Guinada histórica: Arábia Saudita deve fechar venda de petróleo em yuan à China

Guinada histórica: Arábia Saudita deve fechar venda de petróleo em yuan à China

"A Arábia Saudita está em intensas negociações com Pequim para fixar o preço de parte de suas vendas de petróleo para a China em yuans, disseram fontes. A iniciativa reduziria a hegemonia do dólar sobre o mercado global de petróleo e marcaria mais uma guinada do maior exportador mundial de petróleo em direção à Ásia", aponta reportagem de Summer Said e Stephen Kalin, na Dow Jones, publicada pelo Valor Econômico.

O correspondente internacional Pepe Escobar informa que a China deverá passar a comprar petróleo da Arábia Saudita em yuan, e não mais em dólar – o que deve acelerar a morte do "petrodólar", o padrão usado no mercado global de energia.  "O derradeiro divisor de águas", disse ele. "E chegou muito mais cedo do que todos pensávamos", apontou.

"A China compra mais de 25% do petróleo exportado pela Arábia Saudita. Se o produto for negociado em yuans, essas vendas aumentarão o prestígio da moeda chinesa. Os sauditas também estudam incluir contratos futuros denominados em yuans, conhecidos como petroyuans, no modelo de fixação de preços da estatal Saudi Arabian Oil Co, conhecida como Aramco", escrevem ainda os jornalistas.

"Para a Arábia Saudita, fixar parte de sua exportação de 6,2 milhões de barris/dia em qualquer outra moeda que não dólares representaria uma mudança profunda. A maior parte das vendas globais de petróleo - cerca de 80% - é realizada em dólares, e os sauditas negociam petróleo exclusivamente em dólares desde 1974, por meio de um acordo com o governo Richard Nixon que incluiu garantias de segurança para o país", acrescentam.

Ontem, a União Econômica Eurasiática, formada por Bielorrússia, Cazaquistão e Rússia, e a China desenvolverão um projeto para um sistema monetário e financeiro internacional independente, informou o jornal cazaque Kapital.

No dia 11 de março, ocorreu o diálogo econômico "Uma Nova Etapa de Cooperação Monetária, Financeira e Econômica entre a União Econômica Eurasiática e a República Popular da China. Transformações Globais: Desafios e Soluções". 

O fortalecimento das relações econômicas se dá em meio a um aumento da ofensiva internacional dos Estados Unidos e países europeus contra os países da UEA e a China. A atual guerra na Ucrânia aumentou o boicote internacional à Rússia.

Da mesma forma, a medida ocorre num momento em que o sistema financeiro internacional vive um de seus piores momentos. O projeto anunciado vai permitir maior independência ao bloco Rússia-China e uma cooperação no sentido do desenvolvimento.

Presume-se que o novo sistema será baseado em uma nova moeda internacional, que será calculada como um índice das moedas nacionais dos países participantes e dos preços das commodities. O primeiro rascunho será submetido para discussão até o final de março, segundo o Kapital. (Via Brasil247)

Por Jornal da República em 16/03/2022
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