Juiz Federal Eduardo Appio, crítica Globo e Lava Jato após entrevista de Lula ao Fantástico

Juiz Federal Eduardo Appio, crítica Globo e Lava Jato após entrevista de Lula ao Fantástico

O juiz federal Eduardo Appio reforçou as críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tratamento recebido durante a Operação Lava Jato, em entrevista concedida ao programa Boa Noite 247 , após exibição da entrevista de Lula ao Fantástico da Rede Globo no último domingo (15). Na ocasião, o presidente criticou sua prisão e questionou a falta de presunção de inocência no processo judicial que o envolveu.

Durante uma entrevista ao Fantástico , Lula afirmou que foi preso antes de poder se defender, mencionando que a imprensa e a justiça falharam ao não respeitar seus direitos. A Globo, no entanto, interrompeu uma exibição para enfatizar que a defesa de Lula participou de todas as etapas do julgamento. A edição gerou um forte debate, com críticas à manipulação do conteúdo. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, acusou a emissora de omitir abusos processuais já reconhecidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Appio, que se destacou como uma voz crítica à Lava Jato, comparou as ações da Globo com as táticas adotadas pelo ex-juiz Sérgio Moro, ex-responsável pela operação. Ele afirmou que a edição da entrevista foi semelhante às manipulações processuais realizadas por Moro durante o julgamento de Lula. “A Globo utilizou o mesmo método que Moro usou no processo judicial. As falas do presidente Lula foram cortadas e recortadas de maneira a distorcer o conteúdo”, disse Appio.

O juiz também reforçou a crítica ao papel da mídia, acusando veículos como a Globo e a revista Veja de serem cúmplices na divulgação de delações premiadas que mais tarde se provaram falsas. “A mídia corporativa desempenhou um papel fundamental na divulgação de delações que, posteriormente, se revelaram manipuladas”, afirmou.

Além disso, Appio questionou a ausência de punições para Moro, criticando a falta de consequências judiciais sobre os abusos cometidos durante a Lava Jato. Ele apresentou que o uso indevido da jurisdição para fins pessoais deveria ter gerado sanções disciplinares, algo que, segundo ele, nunca ocorreu.

O juiz desafiou ainda os envolvidos na operação de abrir seus sigilos bancários e fiscais para provar que não se beneficiaram financeiramente das ações da Lava Jato. “Eu desafiei esses indivíduos a abrirem seus sigilos para mostrar à nação que não enriqueceram com a operação”, provocou Appio.

Por fim, o juiz federal fez um alerta sobre a necessidade de uma investigação mais profunda sobre os bilhões de reais desviados da União, um tema que considera supervisionado pela Justiça e pela mídia. “Há um inquérito em andamento investigando organização criminosa e corrupção envolvendo personagens centrais da operação, mas pouco se falou sobre isso”, disse.

Para Appio, a prisão de Lula foi um “golpe branco” que influenciou diretamente o resultado das eleições de 2018, facilitando a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência. “O resultado disso foi que executivos da Odebrecht foram liberados, enquanto os brasileiros começaram privados dos bilhões desviados”, concluiu.

A entrevista de Appio reitera a continuidade das controvérsias em torno da Lava Jato, da cobertura da mídia e das implicações políticas das decisões tomadas durante o processo.

 

Fonte: Brasil247

Por Jornal da República em 26/12/2024
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