Fundos de Investimento: O Poder dos Fundos Globais e os Desafios no Brasil

Por Jorge Tardin*

Fundos de Investimento: O Poder dos Fundos Globais e os Desafios no Brasil

No capitalismo rentista, que predomina globalmente, os investimentos no mercado financeiro e a acumulação de capital são os mandamentos. Nesse cenário, os fundos de investimento desempenham um papel crucial, inclusive com sustentáculos em muitos governos e até interferências em soberanias. Instrumentos financeiros geridos por corporações gigantes como BlackRock e Vanguard moldam a economia global e exemplificam a importância de uma gestão de investimentos responsável. Compreender o funcionamento do capitalismo e a influência dos fundos de investimento é essencial para decifrar o atual cenário econômico mundial, além das singularidades do Brasil.

Os fundos de investimento proporcionam aos investidores a oportunidade de diversificar seus portfólios e distribuir riscos. Esses fundos podem ser compostos por diferentes tipos de ativos, como ações, títulos de dívida, imóveis e, recentemente, tivemos o incremento do sistema de multipropriedade imobiliária, sendo implementado em diversos condomínios, como é o caso do empreendimento, Búzios Beach Resort. Cada fundo tem um gestor responsável por tomar as decisões de investimento.

As corporações BlackRock e Vanguard são duas das maiores gestoras de fundos de investimento do mundo. A BlackRock administra muitos trilhões em ativos e tem participações em diversas das maiores empresas do mundo. A Vanguard, reconhecida por ser pioneira em fundos de índice de baixo custo, administra outros tantos trilhões em ativos globais. Esses dois “fundos” exercem uma influência descomunal nos mercados financeiros e na economia global.

No entanto, a importância e o poder dos fundos de investimento acarretam uma grande responsabilidade. Os tristes exemplos no Brasil, como o caso Postalis e o caso BVA, revelaram as consequências da má gestão e da falta de ética e transparência.

O Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios, investiu centenas de milhões de reais em títulos de alto risco, o que resultou em um déficit de mais de R$ 5 bilhões. Já o Banco BVA entrou em liquidação após a descoberta de diversas irregularidades, deixando muitos investidores com prejuízos significativos.

Esses casos reforçam a necessidade de uma gestão rigorosa, transparente e ética dos fundos de investimento. Os gestores têm o dever fiduciário de agir no melhor interesse de seus clientes, cumprindo as regulamentações aplicáveis e adotando práticas sólidas de gestão de riscos.

Em um mundo cada vez mais globalizado, a importância de uma gestão de fundos transparente e responsável é um imperativo. Reprimir ações irresponsáveis é uma necessidade, pois elas podem causar danos catastróficos, não apenas aos investidores, mas também à economia como um todo.

Portanto, é crucial que cada órgão de controle, como a CVM no caso do Brasil, estabeleça altos padrões de conduta e se fiscalize para alcançá-los. Afinal, o futuro da economia global depende de uma gestão de fundos de investimento responsável e ética. O consumidor/investidor, sem dúvida, acredita nisso e agradece.

* Jorge Tardin é professor de direito civil. Para entrar em contato, envie um e-mail para jorge@tardin.com.br.

Por Jornal da República em 08/08/2023
Aguarde..