MILEI E AS RELACOES COM O BRASIL E O MERCOSUL

MILEI E AS RELACOES COM O BRASIL E O MERCOSUL

A eleição de Javier Milei como presidente da Argentina, gerou incertezas sobre o futuro das relações entre o país vizinho e o Brasil. Milei, que se define como um ultraliberal, anarcocapitalista e um antipolítico, prometeu dolarizar a economia, fechar o Banco Central, cortar os gastos públicos e os subsídios sociais, e romper com o status quo político argentino.

Suas propostas radicais e seu discurso provocador contrastam com a agenda do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que defende uma maior integração regional, uma política social mais inclusiva e uma diplomacia multilateral.

Como ficará, então, a relação entre Brasil e Argentina, que é considerada estratégica para a inserção dos dois países na região e no mundo? O futuro do Mercosul depende de como o governo Milei vai se relacionar com os demais países do bloco, especialmente o Brasil, que é o principal parceiro comercial da Argentina.

O governo Milei pode colocar em risco essa parceria, caso ele cumpra suas promessas de campanha. A dolarização da economia argentina, por exemplo, poderá afetar a competitividade das exportações brasileiras para o país, além de gerar instabilidade cambial e inflacionária.

O fechamento do Banco Central certamente vai comprometer a autonomia monetária e a regulação financeira do país, O corte dos gastos públicos e dos subsídios sociais vai agravar ainda mais a crise social e a pobreza na Argentina, que já atinge mais de 40% da população.

O rompimento com o status quo político vai levar a uma maior polarização e confrontação no cenário interno e externo, dificultando o diálogo e a cooperação com o Brasil e com outros países da região.

Diante desse cenário, o governo brasileiro terá que buscar formas de manter o canal de comunicação com o novo governo argentino, evitando cair em provocações e buscando pontos de convergência.

O presidente Lula já manifestou sua disposição de trabalhar com Milei, desejando-lhe “boa sorte” em uma mensagem nas redes sociais, sem citar seu nome.

O desafio será encontrar uma agenda comum que preserve os interesses e os valores compartilhados pelos dois países, que são fundamentais para a estabilidade e o desenvolvimento da América do Sul.
O futuro do Mercosul depende de como o governo Milei vai se relacionar com os demais países do bloco, especialmente o Brasil, que é o principal parceiro comercial da Argentina.

Milei já afirmou que pretende retirar a Argentina do Mercosul, mas depois amenizou seu discurso e disse que tem interesse em fechar o acordo entre o bloco e a União Europeia. No entanto, ele também defende uma maior flexibilização das regras do Mercosul, como o Uruguai, para poder negociar acordos bilaterais com outros países, como a China. Isso pode gerar conflitos com o Brasil, que defende uma maior integração regional e uma política externa multilateral.

Portanto, é possível que o Mercosul passe por uma reforma, mas não por um rompimento. Uma reforma poderia envolver a revisão da Tarifa Externa Comum (TEC), que é o imposto que os países do bloco cobram sobre as importações de fora da região, e que é considerado um entrave para a competitividade e a abertura comercial dos países-membros.

Em resumo, o Mercosul pode enfrentar desafios e mudanças com a eleição de Milei, mas também pode aproveitar a oportunidade para se adaptar às novas realidades e demandas do cenário internacional. O importante é que os países do bloco mantenham o diálogo e a cooperação, respeitando suas diferenças e buscando seus interesses comuns.
Até a próxima semana.

Filinto Branco

 

Por Jornal da República em 25/11/2023
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