Mourão desafia Bolsonaro e garante eleições em 2022

Vice-presidente afirmou que pleito ocorrerá mesmo sem “voto impresso” defendido veementemente pelo presidente da República

Mourão desafia Bolsonaro e garante eleições em 2022

DA REDAÇÃO - Depois de afirmar que governou falhou ao não fazer uma campanha “firme” para orientar a população sobre o Covid-19, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, voltou a contrariar o presidente da República, Jair Bolsonaro. Desta vez Mourão garantiu ao jornalista Gustavo Uribe, da CNNBrasil, que as eleições de 2022 serão realizadas mesmo sem o sistema do voto auditável defendido por Bolsonaro, que tem feito reiteradas acusações sem provas de fraude do atual sistema.

As declarações de Bolsonaro geraram reações tanto no Judiciário como no Executivo, além do Legislativo. Em resposta ao presidente, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, garantiu também o pleito de 2022.

"Cumpro o meu papel pelo bem do Brasil. Mas eleição vai haver, eu garanto", afirmou o ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Já o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em entrevista coletiva na última sexta-feira (9) afirmou, de forma enfática, que "Todo aquele que pretender algum retrocesso contra esses princípios será apontado como inimigo da nação".

E contrariando seu estilo comedido, o presidente do Congresso não deixou dúvidas que o poder legislativo não se submeterá às imposturas autoritárias do presidente Bolsonaro. “Nós não admitiremos especulações em relação à frustração das eleições de 2022. É algo que o Congresso repudia, evidentemente. Isso não decorre da vontade do presidente do Senado, ou da Câmara, da República, ou do Tribunal Superior Eleitoral. Isso advém da Constituição, à qual devemos obediência, reforçou.

Com seu temperamento cada vez mais irascível e descontrolado, Bolsonaro tem se dirigido aos opositores de forma cada vez mais ofensiva. Até o vice-presidente volta e meia recebe críticas diretas.

Na última terça-feira (6/7), o presidente Jair Bolsonaro disse que “vice bom é aquele que não aparece”. A declaração foi feita a apoiadores, no Palácio da Alvorada. A conversa foi transmitida por um canal simpatizante ao governo.

Sobre Barroso, o presidente tem sido mais agressivo e já o chamou de “imbecil”, “idiota” e por último e mais absurdo, de “pedófilo”, fato já rechaçado pelo próprio STF em nota oficial.

No fim de semana, emissários do Planalto fizeram chegar a Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a irritação de Bolsonaro com as contundentes declarações do senador. Por outro lado, segundo o analista político do Estadão, Marcelo Godoy, Pacheco virou opção entre militares que não querem a continuidade de Bolsonaro nem a volta do ex-presidente Lula.

O fato concreto é que o presidente da República segue em seu projeto de esgarçar o tecido institucional brasileiro ao macular a liturgia do cargo mais importante do país ao agredir ministros do STF, congressistas e todos que pensam diferente dele.

Para Jair Bolsonaro, a crise é um estado permanente.

(Com agências)

Por Jornal da República em 12/07/2021
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