Imagem do Pai Eterno, joia do barroco carioca, é tombada e desapropriada pelo Rio

Rio impede leilão de imagem histórica do Pai Eterno esculpida por Mestre Valentim

Imagem do Pai Eterno, joia do barroco carioca, é tombada e desapropriada pelo Rio

Prefeitura do Rio salva imagem do Pai Eterno de ir a leilão em SP

A bonita imagem esculpida pelo Mestre Valentim voltará a olhar pelos cariocas, em vez de cair nas mãos de particulares. O Prefeito Eduardo Paes desapropriou a grande imagem, que pertencia à Igreja de São Pedro, demolida para construção da Avenida Presidente Vargas.

A imagem do Divino Pai Eterno, de autoria do Mestre Valentim – artífice de fama internacional – e que ornamentava o altar e retábulo da maior jóia barroca do Rio de Janeiro, a destruída Igreja de São Pedro dos Clérigos, acaba de ser tombada e desapropriada por 2 decretos do Prefeito Eduardo Paes (PSD), publicados numa edição extra do Diário Oficial do Município.

A imagem de Deus Pai – na tradição católica uma das figuras da Santíssima Trindade – olhou pelos cariocas de 1733, quando foi instalada na bela igreja em formato elíptico demolida para dar lugar à Avenida Presidente Vargas, até 1944, quando foi vendida a um colecionador particular. Trata-se de um dos maiores ícones do barroco brasileiro, que seria arrematada na noite de hoje.

O DIÁRIO DO RIO havia revelado, com exclusividade, que a peça seria vendida esta noite.

A igreja foi um dos primeiros templos tombados do país, mas acabou destombada para ser demolida (junto com outras 2) por Getúlio Vargas. Por um lapso da legislação e do sistema de Patrimônio Histórico do país – à época quase recém-criado – acabou sendo autorizada a dispersão de muitas de suas peças móveis, apesar da construção da nova Igreja de São Pedro, no Rio Comprido.

Colecionadores de todo o país acabaram comprando suas lindas talhas e intrincadas imagens; dentre elas, a espetacular estátua do Divino Pai Eterno, com o orbe (o mundo) e sua barba branca. A imagem iria a leilão esta noite, em São Paulo, pelo martelo do leiloeiro Luiz Fernando Dutra, da Dutra Leilões, uma das mais reputadas casas de leilões do país, especializada em antiguidades. O lance inicial era polpudo: 900 mil reais.

O decreto de Paes é inovador por ser a primeira vez que alguma esfera de governo no país interfere na revenda das peças arrancadas da Igreja de São Pedro. Há anos, as lindas talhas e imagens criadas pelos maiores artistas barrocos do país são vendidas sem nenhuma ação do Patrimônio Histórico, seja do Estado, da Cidade ou do País. Segundo especialistas, várias partes da igreja já estão fora do país e se tornaram verdadeiras lendas.

A prefeitura inova agora na proteção do Patrimônio Histórico e decidiu também devolver mais duas peças de grande valor à apreciação do público: um detalhado e rebuscado retábulo barroco e um enorme par de anjos adoradores, que seriam igualmente vendidos pela Dutra Leilões no grande leilão de arte que durará 6 dias e tem peças de grande importância histórica, com prataria de primeira linha e algumas reminiscências do período imperial.

"Maravilhosa iniciativa do Prefeito Eduardo Paes, que, sem demora, fez um decreto para preservar os bens móveis de nossa arte sacra do Século XVIII, da Igreja de São Pedro dos Clérigos, demolida em 1944", disse o Padre Silmar Fernandes, Curador da Comissão de Patrimônio da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que também enviara carta ao Leiloeiro, pedindo a suspensão do leilão para averiguação sobre a forma de aquisição da peça.

Com informações Diário do Rio

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Por Jornal da República em 04/06/2024
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