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Israel atacou os palestinos em Gaza neste domingo, depois de sofrer o dia mais sangrento em décadas, quando combatentes do Hamas invadiram cidades israelenses, com mais de 900 mortos em ambos os lados e a violência crescente ameaçando uma nova e importante guerra no Oriente Médio.
Em um sinal de que o conflito pode se espalhar para além de Gaza, Israel e a milícia Hezbollah, apoiada pelo Irã, trocaram tiros de artilharia e foguetes, enquanto em Alexandria, dois turistas israelenses foram mortos a tiros junto com seu guia egípcio.
Os ataques aéreos israelenses atingiram blocos residenciais, túneis, uma mesquita e casas de oficiais do Hamas em Gaza, matando mais de 300 pessoas, incluindo 20 crianças, enquanto o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, promete "vingança poderosa para esse dia perverso".
No sul de Israel, homens armados do Hamas ainda estavam lutando contra as forças de segurança israelenses 24 horas depois de um ataque promovido por milhares de foguetes e homens armados que avançaram contra bases do exército e cidades israelenses, matando pelo menos 600 pessoas, de acordo com a TV de Israel. Os militantes fizeram dezenas de reféns.
"Minhas duas meninas são apenas bebês. Elas não têm nem cinco e três anos de idade", disse Yoni Asher, que viu um vídeo de homens armados sequestrando sua esposa e duas filhas pequenas, com a localização do telefone dela aparecendo agora em Gaza, segundo ele.
As forças armadas de Israel, que enfrentam questionamentos sobre sua incapacidade de previr e impedir o ataque, disseram que ainda estavam lutando, mas que haviam recuperado o controle da maioria dos pontos de infiltração ao longo das barreiras de segurança, matado centenas de atacantes e feito dezenas de outros prisioneiros.
"Vamos atacar o Hamas severamente e será um longo, longo caminho", disse um porta-voz militar israelense a jornalistas.
Os militares israelenses disseram que enviaram dezenas de milhares de soldados para Gaza, uma faixa estreita de território onde 2,3 milhões de palestinos são obrigados a viver sob os controles impostos por Israel. O exército afirmou ainda que estava começando a evacuar todos os israelenses que viviam na fronteira do território.
"Esta é a minha quinta guerra. A guerra deve parar. Não quero continuar sentindo isso", disse Qassab al-Attar, um palestino deficiente de Gaza cujos irmãos o carregavam para um abrigo quando as forças israelenses bombardearam sua casa.
O ataque do Hamas lançado na madrugada de sábado representou a maior e mais mortal incursão contra Israel desde que o Egito e a Síria lançaram um ataque repentino em um esforço para recuperar o território tomado por Israel na guerra do Yom Kippur, há 50 anos.
O conflito pode prejudicar os movimentos apoiados pelos Estados Unidos para normalizar as relações entre Israel e a Arábia Saudita - um realinhamento de segurança que pode ameaçar as esperanças palestinas de autodeterminação e o Irã, principal apoiador do Hamas.
O outro principal aliado regional de Teerã, o Hezbollah do Líbano, travou uma guerra com Israel em 2006 e disse que suas "armas e foguetes" estão com o Hamas. "Recomendamos ao Hezbollah que não se envolva nisso e não creio que o fará", disse o porta-voz do exército israelense.
Reféns
Na manhã de domingo, os destroços do ataque de sábado ainda estavam espalhados pelas cidades do sul de Israel e pelas comunidades fronteiriças, e os israelenses estavam se recuperando com a visão de corpos ensanguentados nas ruas dos subúrbios, em carros e em suas casas.
Os combatentes palestinos escaparam de volta para Gaza com dezenas de reféns, incluindo soldados e civis. O Hamas disse que emitiria uma declaração no final do domingo informando quantos reféns havia capturado.
Cerca de 30 israelenses desaparecidos que participavam de uma festa que foi alvo do ataque de sábado saíram do esconderijo no domingo, informou a mídia israelense.
A captura de tantos israelenses, alguns filmados sendo puxados através de postos de controle de segurança ou levados, sangrando, para Gaza, acrescenta outra camada de complicação para Netanyahu, depois de episódios anteriores em que reféns foram trocados por muitos prisioneiros palestinos.
O Hamas disparou mais foguetes contra Israel no domingo, com sirenes de ataque aéreo soando em todo o sul, e os militares israelenses disseram que combinariam uma retirada das áreas de fronteira com uma busca por mais homens armados.
O gabinete de Netanyahu disse que seu comando de segurança havia aprovado medidas para destruir "por muitos anos" as capacidades militares e governamentais do Hamas e da Jihad Islâmica, outro grupo militante que disse que também está mantendo prisioneiros, incluindo o corte de eletricidade, suprimentos de combustível e a entrada de mercadorias em Gaza.
O bombardeio israelense em Gaza começou logo após o ataque do Hamas e continuou durante a noite e este domingo, destruindo os escritórios e os campos de treinamento do grupo, além de casas e outros edifícios civis. O Hamas disse que Israel havia cortado o fornecimento de água para algumas áreas.
As autoridades de saúde palestinas disseram que 313 pessoas foram mortas em Gaza e quase 2 mil ficaram feridas nos ataques de retaliação promovidos por Israel.
Mais de 20 mil palestinos em Gaza buscaram refúgio em escolas administradas pelas Nações Unidas, segundo a agência de refugiados palestinos da ONU.
Fumaça preta, flashes laranja e fogo iluminaram o céu devido às explosões. Os drones israelenses podiam ser ouvidos circulando sobre Gaza. Ao contrário de algumas rodadas anteriores de ataques, os militares israelenses não avisaram com antecedência sobre os ataques a edifícios residenciais.
Em um campo de refugiados na região central de Gaza, os vizinhos removeram os escombros para retirar os corpos de sete pessoas de uma família, incluindo cinco crianças, cuja casa havia sido bombardeada por Israel.
"Crianças aterrorizadas"
Em Khan Younis, no sul de Gaza, as pessoas vasculharam os restos de uma mesquita na madrugada de domingo. "Terminamos as orações noturnas e, de repente, a mesquita foi bombardeada. Eles aterrorizaram as crianças, os idosos e as mulheres", disse o morador Ramez Hneideq.
A escalada do banho de sangue ocorre em um cenário violência crescente entre Israel e militantes palestinos na Cisjordânia cada vez mais ocupada por Israel, onde uma autoridade palestina exerce um autogoverno limitado, com a oposição do Hamas, que quer a destruição de Israel.
As condições na Cisjordânia nos últimos anos pioraram sob o governo de extrema direita de Netanyahu, com mais invasões israelenses e ataques de colonos judeus a vilarejos palestinos, e a Autoridade Palestina convocou uma reunião de emergência da Liga Árabe.
A pacificação está paralisada há anos e a política israelense foi convulsionada este ano por disputas internas sobre os planos de Netanyahu de reformular o judiciário para ganhar mais poder.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que o ataque que começou em Gaza se estenderá à Cisjordânia e a Jerusalém. Os habitantes de Gaza vivem sob um bloqueio liderado por Israel há 16 anos, desde que o Hamas assumiu o controle do território em 2007.
Em um discurso, Haniyeh destacou o que chamou de ameaças à Mesquita Al-Aqsa de Jerusalém, em um local que também é sagrado para os judeus, que o conhecem como o Monte do Templo, a continuação do bloqueio israelense e a normalização israelense com os países da região.
"Quantas vezes já avisamos que o povo palestino vive em campos de refugiados há 75 anos, e vocês se recusam a reconhecer os direitos do nosso povo?"
No norte, o Hezbollah do Líbano disse em um comunicado que havia realizado um ataque com foguetes e artilharia nas Fazendas Shebaa, um pedaço de terra tomado por Israel desde 1967 que o Líbano reivindica.
Israel respondeu com fogo de artilharia e ataques de drones. A televisão israelense disse que mais tarde empregou um sistema de defesa antimísseis. Não houve relatos de vítimas.
Os países ocidentais, liderados pelos EUA, denunciaram o ataque de sábado. O presidente norte-americano, Joe Biden, emitiu um aviso contundente ao Irã e a outros países: "Este não é um momento para qualquer partido hostil a Israel explorar esses ataques."
Osama Hamdan, líder do Hamas no Líbano, disse à Reuters que a operação de sábado deve fazer com que os países árabes percebam que aceitar as exigências de segurança israelenses não trará a paz.
Em todo o Oriente Médio, houve manifestações de apoio ao Hamas, enquanto o Irã e o Hezbollah elogiaram o ataque.
O fato de Israel ter sido pego completamente desprevenido foi lamentado como uma das piores falhas de inteligência de sua história, um choque para uma nação que se vangloria de sua intensa infiltração e monitoramento de militantes.
Os principais índices da Bolsa de Valores de Tel Aviv caíram 6% no domingo e os investidores esperam que a violência provoque uma fuga de ativos para o ouro e outros ativos considerados como mais seguros.
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