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À frente da Secretaria de Estado do Ambiente do Rio, começamos em 2008 a desenvolver o Projeto Iguaçu, Sarapuí e Botas, na Baixada Fluminense, sob a supervisão do professor Paulo Canedo, da UFRJ, que, com sua equipe, criou o programa.
Colocamos mais de R$ 300 milhões do fundo ambiental Fecam e conseguimos mais de R$ 200 milhões do Ministério das Cidades, do governo Lula, começando então um trabalho sério de relocar dezenas de milhares de pessoas que viviam literalmente em cima desses três rios.
Um trabalho muito complexo, porque para começar a dragar, tinha que relocar as pessoas, e não para um lugar distante do emprego, da creche, dos amigos. Fazíamos audiências públicas em estádios de futebol, junto com a Igreja progressista do saudoso padre Bruno. E depois de relocar as pessoas e dragar, você tinha que colocar nas margens algum equipamento, árvores ou uma ciclovia ou bancos de lazer, para aquilo não ser ocupado outra vez.
Então, trabalho caro, lento, complexo, que durou vários anos, até janeiro de 2014, quando nós saímos do governo. Com bastante dinheiro, muito tempo e muita participação dos moradores envolvidos, nós conseguimos relocar cerca de 40 mil pessoas. Mas o trabalho ficou pela metade, tinha que ser continuado. Ficou 10 anos parado.
Nas inundações aqui da Baixada, do início do ano, que morreu gente em Nova Iguaçu, em São João de Meriti, em Belford Roxo, se viu que alguns dos equipamentos que a gente tinha instalado, inclusive cinco bombas para puxar a água de alguns desses locais, três delas estavam paradas por falta de manutenção.
Bom, depois dessas inundações e tendo denunciado que um programa de prevenção sério estava parado, o governo estadual disse que ia retomar, e mandou uma conta de centenas de milhões de reais para o governo federal. Mas o que que aconteceu?
Não é só mandar uma conta. Qual é a equipe? Qual é o projeto? Por onde é que vai começar? Qual vai ser a base da licitação? Vão licitar por blocos ou todo ele?
Ou seja, o governo estadual não tem nada. Apenas disseram que querem centenas de milhões de reais para retomar aquilo que ficou dez anos parado. E é claro que, sem esses pré-requisitos, esse dinheiro não vai ser liberado.
Por Carlos MINC, decano da ALERJ, ex-ministro e Secretário de Meio Ambiente
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