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A eleição para governador do Rio de Janeiro de 1982 estava sendo fraudada para beneficiar o candidato a governador Moreira Franco e derrotar Leonel Brizola. O escândalo ficou conhecido como “Caso Proconsult”, nome da empresa contratada pelo TRE para contar os votos.
Os acontecimentos marcaram as eleições diretas para governador do Estado do Rio de Janeiro em 1982, inicialmente por serem as primeiras realizadas para o cargo desde 1965, quando foram proibidas pelo regime que tomou o poder no ano anterior e instalou a Ditadura no país.
A empresa Proconsult, contratada pelo Tribunal Regional Eleitoral para a totalização eletrônica dos votos depositados nas urnas, se tornou visível, frente a atuação fraudulenta, dita pelos responsáveis por “erro de informatização”, mas foras esses erros que suscitaram fortes suspeitas de tentativa de fraude eleitoral, sobretudo na fase de apuração dos resultados, num cenário marcado pela polarização entre o candidato do partido que representava o regime (Moreira Franco, PDS) e Leonel Brizola (PDT), adversário dos militares que retornara três anos antes do exílio, beneficiando-se da Lei da Anistia.
Foi um período em que ocorreu a construção de novos partidos e as candidaturas que os representaram, tendo como palco a atuação dos dois principais jornais cariocas à época – Jornal do Brasil e O Globo – e a Rádio Jornal do Brasil e a TV Globo. Na época ocorreu exatamente o que os estudiosos grifam: “um incidente que aguçaram as suspeitas do jogo eleitoral”. O posicionamento divergente de ambos, tanto na campanha quanto na apuração, trouxe elementos vitais da pesquisa.
15 DE NOVEMBRO DE 1982/UMA ELEIÇÃO PARA SER LEMBRADA
Caso Proconsult:
Sem dúvida as eleições de 1982 foi um passo importante no processo de redemocratização do país, no bojo do governo militar, de João Baptista Figueiredo, abrindo caminho para que governadores voltassem a ser eleitos pela via direta. No Rio de Janeiro, venceu Leonel Brizola, cuja bagagem, alavancada pela sua atuação irretocável como governador do Estado do Rio Grande dos Sul, e já de retorno ao país, beneficiado pela anistia em 1979.
O problema é que habituados a “jogar sujo nas eleições” lideranças políticas - possivelmente nos bastidores, apostaram na fraude como forma de chegar ao poder constituído. E foi quando surgiu o “Caso Proconsult”, nome da empresa de informática contratada pela Justiça Eleitoral fluminense para processar a apuração dos votos, e que se prestou “vender resultados”, traindo impiedosamente o processo democrático do voto livre, em troca de propina, conforme foi apurado no processo, que hoje se encontra arquivado, blindado e esquecido.
As eleições de 1982 se caracterizou em um novo patamar de participação coletiva, num pleito amplo reunindo governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores. A máquina da Justiça Eleitoral não estava deveras preparada. Foi uma experiência nova na apuração, porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidira informatizar a fase final de contagem dos votos. Muitos estados contrataram, para isso, os serviços do Serpro, empresa estatal, mas o Rio de Janeiro preferiu a Proconsult & Racimec Associados, firma privada.
O lento andamento da apuração nos primeiros dias e métodos diferentes de acompanhamento da totalização dos votos seguidos por meios de comunicação cariocas, amplificados por uma visão conspiratória, tornaram O GLOBO e a TV Globo alvo de acusações de participarem de uma “fraude” para impedir a vitória de Brizola. A imprensa dos coronéis da comunicação, ficou explicita nesta eleição e assim permanece até, embora com novos personagens do universo eletrônico.
Por: Roberto Monteiro Pinho/Núcleo: ANIBRPress/Imagem: Internet.
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