Luigi Mangione e Brian Thompson: seria insanidade ou justiça? E como a crise da saúde estadunidense afeta a civilização

Luigi Mangione e Brian Thompson: seria insanidade ou justiça? E como a crise da saúde estadunidense afeta a civilização

No dia 4 de novembro, o mundo presenciou um caso que deixou, principalmente, os CEOs das grandes empresas americanas, em estado de alerta.

O executivo Brian Thompson, CEO da UnitedHealthCare, uma das maiores seguradoras internacionais da área da saúde, foi executado a tiros do lado de fora do hotel Hilton, em Manhattan, Nova York. 

O suposto autor do crime, Luigi Mangione, teria o feito como ato de revolta contra o capitalismo, especialmente contra o sistema de saúde americano, frequentemente questionado por priorizar o lucro em detrimento do bem-estar das pessoas. Tendo em vista que, não existe atendimento médico gratuito, como o oferecido pelo SUS - Sistema Único de Saúde - no Brasil, em determinado território.

O manifesto do suspeito descreve os problemas sofridos devido o descaso para com ele, e sua indignação com o sistema. Também continha a imagem de um raio-x com uma fusão espinhal, além de detalhes do planejamento do crime.

Luigi, apesar de descendente de uma família proeminente em Maryland e de sua criação privilegiada, tendo estudado em colégios particulares e sendo graduado em uma universidade de elite americana, não passou impune, e infelizmente, também foi alvo de tais problemas.

De modo que, segundo a polícia, foi um fator agravante na situação, e que acabou por motivar tamanho ódio e revolta contra empresas relacionadas a atendimentos médicos, e seguradoras da área, como a UnitedHealthCare. Levando-o então, a planejar e cometer o homicídio. 

Mangione, foi vítima de uma lesão na coluna, resultado de um acidente sofrido pelo mesmo em julho de 2023, que parece ter mudado sua vida para sempre. Tal ferimento é causa de fortes dores, portanto há relatos de que ele faria uso de muitos analgésicos, o que poderia causar certa confusão mental.

Dado que, o jovem foi descrito por pessoas próximas como alguém muito inteligente, social e amigável, além de não ser muito engajado politicamente. Alguns chegaram a dizer que ele seria “simplesmente a última pessoa que você suspeitaria”. 

A população vem lidando com esse caso como uma prática de justiça, tal qual uma espécie de vigilantismo. O jovem está sendo adorado e tratado como um tipo de herói, pelas pessoas na internet. Todos estão visivelmente frustrados com o sistema de saúde e suas seguradoras, que muitas vezes negam cobrir atendimentos ou procedimentos médicos, abandonando seus pacientes mesmo com o devido pagamento do plano. Sendo atualmente, a dívida médica, uma das que mais afetam famílias no país. Uma crise no setor se evidencia, visto o apoio dado ao autor do crime, e não à vítima do assassinato. 

Esse é apenas um exemplo, de uma realidade que atinge mais de 100 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Que acabam por precisar vender seus bens ou fazer parcelas para até o fim de suas vidas, para quitar uma dívida. Especialistas afirmam que há motivos para preocupação de que o desapontamento de cidadãos destituídos de um de seus direitos mais básicos – a saúde –, reflita no surgimento de uma estrutura de permissão para violência direcionada, o que pode ser um golpe inicial para uma guerra de classes. 

Logo, vangloriar um assassino, nessa situação, é insanidade ou justiça? Seria Luigi Mangione apenas mais um louco ou um verdadeiro justiceiro que traria a revolução?

Por: Maria Eduarda Pereira Marques (2024)

Por Jornal da República em 15/12/2024
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