Lula é recebido com entusiasmo na 112ª Conferência da OIT em Genebra

Lula é recebido com entusiasmo na 112ª Conferência da OIT em Genebra

  O Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi calorosamente recebido ao chegar para a 112ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na última quinta-feira, 13 de junho de 2024. A recepção eufórica contou com aplausos, selfies e cumprimentos animados, culminando em um coro de "Olê, Olê, Olá, Lula". Lula descreveu a recepção como “uma grande satisfação” e destacou a importância do carinho recebido.

Liderança na Justiça Social

Lula abriu o encontro representando os trabalhadores e destacou sua oposição à desigualdade e à exclusão social. No evento, que teve como tema central a justiça social, Lula discursou sobre a necessidade de ligar o bem-estar da população aos compromissos de preservação ambiental. Ele enfatizou que a relação entre capital e trabalho é crucial para minimizar as desigualdades sociais. Segundo Lula, "Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade".

O presidente brasileiro aceitou o convite do diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo, para co-presidir a Coalizão Global para a Justiça Social. A coalizão tem o objetivo de implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, com foco especial no ODS 8, que trata de trabalho decente para todos. Lula ressaltou a persistência da informalidade, precarização e pobreza, problemas que precisam ser enfrentados de maneira global.

Preocupações com Desigualdades e Pobreza

Durante seu discurso, Lula apontou o aumento do número de pessoas em empregos informais, que passou de aproximadamente 1,7 bilhão em 2005 para 2 bilhões atualmente. Ele mencionou também que a renda do trabalho continua em queda, especialmente para os menos escolarizados, e que muitos jovens não encontram espaço no mercado de trabalho, vivendo em desalento. O presidente ressaltou que cerca de 215 milhões de pessoas, mais do que a população do Brasil, vivem em extrema pobreza, mesmo estando empregadas.

Propostas para uma Nova Globalização

Lula defendeu a importância de uma nova globalização com foco humano e criticou a concentração de riqueza. Ele sugeriu a taxação dos super-ricos e sublinhou a necessidade de utilizar as tecnologias emergentes para melhorar o universo laboral. O presidente lembrou que "nunca antes o mundo teve tantos bilionários", mencionando que 3 mil pessoas detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio, uma soma equivalente à riqueza conjunta do Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido. Ele argumentou que, ao invés de buscar soluções em Marte, é a Terra que precisa de cuidado.

Transição Ecológica e Digital

Além da justiça social, Lula frisou que o bem-estar dos cidadãos está ligado ao compromisso com a preservação ambiental. Ele defendeu uma transição energética focada no desenvolvimento sustentável e na promoção da sociobioeconomia, industrialização verde e energias renováveis. Lula também destacou a importância da transição digital, mencionando que a inteligência artificial transformará radicalmente a vida cotidiana e que é necessário garantir que seus benefícios sejam amplamente distribuídos.

Lançamento da Coalizão Global pela Justiça Social

A Coalizão Global pela Justiça Social, lançada no ano passado, já conta com mais de 250 membros, incluindo governos, organizações de trabalhadores e empregadores, organizações multilaterais e nacionais, instituições financeiras, organizações acadêmicas e ONGs internacionais. A conferência anual da OIT, que reúne os 187 Estados-membros, ocorre de 3 a 14 de junho, e a delegação brasileira inclui membros do Executivo, Legislativo e Judiciário, além de representantes da sociedade civil e de sindicatos.

Lula concluiu seu discurso destacando a importância de uma participação mais igualitária dos países em desenvolvimento nos organismos de governança global. Ele defendeu a ratificação da Emenda de 1986 à Constituição da OIT, que propõe eliminar os assentos permanentes dos países mais industrializados no conselho da organização. "Nossas decisões só terão legitimidade e eficácia se tomadas e implementadas democraticamente", afirmou Lula, reforçando seu compromisso com a justiça social, trabalho decente e igualdade no cenário global.

Fonte: urbsmagna

Por Jornal da República em 14/06/2024
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