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O movimento islamista libanês Hezbollah confirmou neste sábado (28) que seu líder, Hassan Nasrallah, morreu em um bombardeio israelense na sexta-feira contra o subúrbio sul de Beirute, reduto do grupo pró-Irã, horas depois de Israel anunciar que havia eliminado o dirigente.
“Sayed Hassan Nasrallah se uniu a seus companheiros mártires (…) cuja marcha liderou durante quase 30 anos”, anunciou o grupo em um comunicado.
O Hezbollah, arqui-inimigo de Israel, anunciou oficialmente a morte de seu chefe mais de 19 horas após os bombardeios de Israel contra seu quartel-general em um bairro densamente habitado na periferia sul da capital libanesa.
Uma fonte próxima ao movimento pró-Irã havia informado que o grupo “perdeu o contato” com Nasrallah na sexta-feira à noite.
Algumas horas antes, o Exército israelense anunciou a morte do líder do Hezbollah.
“Hassan Nasrallah está morto”, afirmou uma fonte do Exército, Nadav Shoshani, na rede social X.
O porta-voz do Exército, o contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que a eliminação do chefe do Hamas torna o mundo “um lugar mais seguro”.
O grupo islamista palestino Hamas classificou o assassinato de Nasrallah de “ato terrorista covarde”.
Hassan Nasrallah, de 64 anos, era um homem muito influente e venerado no Líbano. Líder do Hezbollah desde 1994, ele vivia escondido e fez raras aparições públicas.
“A mensagem é simples: saberemos como alcançar qualquer pessoa que ameace os cidadãos de Israel”, alertou o comandante do Estado-Maior israelense, general Herzi Halevi.
“Nova ordem”
Um comunicado militar israelense afirma que Ali Karake, apresentado como o comandante da frente sul do Hezbolllah, e outros dirigentes do movimento morreram ao lado de Nasrallah.
O Exército afirmou que a “maioria” dos líderes do grupo xiita foi “eliminada” nas operações israelenses dos últimos meses.
As forças de segurança do país divulgaram imagens do ministro da Defesa, Yoav Gallant, de Herzi Halevi e do comandante da Força Aérea, Tomer Bar, reunidos em um centro de comando durante a operação contra Nasrallah, batizaa de “Nova ordem”.
O Exército israelense iniciou na segunda-feira uma campanha de bombardeios em larga escala contra o Hezbollah no Líbano, após um ano de confrontos na fronteira.
Frente do Hezbollah contra Israel
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel no início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque contra o território israelense de seu aliado Hamas em 7 de outubro de 2023. Desde então, prometeu continuar “até o fim da agressão israelense em Gaza”.
Israel afirma que, com os bombardeios, pretende restabelecer a segurança no norte do país, alvo dos ataques do Hezbollah, e permitir o retorno para suas casas de dezenas de milhares de habitantes que foram obrigados a deixar a região.
O Hezbollah, financiado e armado pelo Irã, foi criado em 1982 por iniciativa da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica.
O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, denunciou neste sábado “política míope” de Israel, após o anúncio da morte de Nasrallah, mas sem mencionar o nome do líder do Hezbollah.
“Capacidade para disparar”
“O Hezbollah ainda tem foguetes e mísseis e a capacidade para disparar vários simultaneamente”, declarou um porta-voz militar, o tenente-coronel Nadav Shoshani, que calcula em “dezenas de milhares de foguetes” o arsenal do grupo.
O bombardeio israelense de sexta-feira destruiu dezenas de edifícios, obrigou centenas de pessoas a abandonar suas casas e deixou pelo menos seis mortos, segundo um balanço oficial libanês.
O Exército de Israel anunciou que teve como alvos imóveis residenciais que abrigavam depósitos de armas do Hezbollah, o que o movimento pró-Irã nega.
Após uma noite de intensos bombardeios, a periferia sul de Beirute foi novamente alvo de ataques israelenses neste sábado.
O movimento xiita anunciou que lançou foguetes contra um kibutz israelense e várias posições militares no norte de Israel. Mas vários projéteis foram interceptados.
As autoridades europeias recomendaram que as companhias aéreas evitem o espaço aéreo do Líbano e de Israel ao menos até 31 de outubro.
140 alvos
O Exército israelense anunciou neste sábado que bombardeou, durante a noite, mais de 140 posições do Hezbollah no sul e leste do Líbano. Também afirmou que matou um dos comandantes do movimento pró-Irã em um ataque no sul.
Os caças do país sobrevoaram o aeroporto de Beirute para impedir que o Irã envie armas para o Hezbollah, segundo o Exército.
Desde segunda-feira, os bombardeios israelenses deixaram mais de 700 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Um ano de confrontos entre Israel e o Hezbollah deixou mais de 1.500 mortes, um número de vítimas superior ao provocado pela última guerra entre os dois lados em 2006.
O conflito em Gaza começou com o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, que deixou 1.205 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses que inclui reféns que morreram ou foram assassinados em cativeiro em Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas, 97 permanecem em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo Exército.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já deixou 41.586 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
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