O 'imprendível' Bolsonaro pode se juntar a galeria e ser 8º ex-presidentes preso no Brasil

O 'imprendível' Bolsonaro pode se juntar a galeria e ser 8º ex-presidentes preso no Brasil

Em um cenário que mais parece arrancado das páginas de um romance distópico, onde a realidade supera a ficção em sua audácia, a figura de Jair Bolsonaro emerge como um protagonista controverso, cuja sombra se estende muito além de seu mandato presidencial. "O imprendível" Bolsonaro, como podemos passar a chamá-lo, navega nas turbulentas águas da política brasileira com uma habilidade que desafia tanto a lógica quanto a lei.

Suspeitos de participarem do planejamento de um golpe de Estado em 8 de janeiro foram presos preventivamente, uma ação que, embora necessária, lança luz sobre a complexidade e a gravidade das acusações que pairam sobre o ex-presidente. A Polícia Federal, com seu meticuloso conjunto probatório, tece uma rede em que Bolsonaro parece estar inextricavelmente preso. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF), em uma postura que revela tanto cautela quanto cálculo, opta por não ordenar a prisão de Bolsonaro neste momento.

A decisão de não prender Bolsonaro preventivamente, optando ao invés disso por confiscar seu passaporte e restringir sua comunicação com outros investigados, é uma manobra que busca evitar comoção nacional. Mas é também um reflexo da complexidade do jogo político, onde cada movimento é calculado para evitar o caos enquanto se busca a justiça.

A expectativa de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente em breve uma denúncia formal contra Bolsonaro perante o STF é um prelúdio de uma batalha legal de proporções épicas. Esta ação penal não apenas colocará Bolsonaro na posição de réu, mas também marcará o início de uma nova fase de apurações que poderá culminar em seu julgamento final. A possibilidade de condenação e prisão é real, mas o caminho até lá é longo e tortuoso.

Até o momento, o foco do STF tem sido nos executores da tentativa de golpe de Estado, com os idealizadores dos atos antidemocráticos permanecendo em grande parte nas sombras. As primeiras condenações, com penas de até 17 anos de prisão, são um claro indicativo de que não haverá leniência. No entanto, a verdadeira prova do compromisso do Brasil com a democracia será a maneira como lidará com aqueles que orquestraram os eventos, aqueles que, como Bolsonaro, são vistos por alguns como "imprendíveis".

O relatório da Polícia Federal que detalha a convocação de uma reunião por Bolsonaro para planejar a disseminação de notícias falsas com o objetivo de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, além da recepção e revisão da chamada "minuta do golpe", são evidências de uma trama que parece ser digna de um thriller político. A intenção de prender ministros do STF, o monitoramento de figuras-chave e a sombria possibilidade de que essa vigilância continue, são elementos de uma narrativa que o Brasil e o mundo observam com uma mistura de incredulidade e preocupação.

Em meio a tudo isso, Bolsonaro permanece uma figura enigmática e divisiva. "O imprendível" pode muito bem ser uma descrição apta, não apenas de sua capacidade de evitar consequências legais até o momento, mas também de sua influência persistente na política brasileira. No entanto, a verdadeira questão é: até quando?

Conheça os sete ex-presidentes brasileiros que já foram presos

Bolsonaro, tem chances real de se juntar a outros a galeria que fazem parte 7 Presidentes.

Conheça a seguir um pouco mais da história do nosso país.

Orlando Britto/Divulgação

 

 

 

 

 

 

Michel Temer (2019)

Michel Miguel Elias Temer Lulia (MDB) foi preso pela operação Lava Jato do Rio de Janeiro no dia 21 de março de 2019. Ele foi detido em São Paulo, onde reside, e foi levado para o Rio de Janeiro, sob mandado de prisão expedido pelo juiz Marcelo Bretas. Seu nome foi citado pelo delator José Antunes Sobrinho, dono da Engeviz, que confessou ter repassado 1 milhão de reais em propina a Coronel Lima, militar amigo de Temer e do ex-ministro Moreira Franco (MDB), que também foi preso na mesma operação e é sogro de Rodrigo Maia (DEM). Além disso, Temer é alvo de dez inquéritos. Formado em Direito, Michel Temer governou o Brasil após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), entre 31 de agosto de 2016 e 31 de dezembro de 2018

Ricardo Stuckert/Agência Brasil

Lula (2018)

No dia 7 de abril de 2018, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi preso, em Curitiba, por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Condenado em dois processos que, somados, totalizam 25 anos de sentença, o ex-presidente foi solto, suas condenações anuladas e voltou a ser eleito presidente. Lula governou o país entre 1º de janeiro de 2003 e 31 de dezembro de 2010, sendo sucedido pela presidente Dilma Rousseff (PT). O presidente foi também um metalúrgico e sindicalista que atuou inicialmente na região do ABC paulista. Entre as marcas do seu governo, estão os programas Bolsa Família e Fome Zero, políticas de combate à miséria e à fome no Brasil

Divulgação Presidência da República

Juscelino Kubitschek (1967)

JK, como ficou conhecido, governou o Brasil de 1956 a 1961. Médico e mineiro, Juscelino chegou a ser prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas Gerais antes de se tornar presidente da República. Como presidente, ficou conhecido pela sua campanha "50 anos em 5", programa de desenvolvimento econômico. JK também foi responsável pela construção da nova sede da capital federal, em Brasília. Após o golpe militar de 1964, foi acusado de corrupção e aliança com comunistas e teve seus direitos políticos suspensos. Em 1967, participou da Frente Ampla pela volta da democracia no Brasil, então foi levado à prisão, onde permaneceu por alguns dias até que foi conduzido para seu apartamento, permanecendo em prisão domiciliar

Divulgação Presidência da República

Café Filho (1954)

João Fernandes Café Filho era vice-presidente na época em que Getúlio Vargas cometeu suicídio, em 1954, o que o levou a assumir a presidência. Um ano depois, Café Filho sofreu um ataque cardíaco que o afastou de seu cargo. Porém, quando estava prestes a voltar à presidência, foi cercado por um grupo militar em seu apartamento. Os militares pediam a posse de Juscelino Kubitschek. Assim, Café Filho permaneceu preso em sua própria casa até que o STF confirmasse o pedido de renúncia do então presidente, o que assegurava a posse de JK

Divulgação Presidência da República

Artur Bernardes (1932)

Artur Bernardes foi o 12º presidente do Brasil, entre 1922 e 1926. Nascido em Minas Gerais, Bernardes sofreu forte oposição ao ser eleito, o que gerou o Levante do Forte de Copacabana e o início do movimento tenentista. Uma das marcas de seu governo foi o início da siderurgia, na região de Minas. Em 1932, já como ex-presidente, apoiou a Revolução Constitucionalista, em São Paulo, que tentava acabar com o governo de Getúlio Vargas. Bernardes foi preso em setembro do mesmo ano, partindo para o exílio em Portugal, onde permaneceu por um ano e meio

 

Divulgação Presidência da República

Washington Luiz (1930)

Último presidente do período da República Velha, Washington Luiz governou de 1926 a 1930, quando sofreu um golpe de estado liderado por Getúlio Vargas e foi levado preso para o Forte de Copacabana. O ex-presidente partiu para exílio na Europa e nunca mais atuou na política. Seu governo viveu um período de grande instabilidade econômica, principalmente com a queda da Bolsa de Valores de Nova York, que gerou grande conturbação em todo o mundo

Divulgação Presidência da República

Hermes da Fonseca (1922)

O Marechal Hermes da Fonseca foi o 8º presidente da República, de 1910 a 1914, uma época de muitos conflitos no país. Logo no primeiro ano do seu mandato, o ex-governante enfrentou a Revolta da Chibata, um levante de militares da Marinha que pediam o fim do uso de chibatas em seu ambiente de trabalho. Em 1922, já como ex-presidente, Hermes da Fonseca teve ordem de prisão decretada pelo presidente da época, Epitácio Pessoa. O motivo: Hermes da Fonseca criticou uma medida de intervenção federal em Pernambuco. Além de sua prisão, também foi fechado o Clube Militar, o que gerou uma comoção entre os militares, que resultaria no movimento da Revolta dos 18 do forte, ainda em 1922.

Fonte e fotos: Uol, Presidência da República, Redes Sociais

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Por Jornal da República em 23/03/2024
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