INCA apoia imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas para proteção da saúde

Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer reforça importância de intervenções para redução do consumo de álcool

INCA apoia imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas para proteção da saúde

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) apoia o aumento de impostos sobre as bebidas alcoólicas como uma das formas de proteger a saúde da população brasileira. Se as pessoas não consumirem esse tipo de produto, 17 mil novos casos e 9 mil mortes por câncer poderiam ser evitados por ano, segundo o Instituto.

Estudo do INCA revelou que o consumo de álcool foi responsável por R$ 81,51 milhões dos gastos federais com o tratamento de câncer em 2018. A pesquisa, divulgada em 2022, também estimou que esse valor chegará a R$ 203 milhões em 2030, correspondendo a um aumento de 139%.

Esses valores incluem somente uma parcela do que foi utilizado pelo Governo Federal no tratamento do câncer, referindo-se a procedimentos hospitalares e ambulatoriais no SUS em pacientes com 30 anos ou mais. Estima-se, assim, que o valor seja ainda maior.
O uso de bebidas alcoólicas está diretamente associado ao aumento do risco de desenvolvimento de ao menos oito tipos de câncer que estão entre os mais diagnosticados na população brasileira: boca, faringe, laringe, esôfago, fígado, intestino, mama e estômago.

“É imperativo que a sociedade e os órgãos competentes atuem de forma assertiva na implementação de políticas de prevenção e controle do consumo de bebidas alcoólicas, visando não apenas a redução da morbimortalidade por câncer, mas também a mitigação dos custos econômicos e sociais associados a essa prática", disse o diretor-geral do INCA, Roberto Gil, reforçando a importância de medidas efetivas para redução do consumo de álcool no País.

O posicionamento do INCA, disponível no Portal do Instituto (https://www.inca.gov.br/publicacoes/notas-tecnicas/posicionamento-do-instituto-nacional-de-cancer-acerca-das-bebidas), está alinhado com as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde, que recomenda a adoção de estratégias e políticas que visam controlar a facilidade para compra do produto, impor medidas contra a direção de veículos automotores por motoristas sob efeito do álcool, facilitar o acesso ao tratamento, regulamentar o marketing e aumentar os preços das bebidas alcoólicas.

A recente aprovação da Emenda Constitucional nº 132, de 2023, que prevê imposto seletivo sobre produtos prejudiciais à saúde é vista como um caminho para aumentar os preços das bebidas alcoólicas.

“A reforma tributária é uma oportunidade para avançarmos em medidas que desestimulem o consumo de bebidas alcoólicas, um dos principais fatores de risco para o câncer. O INCA está contribuindo tecnicamente nesse debate e temos a expectativa de sensibilizar e informar a sociedade e os tomadores de decisão sobre os impactos negativos do álcool para a prevenção e o controle do câncer”, defendeu a nutricionista da Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev), do INCA, Luciana Grucci Maya.

O Projeto de Lei Complementar (PLC) 29/24, em análise na Câmara dos Deputados, regulamenta o imposto seletivo, criado pela emenda constitucional da reforma tributária. O imposto seletivo tem como objetivo desestimular o consumo de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.

 

Por Jornal da República em 02/12/2024
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