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Qual o propósito da existência de metodologias e ferramentas de gestão de risco?
Se essa pergunta fosse feita a um grupo aleatório de pessoas, de diversas formações, muito provavelmente a imensa maioria responderia algo como: “o foco da gestão de riscos é prever e tratar grandes ameaças, problemas, perdas”.
Este é o primeiro engano que muitos cometem: a associação da gestão de riscos apenas aos aspectos negativos que cercam determinada atividade, plano ou projeto. De forma muito comum, um aspecto estrutural deste trabalho é totalmente ignorado: a adequada qualificação do que é um RISCO.
Riscos correspondem tanto a eventos negativos (ameaças e fraquezas), quanto aos positivos (oportunidades e forças), que permeiam a busca pelo alcance de um determinado objetivo, o qual por sua vez é a razão principal de um empreendimento em planejamento, ou já em curso.
O segundo engano está em associar a gestão de riscos a um processo exclusivo de prevenção dos aspectos negativos, deixando de lado ou não percebendo a utilidade destes métodos e ferramentas na busca por resultados superiores ao planejado (menor custo e/ou maior retorno), alcançados de maneira mais rápida do que o esperado, ou mesmo como ferramentas de alerta para reflexão permanente do objetivo principal (viabilidade e nível de interesse).
O terceiro e importante engano se resume a uma palavra: “grande”. Muitos acreditam que métodos de gestão de riscos precisam ser complexos e detalhados, exigindo, portanto, enorme dispêndio de recursos e energia para sua implementação. E se exigem este grande dispêndio, somente podem ser aplicáveis diante de objetivos e seus retornos proporcionais ao investimento previsto.
Por fim, um outro aspecto muito ignorado é a utilização da gestão de riscos como “bote salva vidas” diante de um grande naufrágio.
Na prática, dentro de uma metodologia efetiva de gestão de riscos, o mapeamento e definição do comumente chamado “Plano de Continuidade dos Negócios” corresponde a um conjunto de ações, recursos e processos que seriam acionados, diante de um evento de risco catastrófico ocorrido, o qual atingiria de forma direta as principais atividades de uma organização e/ou empreendimento.
O objetivo maior deste plano é, da forma mais breve possível, restabelecer as condições mínimas para retomada das atividades vitais forçosamente interrompidas.
Não confunda o empreendimento com o objetivo que o motivou a empreender!
O que é um empreendimento para você?
A aquisição de uma nova máquina para sua indústria? O desenvolvimento de um novo produto? A aquisição de uma nova unidade fabril ou a fusão com um antigo concorrente?
E se eu lhe dissesse que, considerando a máxima: “se tem objetivo relevante, o processo para alcançá-lo é um empreendimento”, a implementação de uma gestão em cibersegurança na sua organização, a implementação de um sistema de gestão da qualidade ou ainda a obtenção da aprovação cadastral em um grande cliente pode ser considerada um empreendimento? Você concordaria?
Para fins de aplicação de muitas metodologias de gestão de riscos, a existência de um “empreendimento” está associada à existência de um objetivo primário que justifique sua própria existência. Observe que, para cada empreendimento citado, existe, ao menos, um objetivo primário associado!
Porém, CUIDADO! Não confunda o empreendimento (o meio para atingir o objetivo), com o próprio objetivo. Neste ponto, será que seu objetivo primário seria “a aquisição de uma nova máquina” ou não seria “o aumento de produção e de receita em X%, com vistas a atender o aumento sazonal de demanda”?
Ou ainda, será que seu objetivo seria a “implementação da gestão em cibersegurança” ou não seria “mitigar os riscos de sanções, diante da recém aprovada lei de proteção e privacidade de dados”?
Por que identificar com clareza o objetivo é importante? A identificação do objetivo correto será determinante para uma adequada avaliação de viabilidade dos resultados almejados, bem como, para identificação dos eventos de riscos que representam barreiras (eventos negativos) ou facilitadores (eventos positivos) para o alcance dos próprios objetivos.
O grande salto para agregar valor e produtividade a qualquer empreendimento a partir da gestão de riscos
Como já citado, há uma percepção majoritária do mercado de que a gestão de riscos é algo estratégico e que só pode ser aplicada em grandes ações corporativas das organizações de maior porte.
O superdimensionamento da complexidade dos métodos de gestão de riscos e o desconhecimento da existência de modelos e ferramentas simplificadas, aderentes, flexíveis e igualmente efetivas destes mesmos modelos, são as causas deste tipo de percepção.
Em muitas situações, ignora-se completamente que mesmo micro projetos podem (e devem) ser conduzidos com base em um modelo de gestão de riscos.
Vou fazer uma analogia com as decisões da nossa carreira. Se você mora em uma determinada área da cidade e pretende evoluir na sua carreira e conseguir, talvez, um emprego melhor ou uma evolução profissional, talvez precise sair de onde está, ir para outro local da cidade.
O que normalmente você pensaria primeiro?
Que precisará vender a casa que possui ou que precisará verificar se o local desejado oferece serviços e educação adequada aos seus filhos, por exemplo.
Ou ainda, se os custos de transporte no local desejado serão menores, proporcionando melhor gestão do seu orçamento. Esse é o processo.
O seu projeto, que tem como objetivo conseguir um emprego melhor, tem riscos que precisam ser avaliados para que o objetivo seja alcançado.
O ponto é: quando as questões são pessoais, instintivamente nós avaliamos os riscos de forma natural e sem perceber a importância deste processo para o “conjunto da obra”.
Agora, imagine a importância desse tema para o mundo corporativo, naturalmente mais complexo e dinâmico?
Como avaliar e manter sob controle o atendimento a requisitos legais ou contratuais que sua empresa deve cumprir, diante de um novo contrato ou nova lei vigente, por exemplo? E ainda, como seguir nesta direção, levando-se em conta as mudanças de seu próprio mercado e estrutura da empresa? A gestão de riscos precisa ser uma solução de continuidade na criação de valor!
1- Como avaliar, com clareza, se seu objetivo primário é e mantém-se viável?
2- Qual a condição atual para que o seu objetivo seja exequível? E se o cenário mudar?
3- O prazo é e permanece exequível, diante do ritmo disponível para emprego de recursos?
4- Quais alternativas existem para desviar de barreiras e dificuldades latentes?
A clareza, transparência e segurança de suas ações na direção de um determinado objetivo, passa necessariamente pela identificação, qualificação e domínio das variáveis que cercam qualquer empreendimento, com base em metodologias específicas de gestão de riscos.
Sua capacidade e interesse em valorizar este processo serão determinantes para o sucesso do seu empreendimento, independente da sua grandeza, com o consequente ganho de valor e/ou produtividade a partir de qualquer iniciativa.
O “grande salto” para otimização de valor, a partir da gestão de riscos e para qualquer empreendimento, está diretamente relacionado ao conhecimento de causa da flexibilidade disponível para o seu próprio emprego.
Quanto maior o domínio do método, maior o leque de opções que levam a uma flexibilização de sua utilização, porém sem perda de efetividade. Para isso, deve-se levar em conta a melhor relação “custo x benefício” correspondente a cada realidade encontrada, e as opções existentes.
Portanto, se você foi capaz de perceber a importância da gestão de riscos para o seu universo corporativo, e ficou curioso em saber quais os métodos existem, e quais as opções para que sejam empregados de acordo com o meu tamanho, tamanho dos meus projetos, e proporção dos meus objetivos, muito provavelmente seja a hora de buscar soluções práticas e que sejam capazes de lhe apoiar na criação efetiva de valor.
Por Tiago Martins
Engenheiro de Produção; Pós Graduado em Gestão Financeira, Economia e Gestão da Sustentabilidade; Certificado em Gestão de Riscos pela Universidade de Toronto/Canadá; Conselheiro Consultivo Certificado pela CELINTBRA; especialista em sistemas de gestão, e na construção de modelos inovadores de certificação e de avaliação de conformidade
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