado apontam para um cenário de crescimento moderado. O Ibovespa deve ficar entre 110 mil e 140 mil pontos, com apenas 9% dos analistas apostando que o índice superará os 140 mil pontos. Em relação à taxa de juros, a previsão é de que a Selic suba para 15%. O PIB do Brasil deve registrar um crescimento de 2,02%. Quanto ao câmbio, espera-se que o dólar atinja a marca de R$ 6,00. A inflação, medida pelo IPCA, está projetada para fechar 2025 em 4,99%.
Erros e Acertos nas Projeções dos Últimos Anos
Ao olhar para os dados dos últimos quatro anos, as tomadas de decisão para o desempenho econômico revelaram uma taxa de erro impressionante. Em 2024, por exemplo, o mercado previu que o Ibovespa superaria os 140 mil pontos, mas o índice caiu 10,36%, fechando em 120.283,40 pontos. A taxa de juros deveria terminar o ano em 9%, mas chegou a 12,25%. O PIB, que se esperava com alta de 1,59%, registrou 3,1% no acumulado até setembro, mas ainda deve ser confirmado em março. O dólar também não sofreu alterações, que indicavam R$ 5,00 no final de 2024, mas a moeda subiu para R$ 6,18. Já o IPCA ficou acima da estimativa de 3,90%, com 4,83%.
Em 2023, o mercado acertou mais uma vez ao prever a direção do dólar, mas falhou ao estimar que o Ibovespa ficaria entre 110 mil e 120 mil pontos, quando o índice fechou o ano com uma alta de 22,28%, aos 134.185 pontos . A Selic e a inflação também não corresponderam às expectativas, e o PIB superou a previsão de 0,78%, com um crescimento de 2,9%.
Em 2022, a projeção era de um Ibovespa abaixo dos 120 mil pontos, e o índice terminou o ano com uma pequena alta de 4,69%, a 109.735 pontos, acertando dessa vez. Contudo, as estimativas para a Selic (11,75%), PIB (0,28%) e o dólar (R$ 5,60) falharam. O IPCA também foi mais alto que o previsto.
O Desafio das Previsões Econômicas
A dificuldade de acertar as projeções econômicas no Brasil é atribuída a diversos fatores. A instabilidade econômica, a sensibilidade a fatores internacionais e as variações imprevistas, como desastres naturais, são alguns dos desafios que dificultam a precisão das variações. Álvaro Bandeira, coordenador da Comissão de Economia da Apimec, explica que a economia brasileira é especialmente vulnerável a esses fatores externos, como crises globais ou instabilidades em países parceiros comerciais.
Além disso, as diferenças são baseadas em modelos estatísticos que utilizam dados do passado e do presente para projetar o futuro. Contudo, como destaca Rafael Ribeiro, professor de economia da UFMG, esses modelos podem falhar ao não prever eventos imprevistos, como uma seca ou uma enchente, que podem impactar a economia.
Um especialista sênior de economia do C6 Bank reforça que, em muitos casos, o mais importante é não acertar exatamente os números, mas a direção da previsão. A previsão de alta do dólar para R$ 6,00, feita em 2023, por exemplo, estava certa, embora tenha demorado mais do que o esperado para se concretizar.
A Visão do Mundo dos Economistas
Embora as diferenças sejam baseadas em dados e análises técnicas, a visão do mundo dos economistas também desempenha um papel importante nas estimativas. Cada analista pode dar mais peso a certos fatores econômicos, o que pode gerar divergências nas projeções. No entanto, como observa Rafael Ribeiro, é crucial que os economistas mantenham a objetividade, uma vez que as projeções erradas possam impactar as qualidades dos investidores e dos mercados.
Em resumo, apesar de todo o trabalho árduo e das ferramentas utilizadas pelos analistas, prever que a economia brasileira continua sendo um desafio. A instabilidade interna e externa, as variações imprevistas e as limitações dos modelos estatísticos fazem com que o mercado acerte mais raramente do que se gostaria. Mesmo assim, acompanhar essas orientações oferecem uma direção pública para investidores e formuladores de políticas, que devem estar preparadas para ajustar suas estratégias conforme os desafios que surgirem.
Fonte: Uol
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!