O Brasil precisa conhecer o Brasil

Mucugê na Chapada Diamantina na Bahia

O Brasil precisa conhecer o Brasil

A falta de priorização do Turismo nas políticas públicas Nacionais é uma realidade, que precisamos reverter. O Turismo tem uma enorme capacidade de gerar renda e emprego, os quais o Brasil tanto precisa nesse momento de transição das economias mundiais. Essa indústria já é uma atividade fundamental em inúmeros países, com forte competição entre destinos, onde novos polos receptores como Emirados Árabes, Arábia Saudita e Sudeste Asiático têm total foco nesse setor.

É necessário refletir em como avançar na conscientização do Governo Federal e de toda a sociedade sobre o imenso potencial que temos no Turismo. Como sugestão para esse processo, é preciso iniciar e priorizar um esforço de inventariar os atrativos e potencialidades deste grande Brasil.

Somos um país continental e com uma variedade excepcional de destinos turísticos. Com investimentos baixos, poderíamos ser um forte destino mundial e ter um incremento expressivo de turismo interno. Com isso, deixaríamos de ser só um grande país emissor de turistas, o que fazemos há 20 anos, e de estar fora da relação dos 50 maiores destinos receptores de turistas. Urge, para o bem de nossa população, reverter essa dinâmica reequilibrando esses números.

Com os nossos 27 estados e mais de 5 mil municípios e com a ausência de uma coordenação Federal do Ministério do Turismo e da Embratur, deixamos de apresentar a oferta conjunta de atrações. Isso é reflexo de múltiplos fatores, sendo o principal a falta de conhecimento amplo desses ativos, o que dificulta o dimensionamento de orçamento, a priorização de estratégias e a divulgação deles em conjunto.

Como sugestão, o desenvolvimento deste inventário poderia ser uma das primeiras atividades em conjunto da Embratur com o Sistema – Sesc – Senac para colaborar com a difusão e expansão do Turismo como recentemente acordado. A agilidade e qualificação das instituições do sistema S e a sua capilaridade Nacional irá facilitaria todo esse processo.

A criação e apresentação adequada do nosso inventário é fundamental. Temos que fazer endomarketing, mostrar ao cidadão e aos turistas brasileiros e estrangeiros nossos atrativos, para eles possam considerar o Brasil em suas viagens de lazer e férias, divulgando naturalmente o destino em suas redes de amigos e familiares.

O processo pode ser iniciado com os 23 sítios eleitos Patrimônios da Humanidade pela Unesco, sejam históricos, ambientais ou ambos, tais como a Serra do Capivari, no Piauí, com suas grutas de arte rupestre; Brasília, com sua arquitetura; Ouro Preto, Salvador, São Luís, Paraty, Ilha Grande, Cataratas do Iguaçu, Amazônia, Fernando de Noronha, as chapadas dos Veadeiros e da Diamantina, o Pantanal, o Cerrado, as magníficas praias em toda a nossa costa e todo o legado histórico e cultural que esses lugares carregam. Tem também as cidades que são Patrimônio Histórico e os Parques Nacionais com suas inúmeras atrações, pouquíssimo conhecidas e difundidas.

Importante incluir os novos atrativos e os pouco explorados por brasileiros , como a pesca por Fly Fishing, nos rios da Amazônia, muito frequentada por norte-americanos; o Jalapão, os Lençóis Maranhenses, as praias de Kite Suf no Ceará, os Baixios, no litoral norte da Bahia e novos destinos como Olímpia, em SP, com seus parques temáticos que já atraem milhões de brasileiros; Gramado com suas inúmeras atrações, e diversos destinos de Enoturismo com um pujante conjunto de vinícolas no interior de São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul.

Na elaboração do inventário, deverá haver um grande esforço na captação das imagens, através de diversas formas como drones, fotos e filmes. Temos também o desafio de discutir com os melhores profissionais de mídia eletrônica e as outras sobre a escolha dos melhores meios para divulgação, sejam eles perfis no Instagram, redes sociais, portais na web, anúncios em TV aberta ou fechada. Na sequência, naturalmente, teremos a atualização de dados sobre os destinos e se agregarão informações sobre infraestrutura, hospedagem, gastronomia, transporte e atividades disponíveis.

É necessário dar esse conhecimento aos membros do Governo e do Legislativo, que formulam as discussões orçamentárias, para que eles possam dimensionar adequadamente os recursos e criar estratégias de promoção e desenvolvimento do Brasil turístico.
Uma ampla e criteriosa divulgação do inventário e potencial nacional permitirá aos agentes do setor e aos governos, nos três níveis, estimular a incremento de voos pelas companhias aéreas, auxiliar os operadores e investidores a terem acesso e prepararem novos pacotes turísticos de forma otimizada e organizada, definindo suas prioridades.

A falta de divulgação de nossos atrativos impede os milhares de turistas brasileiros de viajar pelo seu próprio país pois, por desconhecimento, estes acabam buscando experiências em terras estrangeiras.

É fundamental o Governo Federal olhar para a potência do turismo doméstico e investir na divulgação organizada e unificada dos diversos destinos deste País. Esperamos que o presidente Lula, quem criou o Ministério do Turismo em 2003, com a sua elevada responsabilidade, aproveite o momento e ainda coloque o Turismo na posição que merece nos planos e políticas públicas do seu Governo.

Por Marcelo Conde, Empresário e Presidente da Associação Rio Vamos Vencer

Por Jornal da República em 08/07/2023
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