Fernanda Melchionna critica postura de Bolsonaro sobre direitos trabalhistas e uso do Vale Cultura

Deputada federal compartilha vídeos de Bolsonaro defendendo empresários e propondo flexibilização de direitos, enquanto recebe aposentadorias públicas

Fernanda Melchionna critica postura de Bolsonaro sobre direitos trabalhistas e uso do Vale Cultura

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) utilizou as redes sociais para manifestar indignação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, ao expor uma série de vídeos em que ele, ainda como deputado, defendia o fim dos direitos trabalhistas em programas de TV e discursos na Câmara. Na publicação, Melchionna destacou a incongruência entre as falas de Bolsonaro e sua própria condição de beneficiário de duas aposentadorias públicas.

A compilação de vídeos mostra Bolsonaro criticando benefícios concedidos aos trabalhadores, incluindo o Vale Cultura, e defendendo posições que, segundo ele, favorecem os empresários. Em um dos trechos, Bolsonaro afirma que “o trabalhador vai ter que decidir” entre empregos com ou sem encargos trabalhistas, sugerindo que o peso dos direitos trabalhistas representa uma ameaça à sustentabilidade dos negócios. Ele também faz críticas a políticas de incentivo cultural, chamando a obrigatoriedade do Vale Cultura de “crime” ao impor custos adicionais aos empregadores.

A postagem da parlamentar do PSOL vem na esteira de um debate nacional sobre a jornada de trabalho 6X1, liderado pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que busca por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) limitar regimes de trabalho com apenas uma folga semanal, prática comum no Brasil. Hilton caracteriza a situação como abusiva, e seu projeto visa revisitar aspectos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em favor de melhores condições para os trabalhadores.

Bolsonaro e sua Visão sobre Direitos Trabalhistas

Nos vídeos, Bolsonaro, que atualmente cumpre pena de inelegibilidade até 2030 por falas contra o sistema eleitoral brasileiro, expressa ideias que defende há décadas. Em uma fala de 2009, o ex-presidente declarou-se o “único parlamentar” a votar contra “todos os direitos trabalhistas e empregada doméstica”, reafirmando uma postura anti-regulamentação que, segundo ele, é necessária para o crescimento econômico do país.

Ele argumenta que “um país com quatro milhões de ações trabalhistas não tem que ir pra frente” e sustenta que, quanto mais direitos se concede ao trabalhador, “pior fica” para a economia. Em outra declaração polêmica, Bolsonaro se mostrou contrário ao Vale Cultura, benefício criado para possibilitar o acesso de trabalhadores de baixa renda a produtos e atividades culturais, como teatro e cinema. Ele classificou o programa como uma despesa “injusta” para os empresários, que já enfrentam dificuldades financeiras.

O Vale Cultura e as Tentativas de Ampliação

Criado para trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos, o Vale Cultura permite acesso a diversas formas de arte e atividades culturais, sendo inclusive estendido a aposentados. No início deste ano, o Senado Federal aprovou um projeto de lei para ampliar o benefício e incluir eventos esportivos entre as atividades contempladas. No entanto, a proposta foi vetada integralmente em setembro, após tramitar até a fase de sanção.

Para Melchionna, as falas de Bolsonaro refletem uma posição “inaceitável” e “preocupante” para um representante público. Segundo a deputada, enquanto o ex-presidente continua a usufruir de recursos públicos, ele demonstra desdém pelas necessidades da classe trabalhadora brasileira. A publicação de Melchionna reforça o debate em torno das políticas de trabalho e dos direitos garantidos pela CLT, que ela e outros parlamentares do PSOL defendem como essenciais para o bem-estar dos trabalhadores.

Em resposta, apoiadores de Bolsonaro argumentaram que suas falas são coerentes com uma visão liberal da economia, mas críticos ressaltam que sua postura inflexível em relação aos direitos trabalhistas contribuiu para sua derrota na eleição presidencial de 2022. A inelegibilidade imposta a Bolsonaro, junto à continuidade do debate sobre direitos laborais, continua sendo um dos focos das discussões nas redes sociais e no cenário político brasileiro.

 

Fonte: urbsmagna

Por Jornal da República em 11/11/2024
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