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O jogador do Flamengo Gabriel Barbosa, o Gabigol, prestou depoimento de forma virtual ao Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ), na tarde desta sexta-feira (18), no inquérito que investiga as ofensas racistas contra o jogador.
O atleta falou por cerca de uma hora, se mostrou indignado e afirmou que não pretende deixar o caso passar impune. No depoimento, Gabigol narrou os fatos ocorridos na partida, realizada no dia 6 de fevereiro, contra o Fluminense, no estádio Nilton Santos, o Engenhão.
Ele disse que “no intervalo da partida, ainda em direção ao túnel que dá acesso ao vestiário, ouviu diversos xingamentos e palavras ofensivas, em especial gritos de ‘macaco’” direcionados a ele.
Segundo o jogador, naquele momento, em razão do calor do jogo, não conseguiu identificar o autor das palavras, entretanto, após a partida, buscou ter acesso às gravações realizadas no local, onde pôde confirmar aquilo que havia percebido – a ofensa racista.
Gabigol falou sobre o que sentiu após constatar a ofensa e revelou que ficou muito abalado com o ocorrido.
“Além da indignação e revolta, recebi com muita tristeza e lamentação por entender que são fatos inconcebíveis nos dias de hoje, em especial em nosso país. Me senti bastante ofendido e não pretendo deixar o caso passar impune, especialmente para que sirva de exemplo para tantos outros infelizes casos como esse”, relatou.
A decisão de convocar oficialmente Gabigol para depor veio após o relator responsável pelo caso, Rafael Fernandes Lira, anexar um laudo pericial próprio que analisou o vídeo que evidenciava o crime.
O procurador-geral do TJD, André Valentim, informou à CNN que o resultado da perícia da imagem constatou que o jogador foi chamado de “macaco” por um torcedor do Fluminense enquanto deixava o campo em direção ao vestiário.
A abertura de inquérito se deu após o Fluminense apresentar uma Notícia de Infração ao TJD. O clube pediu que o órgão investigasse o caso formalmente, alegando seu engajamento na “repressão às ofensas verbais e físicas de qualquer natureza”.
O Fluminense ainda solicitou ao tribunal que oficiasse a administração do Engenhão para que fossem fornecidas as imagens do circuito interno de segurança da data do jogo, possibilitando a apuração da “existência ou não de infração disciplinar desportiva”.
O inquérito foi instaurado no TJD no último dia 8, pela presidente do tribunal, Renata Mansur Fernandes Bacelar. No dia seguinte, foi encaminhado ao tribunal o laudo do Flamengo, elaborado por Ricardo Molina, que é perito fonético forense.
Gabigol não fez registro de ocorrência na polícia, mas, na ocasião, se manifestou em suas redes sociais.
“Até quando? Até quando isso vai acontecer sem punição? Jamais vou me calar, é inadmissível que passemos por isso!! Orgulho da minha raça, orgulho da minha cor!! #RacismoNão”, disse o atleta em uma publicação no Twitter.
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