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DA REDAÇÃO - Isaquias Queiroz passou cinco anos pensando no título olímpico. No caminho, batizou o filho com o nome de seu algoz, Sebastian, perdeu o técnico, vítima de um câncer, e foi campeão mundial na Europa. Agora, depois de chegar três vezes ao pódio no Rio de Janeiro, o baiano de 27 anos conquistou sua primeira medalha de ouro nos Jogos ao vencer a final da categoria C1 1000m da canoagem na noite desta sexta-feira (6).
Essa é a 17ª medalha do Brasil em Tóquio, caminhando para a melhor campanha da história. Com alguns pódios já garantidos nos próximos eventos, a delegação irá superar as 19 conquistas da Rio-2016.
Depois de se tornar o recordista brasileiro de conquistas em uma só edição das Olimpíadas com duas pratas e um bronze, Isaquias chega a quatro medalhas e iguala Serginho, do vôlei, e Gustavo Borges, da natação. Só Robert Scheidt e Torben Grael têm mais, cinco, liderando a lista do país.
O ouro vem dias depois de uma frustração. No início da semana, na competição por duplas (C2 1000m) na companhia de Jacky Godmann, Isaquias sonhava com o pódio, mas o time brasileiro cruzou a final no quarto lugar. Vieram dois dias livres até o início da disputa individual, onde ele se recuperou e mostrou um ótimo desempenho desde o início.
Perda do técnico e lesão do parceiro
Erlon Silva, medalha de prata em parceria com Isaquias Queiroz em 2016, não se recuperou de uma lesão no quadril e ficou fora da viagem para Tóquio. Por conta disso, Jacky Godmann, 22, virou titular da delegação brasileira. Eles já tinham remado juntos pelo Flamengo, em 2019, e neste ano participaram de uma etapa da Copa do Mundo.
A nova combinação terminou no quarto lugar na final da C2 1000m nos Jogos, e depois Jacky não avançou às semifinais individuais. O estreante admitiu que o foco dos treinamentos nos últimos meses era nas duplas, para manter o alto nível do país na prova, e no fim eles saíram com uma impressão dividida: satisfação por terem conseguido competir entre os melhores e ficar a apenas uma posição do pódio mesmo com um atleta menos experiente no time; e uma certa frustração por não repetirem o rendimento de 2016, quando Isaquias levou três medalhas em três provas, se credenciando para chegar a cinco no total após a participação em Tóquio -- a disputa individual de 200m foi retirada do programa.
Mas o grande baque na canoagem brasileira aconteceu em 2018, com a perda de Jesús Morlán, que morreu de câncer. O espanhol, um dos maiores técnicos do planeta, descobriu o tumor no cérebro pouco depois das conquistas de 2016. Ele foi contratado pelo Comitê Olímpico Brasileiro em 2013 e é o grande mentor dos treinamentos que levaram os brasileiros à elite da modalidade. Lauro de Souza, que havia sido auxiliar do europeu, assumiu o comando.
Ele venceu a bateria eliminatória com boa margem para seus adversários, e depois ganhou também sua semifinal. Na decisão, manteve a boa forma e confirmou sua expectativa pessoal de se tornar campeão olímpico em Tóquio. (Do GE)
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