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Por PAULO LOPES - jornalista
A inteligência artificial ChatGPT é a sensação do momento. Como muita gente, fiz uma experiência, pedi que escrevesse um artigo sobre a evolução do ateísmo no Brasil, um tema que acompanho. Veja o que algorítimo me apresentou em segundos.
A evolução do ateísmo no Brasil tem sido marcada por mudanças sociais e culturais ao longo dos últimos anos. Embora o país tenha uma forte tradição religiosa, com a maioria da população se identificando como cristã, há crescente interesse na filosofia não-religiosa. De acordo com pesquisas recentes, cerca de 22% da população brasileira se identifica como não religiosa ou ateia.
“Uma das principais razões para essa mudança tem sido a crescente popularidade das teorias científicas e da racionalidade. Com a disseminação da internet e do acesso a informação, muitos brasileiros estão descobrindo as ideias do ateísmo e questionando as crenças religiosas. Além disso, a influência dos movimentos de direitos humanos e da luta contra a discriminação também tem sido um fator importante na evolução do ateísmo no país.
No entanto, ainda há muito preconceito e estereótipos negativos em relação aos ateus no Brasil. Muitos ainda acreditam que o ateísmo é uma ameaça à sociedade ou que os ateus são pessoas sem valores ou moral. Para combater esses estereótipos, grupos ateus estão se unindo e se organizando para lutar pela igualdade de direitos e pelo fim da discriminação.
Ao mesmo tempo, muitos líderes religiosos estão buscando se adaptar às mudanças sociais e se comunicar de maneira mais efetiva com a juventude. Isso inclui a utilização de novas tecnologias, como mídias sociais, para disseminar suas mensagens e alcançar um público mais amplo.
Em resumo, a evolução do ateísmo no Brasil é uma expressão da crescente busca por informação, racionalidade e igualdade de direitos na sociedade. Embora ainda haja desafios a serem enfrentados, o ateísmo está se tornando cada vez mais aceito e reconhecido como uma filosofia legítima e valiosa.”
O ChatGPT me impressionou pelo encadeamento das informações, há uma linha de raciocínio, e pelo português razoável, mas burocrático. Parece ter sido expedido por uma repartição pública. Contém erros, como “não-religiosa” com hífen, que caiu com a reforma ortográfica de 2006. Falta crase em “acesso a informação”. Um corretor de texto colocaria a acentuação.
O conteúdo do texto é um desastre, não tem credibilidade. Não dá para publicá-lo como informação jornalística porque não cita as fontes das informações, apenas “pesquisas recentes”, o que é vago, e apresenta imprecisões.
Com base em banco com dados alimentado até 2021, o texto do ChatGPT contém imprecisão logo no primeiro parágrafo. Diz: “(...) cerca de 22% da população brasileira se identifica como não religiosa ou ateia”.
De onde surgiram esses 22%? De qual pesquisa? E não é possível atribuir o mesmo percentual dos sem religião aos ateus, mesmo que seja com o indicativo alternativo “ou”.
Os ateus brasileiros são poucos, não dá para compará-los com as pessoas não religiosas (as quais, aliás, incluem quem não crê em deuses), cuja representatividade na população está se expandindo rapidamente.
É correto afirmar que há preconceitos contra os ateus — sempre houve. Mas não é verdade que grupos ateus estão se unindo para exigir igualdade de direitos. A IA se alimentou de informação velha. Há uns 10 anos, quando os chamados novos ateus estavam sob holofotes, houve sim uma tentativa de união de ateístas brasileiros, mas fracassou por falta de liderança.
O ChatGPT seria reprovado em uma prova sobre o ateísmo no Brasil. Não é um mecanismo confiável, porque pode ser usado para gerar fake news, negacionismo e teorias de conspiração, informa o New York Times.
Contudo, não devemos subestimá-lo, porque se trata ainda de bebezinho, mas com a capacidade de ingerir todas as informações disponíveis, literalmente e aprender com seus próprios erros.
Como outros algoritmos de rede neural, o GPT vai crescer, virar gigante e talvez se tornar um monstro, mas esta é outra questão.
> Com informação do ChatGPT.
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