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Em meio à articulação pela reeleição em 2026, o presidente Lula faz uma jogada estratégica para atrair o apoio de Gilberto Kassab e o PSD, uma das forças políticas mais influentes do país. Na eleição para a prefeitura de Belo Horizonte, o PT se alia à centro-direita ao apoiar a reeleição de Fuad Noman (PSD) no segundo turno contra Bruno Engler (PL), candidato de Jair Bolsonaro.
A movimentação de Lula não é surpresa. Desde o início do processo eleitoral, o presidente queria se coligar a Fuad já no primeiro turno, acreditando que o apoio ao atual prefeito, que o apoiou em 2022, seria crucial para derrotar o bolsonarismo e fortalecer sua posição para 2026. No entanto, o PT mineiro decidiu lançar Rogério Correia como candidato próprio, o que resultou em um desempenho abaixo das expectativas, com Correia terminando apenas em sexto lugar no primeiro turno.
Após a derrota do PT na primeira fase da eleição, Lula e o partido rapidamente se uniram a Fuad. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reforçou o apoio do presidente ao prefeito reeleito, mesmo com Fuad sendo parte de uma coligação majoritariamente conservadora. "O Fuad apoiou o presidente Lula [em 2022]. Agora que foi ao segundo turno, já inclusive conversou com ele [Lula]. O presidente reforçou o apoio ao Fuad, que estará no segundo turno contra um ícone dessa extrema-direita", afirmou Padilha.
A aposta de Lula no PSD, especialmente em Minas Gerais, tem uma justificativa sólida. O estado é um campo de batalha crucial para qualquer candidato presidencial. Desde 1950, nenhum candidato à presidência venceu sem conquistar Minas, considerado um microcosmo do Brasil devido à sua diversidade regional e sociodemográfica. Em 2022, Lula superou Bolsonaro no estado por uma margem estreita, com 50,9% dos votos contra 49,1%.
Fuad Noman, com seu perfil técnico e sem grandes ambições políticas além da prefeitura, tornou-se a peça-chave para Lula garantir o apoio de Kassab, presidente do PSD, na disputa presidencial de 2026. O PSD saiu vitorioso do primeiro turno das eleições municipais em Minas, elegendo 140 prefeitos, consolidando-se como a principal força política no estado.
A aliança entre Lula e Kassab, no entanto, enfrenta desafios. Kassab, que atualmente ocupa o cargo de secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, pode pender para o lado conservador, caso Tarcísio decida concorrer à presidência em 2026. Kassab já sinalizou que preferiria ver Tarcísio buscar a reeleição em São Paulo, o que abriria espaço para um possível apoio a Lula.
Uma polarização inevitável em Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, a polarização entre direita e extrema-direita dominou o cenário eleitoral. Fuad, embora seja apoiado por partidos de centro-direita e centro, enfrenta Bruno Engler, um nome forte do bolsonarismo e aliado de Nikolas Ferreira, deputado federal bolsonarista que também emerge como uma força crescente na política mineira. Engler aposta em um discurso agressivo e tenta pintar Fuad como um candidato de esquerda, apesar do prefeito ter se distanciado dessa narrativa para não alienar eleitores mais conservadores.
Enquanto Fuad rejeita subir ao palanque com o PT, a aliança pragmática com Lula é vista como uma jogada estratégica para garantir um bloco de apoio no estado. O PSD, que no sul do país tem forte presença bolsonarista, é uma colcha de retalhos de alianças regionais, o que torna a disputa pelo apoio da legenda em 2026 um "leilão", como apontou o cientista político Rudá Ricci.
No entanto, o apoio do PT a Fuad em Belo Horizonte segue uma tendência nacional de alianças com partidos de centro-direita no segundo turno. Em outras capitais, como João Pessoa e Manaus, o partido de Lula também optou por apoiar candidatos conservadores contra figuras ligadas ao bolsonarismo.
Desafios para 2026
A estratégia de Lula em Minas Gerais é parte de uma trama maior para garantir seu caminho de volta ao Palácio do Planalto em 2026. O PSD, com sua força no Senado e número crescente de prefeitos, será um fiel da balança nas eleições presidenciais. Se Kassab optar por apoiar Lula, o presidente terá um palanque forte no estado, mas a presença de Tarcísio e o crescimento da extrema-direita liderada por Nikolas Ferreira e Bruno Engler mostram que a disputa será acirrada.
Com um eleitorado mineiro cada vez mais conservador, Lula terá que equilibrar alianças e evitar que o estado, que já foi bastião de forças progressistas, caia nas mãos da direita radical.
Fonte: UOL
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