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Se você está lendo esta coluna, você provavelmente tem uma entre as seguintes visões: o MBL é um movimento fascista, elitista e ultra-direitista; o MBL é um movimento da falsa direita - a New Left -; ou que somos, atualmente, o último bastião da decência e moralidade que restou na direita brasileira. Embora eu discorde das três visões, consigo entender o surgimento de cada uma delas.
A primeira visão surgiu nas manifestações entre 2014 e 2016, momento em que o governo Dilma estava sofrendo forte pressão até culminar no impeachment. Para o PT e seus fiéis seguidores, o único governo legítimo que existe é o que eles mesmos chefiam (note que pode ser feito um paralelo com os bolsonaristas nos quartéis de hoje). Como o nosso movimento surgiunaquele período histórico, ele só poderia ser fascista - já que derrubou uma presidente eleita -, elitista - pois o PT é o único partido que ajuda os pobres - e ultra-direitista - bom, ele é de direita, e dizer "ultra" dá um charme a mais durante o combate.
Nossa segunda identidade coletiva nos foi dada entre 2019 e 2021, quando nos desvinculamos totalmente do governo Bolsonaro por conta de sua vontade golpista e traições às nossas pautas. Mesmo que só tenhamos apoiado Bolsonaro apenas no segundo turno de 2018 (quando nossos membros já estavam eleitos), dizem os bolsonaristas que surfamos na onda deles e que muito devemos a eles. Partilhamos do mesmo sentimento anti-petista que eles, mas temos valores inegociáveis. Por isso, ganhamos o apelido carinhoso de "New Left".
A última perspectiva surge agora, no final de 2022, quando Lula ganha as eleições e os eleitores do "nem-nem" finalmente acordaram para o pesadelo que irá nos assolar neste futuro próximo. Bom, antes tarde do que nunca, né? Vendo que todas as figuras que eram tidas com heróicas para o futuro do Brasil - Sérgio Moro e o lava-jatismo; Partido NOVO e o liberalismo; e até Simone Tebet e sua estabilidade - se submeteram ou ao bolsonarismo, ou ao petismo, os eleitores começaram a procurar algum pilar que sobreviveu à essa avalanche que foram as eleições. Encontraram o MBL, único movimento independente que não diminuiu de tamanho. Aliás, irá aumentar.
Se você realmente quer saber o que nosso movimento representa, precisa colocar suas vontades de lado para enxergar de fato. Como você pôde ver, cada uma das visões acima surgiu ao longo de oito anos de história. Ainda, cada uma surgiu num momento específico e ignorou as outras. Como podemos ser ultra-direitistas e fascistas se rompemos com o bolsonarismo na primeira oportunidade de apoiarmos alguma sanha golpista? Como podemos ser "New left" se fomos o grupo de desajustados que mais trabalhou e militou contra os governos da Dilma? Por fim, como podemos ser o seu último bastião se você não conhece nossa história?
Três pontos são principais para se iniciar no entendimento do que é o MBL. A Lealdade já foi posta ao exame do tempo diversas vezes: todos os traidores da causa do movimento foram expulsos e toda vez que um membro passou algum aperto, seus colegas estavam lá para ajudá-lo. Temos exemplos públicos: Renan Santos e a falsa acusação de lavagem de dinheiro, Kim Kataguiri e associação ao nazismo e Arthur do Val e seus infames áudios. Nenhum deles foi abandonado pelos seus irmãos de batalha.
O segundo ponto é a revolta, inata ao movimento. O MBL surgiu em um contexto de revolta popular genuína e ele se mantém com essa chama acesa até hoje. Não é pelo governo atual ser de direita que ele se aquietou. O combate incessante contra as injustiças morais e sociais continuou e continuará até o fim da história do movimento. Há prova maior desse atributo do que ter se desvinculado da maior figura da direita e, como consequência, perder 58 milhões de eleitores por termos lealdade aos nossos valores?
Por fim, algo que se refere a nossa segunda coluna: a capacidade de aglutinar em um mesmo local pessoas de origens e ideologias tão distintas. O "Todos a Bordo" sempre esteve conosco. Membros ricos, de classe média, pobres, homens, mulheres, pretos, brancos, liberais, desenvolvimentistas, conservadores, uma pitada de progressismo, tradicionalistas, católicos, evangélicos, muçulmanos, ateus, héteros, homo, bi... O potencial agregador do MBL é enorme. Tanto é verdade que a última perspectiva que abordamos nos consagrou como o último bastião por pessoas e políticos de vários grupos, do PDT ao NOVO.
O MBL é isso: ser leal à causa e aos seus irmãos. É não se submeter a outras causas e não perder a capacidade de se revoltar. É se revoltar e ser capaz de mobilizar os outros para o combate. É combater tendo a certeza que aqueles à sua volta darão o sangue pelo objetivo. É ter como objetivo um Brasil livre de corrupção, de privilégios, de imposições injustas, de populismo, de políticos que não pensem em nosso país. Não nos submetemos a outros projetos de poder. Nós temos o nosso e sabemos que ele é o melhor para o Brasil. E é por isso que não acredito que “atualmente” somos o último bastião: nós sempre fomos.
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