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No governo de Jair Bolsonaro (PL) muito se soube sobre a vida até então quase incógnita dos militares brasileiros. Fora de cena desde a Ditadura, esses servidores fardados voltaram ao “estrelato” após se alinharem politicamente ao ex-presidente de extrema direita (também oriundo dos quartéis, embora com carreira pífia e vexatória) e forçarem uma ruptura institucional cínica, que, por fim, resultou apenas em confusão e numa atmosfera horrorosa para o novo governo eleito.
Durante os quatro anos em que se mantiveram fielmente alinhados a Bolsonaro, vieram à tona seus salários altíssimos, suas gratificações e “penduricalhos” gordos, além das compras de um cardápio nababesco onde estavam toneladas e mais toneladas de bacalhau, picanha, camarão, bebidas caríssimas e quitutes finos. Agora, o que chega ao conhecimento público, são as verdadeiras boladas que os oficiais generais das Forças Armadas brasileiras recebem quando trocam de cargo.
Sim, quando esses militares trocam de “comando” recebem verdadeiras fortunas, embora quase todos vivam em imóveis funcionais com custo zero, dispondo de veículos, motoristas e todo tipo de regalia. As boladas recebidas ao trocarem de cidade ou estado, ou ainda quando passam para a reserva (se aposentam), vão de R$ 53 mil a R$ 300 mil. Os dados das últimas mudanças com os valores recebidos por 75 generais do Exército, sendo 11 dos 15 generais de quatro estrelas da Força, que ocupam o topo da carreira, foram revelados por uma reportagem da Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (13).
Esses pagamentos efetuados aos oficiais que trocam de comando, portanto indo para outras divisões de sua força militar, não têm qualquer relação com bancar custos de uma mudança física para um outro domicílio. É um “direito” atrelado ao valor de seus salários e, como esses vencimentos são elevados, tal “agrado” vem também em montantes exorbitantes.
A média que um general brasileiro recebe ao mudar de local de trabalho, ou na hora que vai para a reserva, é de R$ 100 mil, ainda que alguns beirem ou até ultrapassem os R$ 300 mil. No entanto, outros recebem menos, sendo que o menor valor encontrado nessas transferências foi de R$ 53 mil.
Veja o caso o general Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, que chegou às tão desejadas quatro estrelas em agosto de 2022. Ele recebeu R$ 130,9 mil ao sair do Comando de Operações Terrestres, em Brasília, para tomar posse como chefe no Comando Militar do Norte, em Belém (PA). Sete meses depois, em março deste ano, ele foi nomeado para o Comando Militar da Amazônia, e então precisará mudar para Manaus (AM). Nisso, a tal “ajuda de custo” será de R$ 159,3 mil. No total, em poucos meses, Neves receberá mais de R$ 290 mil.
Situação semelhante ocorreu com o general Andrelucio Ricardo Couto. Após receber a chefia do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia no ano passado, ele foi recentemente nomeado comandante de Operações Especiais, em Goiânia (GO). Essas duas transferências, somadas, renderam mais de R$ 275 mil ao oficial.
O que está previsto na lei que versa sobre esses pagamentos é que o servidor militar que for deslocado deverá receber duas vezes o valor de seu salário cada vez que for transferido. Se a cidade para onde ele for constar numa lista de locais em que o acesso é mais complicado, esses pagamentos dobram e ele terá que receber quatro vezes o seu ordenado por cada transferência.
Mas a grande mamata mesmo é a ida para a reserva. Quando um general põe o pijama e sai do quartel definitivamente, o ordenamento legal prevê que ele receberá oito meses de salário relativos ao último posto que ocupou, o que atualmente, no caso dos generais de quatro estrelas, equivale a mais de R$ 300 mil de uma vez caindo na conta. (Da Revista Fórum)
Da Editoria Última Hora
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