Michelle Bolsonaro será intimada pela PF a depor sobre esquema com Mauro Cid

Esposa do ex-presidente está no centro de novo braço de investigação da Polícia Federal que contém indícios de corrupção dentro do Palácio do Planalto

Michelle Bolsonaro será intimada pela PF a depor sobre esquema com Mauro Cid

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro será intimada pela Polícia Federal (PF) a depor no âmbito da investigação que apura um esquema de corrupção dentro do Palácio do Planalto durante o mandato de seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Michelle está no centro de um dos desdobramentos do inquérito da PF contra o ex-ajudante de ordens de seu esposo, o tenente-coronel Mauro Cid, que foi preso sob a acusação de liderar um esquema de falsificação de cartões de vacina que teria beneficiado, inclusive, o próprio Bolsonaro. A partir da apreensão do celular de Cid, descobriu-se um esquema de depósitos suspeitos feitos pelo militar, em dinheiro vivo, à ex-primeira-dama. 

Segundo a jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, uma fonte da PF informou que Michelle será, em breve, intimada a depor. O depoimento, entretanto, ainda não tem data marcada e deve ocorrer  no “melhor momento para a investigação”

Nesta terça-feira (16), quem ficará cara a cara com os investigadores é Jair Bolsonaro. O ex-presidente prestará depoimento no âmbito da investigação que apura as fraudes nos cartões de vacina e que ensejou, inclusive, uma operação de busca e apreensão da PF em sua residência na capital federal. 

O esquema de Mauro Cid com Michelle
A PF investiga suposto desvio de dinheiro e rachadinha dentro do Palácio do Planalto. A última descoberta dos investigadores neste sentido dá conta de uma série de depósitos em dinheiro vivo feitos por Mauro Cid à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

No último sábado (13) foi revelado que, após a abertura do sigilo de servidores da Ajudância de Ordens da Presidência da República, a PF chegou a transações suspeitas entre um militar, Luis Marcos dos Reis, e a ex-primeira-dama. A suspeita é de que se trata de uma versão do esquema de rachadinha, quando o dinheiro sai de dentro do governo, atravessa contas até voltar para um servidor em sua conta. De acordo com a PF, Reis é peça-chave na história. Ele era subordinado a Mauro Cid.

Segundo a investigação, o dinheiro saía da Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção - que tinha um contrato com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) - para a conta de Reis. Foram R$ 25 mil. O sargento, então, sacava o dinheiro vivo em caixa eletrônico. Os depósitos iam para a conta de Rosimary Cordeiro, amiga de Michelle Bolsonaro e assessora do senador Roberto Rocha (PTB-MA), que emitiu um cartão de crédito para a primeira-dama.

De acordo com a PF, o dinheiro ia para pagar o cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro. Em áudio, Mauro Cid confessou que o esquema era similar ao de rachadinha. "É a mesma coisa do Flávio [Bolsonaro]. O problema não é quanto! É como deputado, rachadinha, essas coisas", diz.

Além disso, foram feitos 12 depósitos para a conta de Maria Helena Graces de Moraes Braga, tia de Michelle Bolsonaro. Entre abril e julho de 2022 ela recebeu R$ 2840 mensais em depósitos de sargentos do exército ou de terminais de autoatendimento na Praça dos Três Poderes.

Agora, a PF encontrou em trocas de mensagens via WhatsApp as fotos de 7 comprovantes de depósitos em dinheiro vivo enviadas a assessoras de Michelle Bolsonaro.

“A análise também identificou seus comprovantes de depósitos para a primeira-dama Michelle Bolsonaro no período de 8 de março de 2021 a 12 de maio de 2021, realizados por meio de depósitos fracionados em caixas eletrônicos de autoatendimento e um comprovante de depósito em espécie, possivelmente no atendimento presencial. Os comprovantes foram localizados tanto no grupo de WhatsApp da Ajudância de Ordens da Presidência da República, como em trocas de mensagens”, explicou a PF.

Ao todo, os depósitos somaram R$ 8600. O fato dos depósitos terem sido feitos de forma fracionada em caixas eletrônicos, e a partir de dinheiro vivo, faz com que os investigadores acreditem que, neste caso, esteja refletida a prática da rachadinha. Os pagamentos feitos desta maneira não permitem, por exemplo, a identificação da origem do depósito. A PF agora quer saber de onde vieram esses recursos para comprovar ou não a tese da linha de investigação.

Além desses comprovantes flagrados nas mensagens, também foi identificado um depósito de R$ 5 mil, em julho de 2021, que saiu diretamente da conta de Mauro Cid em direção a da ex-primeira-dama. (Da Revista Fórum)

Por Jornal da República em 15/05/2023
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