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O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), recuou, na tarde desta terça-feira (2), sobre a concessão da Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mais conhecida como Feira de São Cristóvão, em reunião com líderes do movimento contrário à privatização do local. Paes se reuniu, por volta das 15h, com seis feirantes, além do subprefeito do Centro do Rio, Alberto Szafran, e o presidente da RioTur, Ronnie Costa.
"Eu queria pedir desculpas pois o diálogo de antes foi muito ruim, o pessoal que eu botei para dialogar [com os comerciantes] não fez as conversas e alertas necessários. Diante disso, foi importante vocês virem aqui hoje. Vamos suspender a história da concessão", disse em reunião com os representantes.
Paes garantiu ainda que tomará as decisões sobre o futuro da Feira em comum acordo com os comerciantes. Ao fim do encontro, ele designou o subprefeito do Centro e o presidente da RioTur como porta-vozes das tomadas de decisões daqui para frente. "Eles vão conversar com comerciantes, feirantes e vamos chegar em um melhor modelo. É um absurdo deixar vocês nessa insegurança, o diálogo deverá ser feito", afirmou.
A decisão foi comemorada pelos representantes da comissão da Feira. Um dos advogados da Feira, Luiz Mário Fernandes, destacou que o encontro com o prefeito teve um saldo positivo e que agora eles também terão voz. "O prefeito se comprometeu em imediatamente suspender o processo de licitação que está em curso e instituiu uma comissão para vir à feira dialogar, ouvir o feirante, debater qual o melhor modelo que o feirante pretende e tudo o que a gente precisa para melhorar o espaço. Ele [Paes] também se comprometeu com o feirante em buscar uma solução de comum acordo que agrade e agregue mais à feira", disse.
Luiz Mário também destacou que o recuo na concessão não garante que não haverá mais processo de licitação futuramente, mas que agora todas as decisões serão tomadas em conjunto com a comissão do Centro Nordestino. "É ainda um processo que será debatido junto à comissão que o prefeito designou. Mas, nossa posição é firme e contrária à concessão da forma como ia ser feita", garantiu.
Desde a manhã, um grupo com cerca de 100 pessoas, entre comerciantes e funcionários, saíram da Feira e caminhou até a sede da prefeitura, na Cidade Novo. Entre as reivindicações estava a revitalização do local, ao invés da privatização. Os feirante cobraram explicações da prefeitura sobre o edital de licitação, publicado no último dia 20 de abril.
Pelo documento, a empresa escolhida deveria investir R$ 97 milhões em intervenções durante dois anos e meio para renovar a estrutura do imóvel, o estacionamento e a praça em que está localizado. Ao todo seriam 82 mil m² de área revitalizada com investimento privado. A empresa vencedora também poderia gerir por 35 anos o tradicional polo nordestino.
Luiz Carlos Santos, presidente da comissão de feirantes, teme pela descaracterização do espaço cultural após a entrada de uma gestão privada. "Querem vender a nossa feira e tirar a característica nordestina. Com mais de 78 anos de tradição, isso é um desastre para mais de 5 mil famílias que tiram seu sustento daqui. Hoje, nós não sabemos para onde vamos”, afirma.
Maria da Guia, representante dos feirantes, afirma que a privatização irá afetar a cultura e a origem do povo nordestino. "Nesse momento estão querendo colocar nossa cultura no lixo e nós não vamos deixar. A Feira de São Cristóvão não está para negócio. A gente construiu esta feira e agora estão querendo nos expulsar. Lutem pela nossa origem", completa Maria, indignada. (Do Jornal O Dia)
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