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Em um perfil fechado numa rede social, o adolescente de 13 anos que atacou colegas e professores com uma faca, na manhã desta segunda-feira (27), na Escola Estadual Thomazia Montoro, causando a morte de uma docente de 71 anos, já anunciava desde domingo que tinha a intenção de cometer o crime. Em sua página, era encorajado por vários outros usuários, com perfis parecidos, que curtiam e comentavam os posts. Um deles chegou a se definir como "mentor" e disse estar orgulhoso ao compartilhar a notícia do atentado. Em coletiva de imprensa, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que qualquer um que tenha curtido, comentado ou sequer clicado nessas publicações, será investigado e intimado a depor. Como a página é privada, apenas essas pessoas tiveram acesso ao conteúdo.
"Irá acontecer hoje, esperei por esse momento minha vida inteira, tomara que consiga alguma kill (morte, em inglês) pelo menos, minha ansiedade começa a atacar por causa disso. Enfim... me desejem boa sorte", escreveu momentos antes do ataque.
Outra publicações, mais antigas, mostram a frieza do garoto, que, dizendo estar "ansioso", comentava até sobre qual luva usaria no ataque e mostrava a máscara com detalhes de caveira, que usou nesta segunda-feira, item que é característico entre os membros destas células que atuam na deep web. No nome de usuário, ele carregava o sobrenome Taucci, de Guilherme Taucci, autor do massacre de Suzano em 2019.
– Já sabemos que este garoto estava planejando fazer o atentado com uma arma de fogo e não conseguiu. Ele relatou isso informalmente aos policiais civis e militares que atenderam a ocorrência. Sobre as publicações feitas por ele no Twitter, nós só conseguimos ter acesso quando acessamos o celular dele, porque a página era restrita. Quem tinha acesso era somente ele e os usuários amigos dele. Não era algo público, então, na prática, não tínhamos como antecipar – disse o secretário.
– Não descartamos que ele tenha sido ajudado ou que outros colegas de escola tenham participado do plano, mas podemos dizer que outros colegas dessa rede social tinham consciência de tudo o que viria a acontecer, até pelas curtidas e comentários na postagem dele. Isso será objeto de apuração da Polícia Civil e, sendo menor de 18 anos, os responsáveis também serão chamados para depor. Mais gente estava sabendo? os pais teriam algum conhecimento de que isso poderia acontecer? tudo isso será investigado – acrescentou.
O próprio secretário citou que, só em março, a polícia precisou conter ataques em São José dos Campos, Caçapava, Tupã e Monte Mor.
– Ações já vêm sendo tomadas pelos serviços de inteligência das polícias para evitar que tragédias como essa aconteçam.
A polícia já sabe que o garoto havia chegado recentemente à escola e que havia sido transferido justamente por conta de um problema de indisciplina e violência no antigo colégio. O secretário de Educação, Gustavo Feder preferiu não dar maiores detalhes para preservar a família.
Briga e episódio de racismo na semana passada: diretora disse que falaria com o jovem nesta segunda
Os investigadores também confirmam que o agressor teve um embate com outro aluno no final da última semana, quando ele teria disparado ofensas racistas ao colega. Alunos afirmam que ele teria chamado o garoto de "macaco" e "rato", e que a professora Elizabeth Tenreiro, de 71 anos, precisou apartar a briga. Ela foi assassinada a facadas nesta manhã. A diretora do colégio disse aos policiais que havia marcado em sua agenda de conversar com o adolescente nesta segunda-feira sobre o ocorrido.
– A diretora Vanessa disse na escola que houve um conflito entre o agressor e um outro aluno e que ela havia marcado em sua agenda para falar agora de manhã com esse aluno – disse o secretário de Educação.
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