Lula é o “jarareco” desastrado

(...) LULA - é o major do palácio Bandeirantes. Um desastrado. Só se mete na hora errada. E diz besteiras sem parar. Preocupado em manter-se como líder maior do PT, quando abre a boca é para escancarar o baixo nível político de sua esperteza. E o pais lhe dando novos, criativos e perfeitos apelidos, como agora o de “Jarareco”: mistura de “jararaca com pixuleco”.

Lula é o “jarareco” desastrado

Sebastião Nery

O Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, estava agitado naquela noite, em 1984. O governador Franco Montoro tinha convocado os governadores do PMDB e Leonel Brizola, do PDT, para jantar. Com a derrota das eleições diretas na Câmara, ia ser lançada a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República, pelo Colégio Eleitoral. Montoro tinha dado ordens expressas à portaria: só entravam os convidados: governadores, senadores, deputados federais e estaduais e os jornalistas credenciados.

De repente surgiu uma confusão lá fora. Um homem baixinho chegou sem convite e foi barrado. O major-chefe da guarda não o deixou entrar. Ele disse que era governador, o major não acreditou. O baixinho reclamou aos gritos. Lá da varanda, vi, reconheci o visitante e avisei ao governador Franco Montoro, que saiu rápido.

O major grandalhão estava barrando com o braço o pequenino governador do Acre, depois senador Nabor Júnior, um metro e meio de altura. Montoro chegou aflito e irado:

– Major, pode ir embora! Está afastado do Palácio! Não tem condições de exercer essa função. Não conhece o governador Nabor Júnior, do Acre?

O major coitado quase chorou, abaixou a cabeça e foi saindo:

– Ai meu Deus! Desde a escola primária que esse Acre me persegue. Eu nunca acertava a capital. Como é que eu ia acertar agora o governador?

Nabor já estava lá dentro. E nós, alguns deputados e jornalistas, às gargalhadas, pedimos a Montoro para perdoar o pobre major. Foi perdoado.

LULA

Lula é o major do palácio Bandeirantes. Um desastrado. Só se mete na hora errada. E diz besteiras sem parar. Preocupado em manter-se como líder maior do PT, quando abre a boca é para escancarar o baixo nível político de sua esperteza. E o pais lhe dando novos, criativos e perfeitos apelidos, como agora o de “Jarareco”: mistura de “jararaca com pixuleco”.

MILTON REIS

Conheci Milton Reis nos anos 50. Vizinhos de andar no Hotel Financial, em plena Avenida Afonso Pena, no coração de Belo Horizonte. Educadíssimo, de simpatia cativante e boas posições políticas, ele trabalhava para o banqueiro Antônio Luciano, dono do hotel e do Banco Financial e dava seus primeiros passos na vida pública, onde exerceria sucessivos mandatos de deputado estadual e federal pelo PTB mineiro.

Milton era homem de confiança de João Goulart em Minas, amigo próximo de Juscelino Kubitschek e aliado fiel de Tancredo Neves. Foi fidelíssimo à candidatura do marechal Lott à presidência em 1960, mesmo sabendo do naufrágio que se anunciava diante do furacão janista.

Dispensou a presença do pesado candidato da coligação PSD-PTB e percorreu sua região de influência, o rico e histórico sul de Minas, levando a suave e carismática Edna Lott, a filha, que encantava com sua palavra fácil e seu charme, e que iria ter morte trágica, anos depois, na estância climática de Lambari, assassinada por um ex-namorado.

Em 1964 Milton Reis escapou do Ato Institucional nº 1 por conta da má informação dos milicos. Passou por puro descuido, após ter sido um escudeiro fiel do governo de Jango. Reelegeu-se deputado federal pelo MDB mineiro em 1066, ao lado de outros grandes nomes como Tancredo Neves, Simão da Cunha, José Maria Magalhães, Renato Azeredo, João Herculino, Celso Passos e Nísia Carone. Fez dura oposição ao regime militar e, como vice-líder do líder Mário Covas, encaminhou a votação em que a Câmara dos Deputados negou licença para processar Márcio Moreira Alves.

No AI-5, em dezembro de 1968, apenas o discreto Renato Azeredo e Tancredo Neves (irmão de general…) escaparam da fúria que dizimou a admirável bancada do MDB de Minas.

POETA E POLÍTICO

Cassado, Milton Reis foi cuidar da vida. Publicou livros de poesia (um deles, “Vozes da Minha Fonte”, prefaciado pelo mestre Agripino Grieco, foi saudado pela crítica como de altíssimo nível), abriu uma financeira e ficou rico. Mas não transigiu, não se acumpliciou, não aderiu aos golpistas de 64. Manteve-se retilíneo e fiel às suas profundas convicções democráticas. Até que em 1982, fazendo a campanha de Tancredo ao governo mineiro, recuperou o mandato que a ditadura lhe havia roubado. Foi meu colega na Câmara, dos melhores e mais atuantes.

Milton era um animal político. Amigo de Tancredo, apoiou Aécio para a Presidência e fez um concorrido jantar em sua casa para o ex-deputado Pimenta da Veiga, candidato tucano ao Palácio da Liberdade. Perguntado pelas possibilidades de Pimenta, foi mineiramente sibilino:

– “Venha, te espero. Não é um jantar de homenagem, é de solidariedade. O Pimenta é boa gente e vai ganhar muita experiência”.

Morreu em Minas meu querido colega, dileto amigo Milton Reis.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Também fui amigo de Milton Reis, que era uma figura notável, tinha uma casa em Copacabana, no Posto Dois, onde deu uma grandiosa festa para Tancredo Neves, quando ele foi eleito presidente. Era educadíssimo, sempre de bom humor, virou um cidadão do mundo, mas tinha paixão por Pouso Alegre, no Sul de Minas, que era sua base eleitoral. Foi o principal responsável pelo desenvolvimento.

Sebastião Nery

 

 

Por Jornal da República em 12/12/2022
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