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Marcinho VP ocupa cadeira nº 1 da recém-criada Academia Brasileira de Letras do Cárcere
Em um movimento que parece saído de um roteiro digno de Hollywood, a recém-criada Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC) vem para desafiar as convenções, transformando detentos em dignos membros da literatura brasileira. No coração deste projeto está MÁRCIO DOS SANTOS NEPOMUCENO, mais conhecido como Marcinho VP, que, após 37 anos de reclusão, agora ocupa a cadeira número um da ABLC, uma homenagem ao icônico escritor Graciliano Ramos.
Marcinho VP, condenado a mais de 50 anos por uma série de crimes, encontrou na literatura uma forma de sobrevivência e expressão dentro do sistema prisional. Autor de três livros, ele representa a figura central dessa inovadora academia, que visa dar voz aos que, mesmo confinados, têm histórias para contar.
A cerimônia de posse, impossibilitada de contar com a presença física de Marcinho devido ao regime fechado que cumpre em Campo Grande (MS), teve representantes de sua família, destacando o poder transformador da escrita. A advogada e coautora de um dos livros de Marcinho, Paloma Gurgel, ressaltou a reabilitação de seu cliente através da literatura, evidenciando o papel redentor que a arte pode exercer na vida dos encarcerados.
Junto a Marcinho, outros nomes notáveis foram empossados, como o poeta Fábio da Hora Serra, conhecido como Sagat, que ocupa a cadeira número dois, homenageando Nelson Mandela. Sagat, ex-membro do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC), narra em sua autobiografia, “Do Bandido ao Artista”, a jornada de redenção através da arte.
A ABLC não se limita apenas a reconhecer o talento literário de detentos já estabelecidos. Amanda Karoline, por exemplo, condenada após um plano de vingança contra o marido abusivo, prepara-se para tomar posse na academia com sua obra “De Tambaba à prisão”, mostrando que a escrita pode ser um caminho para a liberdade, mesmo quando fisicamente se está confinado.
Do cárcere à cultura: detentos tornam-se imortais da literatura
Este projeto pioneiro, idealizado pelo desembargador aposentado Siro Darlan, nasce da observação da prática leitora nas penitenciárias, incentivada pela possibilidade de remição de pena. A ABLC se apresenta, portanto, como uma plataforma de transformação e expressão, onde a pena e o papel se encontram para reescrever destinos.
A criação da ABLC levanta debates importantes sobre justiça, reabilitação e o poder da literatura. Em um país onde a realidade carcerária é muitas vezes marcada pela violência e pelo esquecimento, iniciativas como essa ressaltam a importância de enxergar o indivíduo além de seus erros, oferecendo caminhos para a redenção através da cultura e da educação.
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