O Brasil truculento anuncia vacinas brasileiras, mas falta talento para gerir a crise sanitária

O retrato de todo período da pandemia, é desastroso, subestima a boa-fé da população

O Brasil truculento anuncia vacinas brasileiras, mas falta talento para gerir a crise sanitária

Em meio ao recorde de 3.650 mortes por Covid-19, o Instituto Butantan anunciou na sexta-feira (26/3) o desenvolvimento e a produção-piloto da primeira vacina 100% brasileira contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2), a ButanVac. Em seguida a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que recebeu o pedido para autorização de estudo de uma vacina contra Covid-19, a Versamune, desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), em parceira com as empresas Farmacore e PDS Biotechnology, dos Estados Unidos. Em suma a primeira ainda está sendo desenvolvida, e a segunda vai ser estudada.  

O retrato de todo período da pandemia, é desastroso, subestima a boa-fé da população, que é compelida a toda sorte de métodos experimentais, até mesmo de violência, para obrigar o cumprimento de decisões dos estados das capitais e dos municípios, com total falta de lógica, métodos esses cumpridos por agentes truculentos autorizados a cometer até mesmo atos de barbárie contra cidadãos. 

No exterior 

O estudo sobre a desenvoltura do combate a pandemia no Brasil está sendo acompanhada pela editoria do jornal “Tribuna da Imprensa Digital”, e conta com assistência de renomados sanitaristas, pesquisas em revistas cientificas e gestores de crises institucionais. É com base nessas consultas que são elaboradas as matérias, a exemplo na edição de hoje. 

As fontes de publicações são as revistas: Science, o The New England Journal of Medicine, outra é a editora Rockefeller University Press. No Brasil a Fundação Oswaldo Cruz adota o fast track (um conjunto de procedimentos para agilizar o processo de avaliação editorial, revisão por pares e publicação de artigos aprovados sobre o tema). Recente três periódicos anunciaram a utilização deste fluxo especial para aprovação de trabalhos relacionados à pandemia de Covid-19: Conforme se pode constatar no: Cadernos de Saúde Pública, Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

A crise na saúde já existe no Brasil há muitas décadas. Na verdade, nunca tivemos uma atenção prioritária para esse importante segmento da vida do brasileiro. São os políticos que não se entendem, atuam pelo viés ideológico, politizam o tema, e desdenhando a vida da população. Para a classe política, e seus militantes ativistas, o confronto verbal e a batalha nas redes sociais é um meio para autopromoção de seus caciques políticos. Esse quadro avesso a realidade social é motivo de sérias observações no exterior.  

A escolha de “Sofia” 

Na edição de domingo do importante The New York Times saiu à seguinte manchete, A Collapse Foretold: How Brazil’s Covid-19 Outbreak Overwhelmed Hospitals. "É muito difícil a situação atual do país. Todo mundo é prioritário no momento. Vemos uma taxa altíssima de casos entre policiais, e professores precisando da vacinação para voltar à escola. Sem dúvida professores e policiais precisam ser priorizados, mas no ponto em que chegamos é uma 'escolha de Sofia' entre quem tem que ser vacinado antes", diz à BBC News Brasil Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI). 

O The New York Times, The Wall Street Journal e The Washington Post, além da agência de notícias americana Associated Press e da revista britânica The Economist, retratam hospitais lotados, o avanço da variante descoberta em Manaus, as falhas do governo Bolsonaro, o espalhamento de desinformação em torno de tratamentos sem eficácia, a exaustão dos profissionais de saúde e a escassez de oxigênio e medicamentos para intubação 

O governo federal já pagou despesas no total de R$ 509,1 bilhões em ações e investimentos relacionados ao combate à pandemia de coronavírus até dezembro de 2020. Os dados são do “Siga Brasil”, o portal da transparência relacionado à execução orçamentária, que é diariamente atualizado pela Consultoria de Orçamento do Senado.  

Os que lucram com a crise 

A pandemia se tornou um bom negócio para as operadoras de planos de saúde. Não só continuam operando no azul, a exemplo dos últimos anos, como viram o lucro aumentar ao longo de 2020, apesar da crise econômica e do aumento do desemprego, conforme dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS).  

A sociedade brasileira através da iniciativa privada vem pagando caro no estado epidêmico. Enquanto o serviço público, no judiciário, Congresso e empresas públicas, estados e municípios, os servidores “ficam em casa e recebem seu salário”. Ao passo que o trabalhador privado, desempregado, e os ativos, tiveram seus salários reduzidos por lei, e o servidores públicos se negaram a fazê-lo. A discriminação neste aspecto gerou um desconforto não apenas para o governo, que se mostra débil diante dessa postura, mas também para os que não têm sequer uma refeição caseira por dia. 

Especialistas consultados pelo EL PAÍS concordam que as medidas de isolamento social, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade médica para conter a curva de contágios de covid-19, fizeram com que as pessoas cancelassem exames, consultas médicas e cirurgias não essenciais.  

Em suma, as pessoas ficaram em casa para se proteger, gerando uma queda na demanda por serviços privados de saúde. Consequentemente, as operadoras desembolsaram menos para arcar com esses custos. 

Foto: Reprodução/Internet.

Editoria e texto: Roberto Monteiro Pinho /Fonte: The New York Times e BBC News, El PAÍS, Instituto Oswaldo Cruz, Siga Brasil, ANS, OMS  e Siga Brasil/Imagem: Portal Folha da Serra. 

 

Por Jornal da República em 29/03/2021
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