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A publicação do historiador e acadêmico de jornalismo Paulo Jorge, resgata material do Jornal Última Hora - Edição 11183 - Ano de 1984 - Pesquisa Biblioteca Nacional:
Nos anos 80, o governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola lançou o programa "AS ÁGUAS VÃO ROLAR", onde a intenção do governante era levar água potável a diversas comunidades e bairros ainda sem saneamento.
Mas quem disse que a comunidade de Manguinhos ficou sem água? Bastou uma chuva que o Faria Timbó fez o programa funcionar bem. Na reportagens vemos crianças brincando as águas do Rio pós uma chuva típica da cidade".
Sobre o governo Brizola (1983/87), a política de urbanização começa a se formar e a partir de 1992, quando surge o Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro, que se consolidou a idéia de integração das favelas à cidade com a criação da SMH - Secretaria Municipal de Habitação (1993), e o PROAP - Programa de Urbanização de Assentamentos Populares do Rio de Janeiro.
Não existe política de transformação da favela em bairro, o único que avançou bem para a época, foi o prefeito Cesar Maia (1993/97), com o programa que tinha justamente esse nome: Favela Bairro, idealizado pelo arquiteto Luiz Paulo Conde, então Secretário Municipal de Urbanismo. O programa tinha como objetivo melhorar as condições de vida nas favelas, com mapeamento de riscos da área e construções, aplicação de normas de acessibilidade e realização de obras de infraestrutura.
Na gestão do prefeito Luiz Paulo Conde (1997-2000), houve parceria da Prefeitura do Rio com o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento que viabilizou a expansão do Favela-Bairro, com a criação do POUSO - Postos de Orientação Urbanística (1996), com finalidade de orientar os moradores no processo de construção e organização do espaço.
No populismo sobre o discurso atual de favela, o Deputado Federal - Max Lemos, que é recém chegado do PDT/RJ, articulou e está presidindo a Frente Parlamentar das Favelas e tem como proposta: construir um programa de Estado para gerar melhores condições de infraestrutura para as favelas e viabilizar título de propriedade para comunidade de ocupação.
Pragmáticamente nesse seguimento de favela, tem muita ação populista com pouca ou nenhuma vontade de dar solução definitiva para o problema e periodicamente se faz um pouco aqui e outro alí, para justificar grandes gastos sem resultado e soluções definitivas. Já se passaram 39 anos sem nenhuma preocupação em conter as ocupações desordenadas, que invadem áreas de riscos, avancam no desmatamento e utilizam em suas construções, às "técnicas de João de Barro", em prédios que chegam ter mais de 5 andares, escorados uns aos outros formando um grande cinturão urbano.
A solução definitiva para as favelas, fica por conta da aplicação de programa que as transforme em Bairros, com investimentos de obras de infraestrutura para construção de conjuntos habitacionais, que abra espaço para urbanização de ruas e praças, com aplicação de normas de acessibilidade, que se aplique reflorestamento e contenção de encostas nas áreas de riscos, assim como, sistema de saneamento com construções de galerias de águas pluviais e esgoto, ligadas nos bairros respectivamente através dos piscinões e ETE - estações de tratamento de esgotos.
Enquanto isso, os políticos aplicam mal o dinheiro do povo e fazem obras superfaturadas e de maquiagem para fins eleitorais. Em paralelo as condições climáticas atuais aumentaram estão aumentando o volume de chuva e o resultado disso em breve será a de uma catástrofe com possível grande desmoronamento de favela.
Matéria: Fernando Annibolete
Foto: Paulo Jorge em pesquisa na Biblioteca Nacional.
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