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O mês de julho se encerrou com um brilho especial nas festas juninas e julinas por todo Rio e Grande Rio. Diferentemente de décadas anteriores, onde as apresentações aconteciam predominantemente nas ruas do subúrbio carioca, o cenário atual mostra uma migração para quadras e salões, revelando uma maior organização e sofisticação estética que, por vezes, se assemelha às apresentações de escolas de samba.
Tais festas, tradicionalmente associadas ao interior do país, encontraram raízes profundas no coração dos cariocas, que absorveram a cultura popular com fervor e paixão. Comunidades de diversos bairros abraçaram essa tradição e trouxeram sua identidade única para as festividades, preservando as raízes culturais e a alegria que permeiam essas celebrações.
Ao longo dos anos, as Quadrilhas e Festas Juninas passaram por uma verdadeira revolução no Rio de Janeiro. As apresentações, antes simples e despojadas, ganharam um novo patamar com investimentos de tempo e recursos financeiros, tornando-se espetáculos cada vez mais luxuosos e impressionantes. A transformação do cenário é notável, e muitas vezes é possível observar uma sofisticação que rivaliza com desfiles de escolas de samba, conhecidos mundialmente pela grandiosidade.
Essa evolução não aconteceu sem desafios, e as comunidades envolvidas nas Quadrilhas enfrentaram obstáculos para viabilizar suas apresentações, com vestidos dos destaques chegando ao custo de cinco mil reais por exemplo. Aumentar a qualidade e a grandiosidade das festas implica em maiores custos, o que demandou um esforço conjunto dos membros das comunidades e de patrocinadores para tornar possível a realização dos eventos. Porém, apesar das dificuldades, a adesão e o apoio da população têm sido fundamentais para a continuidade dessas tradições enriquecidas pelo toque carioca.
MIGRAÇÃO DAS RUAS PARA AS QUADRAS E SALÕES
Porém o fim das apresentações nas antigas e tradicionais festas de rua, como também as Quadrilhas, e a migração para salões e quadras estão associados a uma combinação de fatores. Estudos apontam que o desinteresse crescente do público, que muitas vezes não é verdadeiramente fã dessas manifestações culturais, têm contribuído para a queda de adesão aos eventos de rua. Com o passar dos anos, a urbanização e a diversificação das opções de entretenimento também afetaram a preferência do público, direcionando-o para outras atividades.
Além disso, o aumento da violência urbana em algumas regiões do Rio de Janeiro, principalmente nos subúrbios onde é mais tradicional estes eventos, tornou as festas de rua menos atrativas e, em alguns casos, inseguras para a população. Essa conjunção de fatores tem levado as comunidades a buscar alternativas mais seguras e controladas, como salões e quadras, onde é possível manter a tradição viva, sem comprometer a segurança e o interesse do público participante. A migração para esses espaços também possibilita maior controle de acesso, melhor infraestrutura e condições climáticas mais previsíveis, garantindo que as festas continuem a encantar o público e preservem suas raízes culturais.
No contexto das festas tradicionais e Quadrilhas luxuosas e sofisticadas no Rio de Janeiro, o Centro Esportivo Campo do Arnão em Duque de Caxias se destacou ao realizar, pela primeira vez, este tipo de evento em suas instalações. Reconhecido como um dos centros esportivos mais tradicionais do município, o Campo do Arnão tem sido uma peça fundamental na promoção de atividades que enriquecem a vida cultural e esportiva da comunidade local. Sob o apoio incansável da Secretaria de Esporte e Lazer, bem como a administração exemplar de Diego Chapoca e Naldo Costa desde 2017, o centro tem proporcionado aulas de Zumba, Ritbox, Danças, Futebol, entre outros esportes, agregando ainda mais valor à sua reputação de espaço de integração e lazer para todas as idades. Com a realização das Quadrilhas de Salão, o Campo do Arnão abraça mais uma iniciativa cultural, mostrando sua capacidade de se adaptar às demandas da comunidade e de se tornar palco para celebrações memoráveis.
"As festas juninas e julinas com as apresentações das Quadrilhas são uma parte essencial de nossa identidade cultural e devemos celebrá-las com todo o entusiasmo que pudermos", enfatiza Diego Chapoca.
Diego Chapoca & Naldo Costa, adminstradores do Arnão
A TRADIÇÃO QUE VIROU LUXO
Contudo, a maior organização das festas e o investimento em cenários e figurinos chamativos têm atraído cada vez mais espectadores, transformando as festas em verdadeiros eventos culturais do calendário carioca. O engajamento da comunidade em tornar essas festividades ainda mais atraentes e memoráveis é visível em cada detalhe das apresentações.
Entretanto, apesar da sofisticação crescente, a essência das festas não se perdeu. A competição amigável entre as quadrilhas continua, assim como a busca por manter as tradições vivas. Os passos coreografados e as músicas típicas encantam o público, que se envolve e torce por suas favoritas, fortalecendo os laços entre os moradores e reforçando o sentimento de pertencimento a suas comunidades.
Neste ano, com uma disputa acirrada entre 15 quadrilhas se apresentando no Centro Esportivo Campo do Arnão, houve um empate emocionante entre as Quadrilhas Aurora Boreal com Luís Tavares e Gonzagão do Pavilhão com Wagner Bastos. Ambas quadrilhas alcançaram a perfeição e tiraram notas 10 em todos os quesitos, demonstrando um nível de excelência e dedicação que surpreendeu a todos. A emoção tomou conta do público presente, e os aplausos calorosos celebraram a habilidade e paixão que esses grupos trouxeram para o evento, mantendo a chama das Quadrilhas viva e vibrante. Esse empate inesperado só reforça a importância dessas celebrações como forma de preservar a tradição e unir as comunidades em torno de suas raízes culturais.
Aurora Boreal com Luís Tavares e Gonzagão do Pavilhão com Wagner Bastos
As festas juninas e julinas do Rio de Janeiro se tornaram um verdadeiro exemplo de como é possível modernizar tradições sem perder sua essência. A fusão de luxo e paixão, aliadas a um senso de comunidade, proporciona ao público momentos inesquecíveis e ressalta o valor da cultura popular na identidade carioca.
Que venham mais anos de celebração, tradição e renovação, para que as Quadrilhas continuem encantando gerações e mantendo viva a cultura brasileira em solo carioca e fluminense.
por: Léo Paes Mamoni
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