Pesquisador explica picaretagem na Eletrobrás na antecipação de pagamentos à Conta de Desenvolvimento Energético

"Proposta de antecipação engana o consumidor, dando a ele com uma mão aquilo que já está previsto que será retirado dele com a outra", explica Ronaldo Bicalho

Pesquisador explica picaretagem na Eletrobrás na antecipação de pagamentos à Conta de Desenvolvimento Energético

247 - Em artigo publicado no site do Instituto Ilumina, o pesquisador da UFRJ Ronaldo Bicalho criticou as notícias sobre uma possível trégua entre o Governo e a Eletrobrás a partir da antecipação de pagamentos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) - tais pagamentos  seriam relativos à contrapartida do aumento da tarifa de energia elétrica que virá da mudança do regime de comercialização de cotas para preço de mercado advinda da privatização da empresa.

De acordo com Bicalho, "a primeira questão que se deve ter em mente quando se discute a possibilidade de antecipação desses recursos associados à descotização é que eles estão relacionados à tentativa de amenizar um aumento de tarifas que virá inevitavelmente do próprio processo de descotização. Em consequência, a própria existência desses recursos está ligada a esses aumentos futuros e foram concebidos para fazer face a esses aumentos futuros".

"Usar esses recursos para fazer face a pressões de custos, passadas e presentes, que nada tem a ver com as pressões futuras reais associadas à descotização é simplesmente despir um santo para cobrir um outro. É simplesmente pegar o dinheiro destinado a pagar a mensalidade da escola das crianças e gastar no supermercado. E o pior é achar que está tudo bem e que depois a gente resolve", acrescenta o especialista e diretor do Instituto Ilumina.

Bicalho ainda explicou que o governo de Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, antecipou cinco bilhões de Reais, dos 32 bilhões, à CDE, para reduzir as tarifas em ano eleitoral, e afirmou que "essa proposta de antecipação engana o consumidor, dando a ele com uma mão aquilo que já está previsto que será retirado dele com a outra".

"Associar, então, essa antecipação à desistência do Governo à luta contra uma privatização espúria é um despropósito nascido da ignorância ou da má fé de determinados personagens que arrastam as suas correntes no cenário tenebroso do setor elétrico brasileiro atual. Se querem realmente discutir à vera, vamos colocar na roda a própria descotização. Vamos, de fato, respeitar os contratos. Façamos o seguinte, a Eletrobras pode ficar com os seus 32 bilhões em troca de não rolar a descotização. Essas tristes figuras ficam com os seus bilhões e o povo brasileiro fica com a energia barata", propôs o pesquisador.

"O resto é picaretagem", concluiu. Leia o texto completo clicando aqui.

Por Jornal da República em 10/07/2023
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